Dalton Mello de Andrade

Tempos houve em que a resposta “tudo azul” para a pergunta de “como vão as coisas” era normal. Essa resposta representava, de certo modo, como andava o país.

Essa cor vem variando ao longo dos anos. Deixou de ser azul celeste, o que foi por algum tempo, foi escurecendo, azulava e escurecia de novo. Em alguns anos antes do regime militar, essas cores ficaram muito escuras. Clarearam um pouco com os soldados, mas escureceram muito com o nacionalismo arcaico de Geisel e o seu estatismo. Pioraram, e muito, com a incompetência dos novos governos civis, e escureceram de vez com os desmandos de Collor.

Itamar trouxe novas esperanças. Seu modo de pensar já estava superado, como demonstrou depois ao assumir o governo de Minas. Mas, a situação era tão grave que foi obrigado a buscar uma saída. Trouxe FHC para o ministério da Fazenda, cuja visão moderna gerou o Plano Real, e o céu começou a azular.

Infelizmente, sombras vermelhas surgiam no horizonte. Essas sombras assombraram tanto o país que, só com a ameaça de sua possível ascensão ao poder, as coisas começaram a ficar roxas, caminho do preto. As circunstancias geraram promessas de tinturas claras, que asseguraram ao vermelho a conquista do poder. Durante algum tempo, cumpriram o prometido e as cores, se não totalmente azuis, também não foram tão arroxeadas.

Ainda antes de terminar o primeiro governo avermelhado, o vermelhão começou a se impor e a coloração antes azulada, embora já não mais celeste, começou a ficar roxa, cada vez mais roxa, e hoje temos só escuridão à nossa frente.

Que se acentuou nos últimos tempos. Ficaram pretas. Pior, por trás dessa escuridão se esconderam as cores pardas dos assaltos à coisa pública, enriquecendo dúzias de figuras desonestas. Felizmente, esse manto de ladroeira está sendo levantado e a negritude que esses furtos escondiam está sendo trazida à luz do sol.

Para os otimistas, como eu, que sempre enxergam um azul quando olham para o futuro, permanece a certeza de que o vermelho passará – como passou no mundo inteiro – e nosso céu voltará a ser azul celeste.

Os pintores atuais não entusiasmam. Mas, esperamos, deverão surgir alguns misturadores de tinta que nos propiciem uma mudança positiva de cores. Sempre surgem. Que não demorem muito. E nos tragam o azul celeste de volta.

Dalton Mello de Andrade – Ex secretário de Educação do RN

Ponto de Vista

Recent Posts

COTAÇÕES DO DIA

DÓLAR COMERCIAL: R$ 5,3730 DÓLAR TURISMO: R$ 5,5580 EURO: R$ 6,259 LIBRA: R$ 7,1290 PESO…

19 horas ago

Netflix fecha acordo para compra da Warner Bros. Discovery por US$ 72 bilhões

A Netflix anunciou na manhã desta sexta-feira (5) acordo de compra dos estúdios de TV e cinema…

19 horas ago

Suspeito de participar da morte de menina de 7 anos na Grande Natal é preso

A Polícia Civil prendeu nessa quarta-feira (3), em Natal, um dos suspeitos de partipação na morte da…

20 horas ago

Dino marca para fevereiro de 2026 julgamento do caso Marielle na 1ª Turma do STF

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta sexta-feira (5) marcar para os…

20 horas ago

Investigado por contrabando é preso ao ser flagrado pela PF com material de abuso sexual infantojuvenil

A Polícia Federal prendeu um investigado por contrabando de cigarros em flagrante após localizar material configurado…

20 horas ago

Justiça manda Airbnb ressarcir despesas médicas de cliente que ficou paraplégica após acidente em hospedagem

A Justiça do Distrito Federal determinou que o Airbnb pague, na íntegra, os custos de uma…

20 horas ago

This website uses cookies.