SAUDOSA MALOCA –

 Éramos crianças, amávamos os Beatles e o Rolling Stones. Fazíamos parte de uma geração de ouro. Tínhamos Pelé, Garrincha, Tom Jobim, Vinícius, Chico Buarque entre muitos outros que se destacavam e se destacam até hoje. Éramos colegas, amigos. De uma união tão forte, que alguns se tornaram irmãos e hoje com certeza, temos outra turma, não de formandos, mais de uma família que teve a sua origem na Escola de Engenharia.

 Éramos rebeldes, corajosos, inovadores a tal ponto que nos tornamos lendários e ainda hoje somos lembrados e contam as nossas histórias pela Universidade. Ganhamos um nome. “Turma de 70”. Ayrton Guerreiro, Alex Nascimento, Antônio Garcia, Antônio João, Augusto Leal, Carlos Cortes, Carlos Limarujo, Clovis Veloso, Efábio Peixoto, Mano Dantas, Pancrácio Madruga, Francisco Roberto, Fernando Leitão, José Dantas, José Brilhante, José Williams, Klaus Nóbrega, Laio Alceu, Lulu Flor, Lúcio Flavo, Luis Gonzaga, Beto Melo, Luis de Souza, Manoel Enéas, Manoel Jackson, Maria Lúcia, Marcos Alberto, Marcos Dourado, Oriano, Paulinho Cavalcanti, Rui Santiago. Esses eram os nossos “nomes” de guerra.

O tempo passou, vamos completar trinta e dois anos de formados, permanecemos “quase” que unidos. Houve poucas mudanças, mudanças até aceitáveis quando temos conhecimento maior da genética e sabemos que algumas pessoas se modificam com a idade. Poucos modificaram de comportamento, outros fizeram plásticas (homens) só tenho medo que inventem de colocar silicone nos peitos ou na bunda.

Mas deixa pra lá, o importante é que nesta vida cumprimos (até agora) com nossa missão. Os nossos professores eram verdadeiros amigos, tão amigos a ponto de se juntarem as nossas brincadeiras e se tornarem parte da turma. Adriano Vidal, Antomar Ferreira, Antônio Melo, Aurino Borges, Clovís Gonçalves, Daniel Holanda, Dirceu Holanda, Emanoel Lago, Fernando Guerreiro, Fernando Cysneiros, Fernando Nóbrega, Genário França, Geraldo Pinho, Gilvan Trigueiro, Hélio Varela, João Maurício, Joaquim Elias, José Bartolomeu, José Bitancourt, José Pereira, Wilson Miranda, Ubiratan Galvão, Rômulo Pinto, Roberto Limarujo, Juarez Pascoal, Renato Soares, Otávio Santiago, Nilson Rocha, Nicanor Maia, Kleber Bezerra, Lindolfo Sales, Luciano Bezerra, Luciano Coelho, Luis Jorge Leal, Malef Vitório, Marcelo Cabral, Milton Medeiros, Muni Aby Farah, Newton Rodrigues, assim eram conhecidas as “feras” que nos aturaram durante cinco anos.

Quero lembrar também o amigo Romeu Aranha, na época secretário da escola, que vez por outra ficava p da vida com a turma, mas é uma grande alma e logo perdoava as nossas traquinices. Os funcionários Chicão, Chico, Nivaldo também riam com nossas brincadeiras.

A nossa turma era diferente, alegre, a ponto de fazermos teatro dentro da sala de aula, e todos sem exceção faziam parte do elenco, até os professores. Certa vez José Pereira comentou que ia dar um arrocho na prova final, última do curso. Pois bem, montamos um esquema e passamos a rastrear os passos de Pereira no dia anterior a prova. Encontramos a prova rasgada em pedacinhos às onze horas da noite. Conseguimos recompor três das quatro questões. Convocamos a turma e fomos para um grupo escolar resolve-las. Chegamos todos em classe para fazermos a prova com ela já resolvida. Pereira distribui a prova e diz que são quatro questões, mas basta resolver três. Olhamos um para o outro e fizemos um ar de riso. Pereira anuncia quatro horas de prova. Aí começou o espetáculo, era gente suando frio porque o tempo era pouco, disenteria, vômitos Etc. Finalmente Pereira ficou tão nervoso, parou a prova, fez uma prelação, pediu calma e deu mais meia hora de prova. Salvaram-se todos.

Em outra ocasião, entramos na sala de aula marchando, com Muni dando aula. Como a sala tava cheia até a metade, nos dirigimos em fila indiana até o final, marchando, Alex era o corneteiro. Quando íamos nos sentarmos ouvimos o grito de Muni

PELOTÃO SENTIDO. MEIA VOLTA VOLVER, EM FRENTE, MARCHEM.

De pronto as ordens do comandante (professor) foram atendidas. Marchamos de volta, no Comando, Alex e sua corneta (feita na boca). Chegamos à última fila de carteiras, Muni abriu à porta e gritou – A DIREITA, MARCHEM, diplomaticamente colocou todo o pelotão para fora da sala de aula.

A nossa colação de grau foi uma grande festa, em conjunto com as outras escolas e faculdades, na Praça Cívica, hoje novamente Pedro Velho. O reitor era Genário Fonseca. Na hora do juramento todos estiraram o braço direito para frente. Alex era um dos primeiros da fila, em vez do braço, levanta a beca, fica de costas e mostra a bunda (estava só de beca, nu) para todos convidados. Foi um reboliço, Genário ficou mais vermelho ainda, mas fazer o que?

Era assim a nossa maloca, alegre, amiga, atributos que graças a Deus conservamos quarenta e nove anos depois.

 

 

Guga Coelho Leal – Engenheiro e escritor, membro do IHGRN

As opiniões emitidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
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