Violante Pimentel
Eram dois moradores de rua. Tinham o céu, a lua e as estrelas como telhado. Não tinham casa para morar nem pão para se alimentar. Viviam das esmolas que recebiam. Sonhavam em ter uma casa, que lhes servisse de abrigo contra o frio e contra a chuva. Sabiam que melhor do que a comida era o abrigo entre quatro paredes, sem as quais o homem não passa de um animal errante. Era assim que eles se sentiam. Meros animais à espera da caridade pública.
Quando a fraqueza da fome lhes permitia, arriscavam-se a catar lixo, disputando com outros pobres o que o lixão oferecia.
Na véspera de Natal e Ano Novo, a pobreza e a tristeza dessas pessoas ainda ficam maiores. A caridade pública humilha. Como diz a canção de Luiz Gonzaga, dar uma esmola a um homem que é são, “ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão.” Melhor seria um trabalho.
Era véspera de Natal, e os dois mendigos caminhavam pela escuridão da noite. De repente, tropeçaram num gato abandonado, que miava timidamente, aparentando estar faminto. Sentiram que o gato era tão pobre quanto eles. Os pobres são bons para os pobres e ajudam-se uns aos outros, dividindo entre si o pouco que conseguem para comer.
Os dois mendigos, compadecidos com o estado do gato, levaram-no com eles, e lhe deram para comer um pouco do pão que haviam recebido de esmola. O gato, depois de comer, ficou mais forte e saiu caminhando, miando alto, como se estivesse guiando os dois através das trevas, até uma cabana abandonada. Na cabana havia dois bancos e uma lareira, visíveis através do clarão da lua. Os dois mendigos sentaram- se em frente à lareira.
De repente, o gato desapareceu. Como por milagre, as duas brasas se acenderam e tornaram-se enormes. A claridade tomou conta da cabana, e os dois sentiram seus corpos aquecidos. Os pobres acreditaram que era o Menino Jesus quem mandara aquelas duas brasas para os aquecer. Adormeceram profundamente. As brasas brilharam até amanhecer o dia.
Os dois mendigos acordaram, como se estivessem despertando de um lindo sonho. Tinham recebido de presente de Natal um verdadeiro tesouro. Mesmo por uma única noite, dormiram sob o teto de uma cabana abandonada, aquecidos por uma misteriosa lareira. Olharam em sua volta e viram o gato dormindo. Pobre igual a eles, o gato lhes retribuiu o pão que lhe deram, levando-os até aquela cabana encantada.
Pelo menos, na noite de Natal, eles dormiram sob um teto, abrigados contra o frio e o vento.
Está provado que o grande tesouro dos pobres é a fantasia.
Violante Pimentel – Escritora
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