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Saiba como surgiu o Dia do Trabalhador

Todo ano, no dia 1º de Maioo Dia do Trabalhador é comemorado. As organizações sindicais de centenas de países ao redor do mundo saem as ruas para exigir mais direitos, comemorar conquistas históricas e relembrar que o trabalho é a força geradora de riqueza no sistema em que vivemos. Nesse ano de 2020, entretanto, as passeatas não existirão: em meio à pandemia de coronavírus, as aglomerações foram proibidas e não será possível ver o mar de bandeiras nas ruas.

Desde suas origens no século 19 até a quarta revolução industrial, o mundo do trabalho e a forma como os trabalhadores se organizam se transformaram profundamente. As dinâmicas de produção globais foram alteradas, os direitos trabalhistas conquistados e os modelos de jornada foram completamente alterados.

No Brasil, a taxa de informalidade é de 40,6%. Além disso, muitos trabalhadores são “pejotas”, ou seja, não tem vínculo empregatício com sua empresa; são prestadores de serviço. Isso sem contar os profissionais liberais, também pejotizados, como cabeleireiros, camelôs, entregadores de aplicativo, entre outros. Esses milhões de brasileiros não tem direitos trabalhistas e não tem uma organização que defenda a sua classe.

As únicas organizações que tem como objetivo único a defesa dos trabalhadores são, em tese, os sindicatos. Hoje desmoralizados – com apenas 45% de confiança da população brasileira, atrás de bancos, igrejas e empresas -, as organizações sindicais foram as principais responsáveis na história moderna pela conquista de direitos. Nesse primeiro de maio, vale a pena relembrar a relevância história do sindicalismo no nosso país e no mundo.

O que se comemora no primeiro de maio

Desde que nos conhecemos por gente, este feriado é marcado como o dia do trabalho. Mas o que comemoramos em primeiro de maio? E por que? A data é menos uma comemoração e mais uma memória de resistência. Ela é o marco inicial das greves nos EUA de 1886, que culminaram em um dos muitos períodos sombrios da história estadunidense.

A Revolta de Haymarket se iniciou maio de 1886, quando milhares de trabalhadores ao redor das grandes cidades industriais americanas, como Chicago, Nova York, Milwaukee e Detroit, pararam em uníssono. A luta, cujo slogan era “Eight hour day with no cut in pay” (Oito horas por dia sem redução de salário), buscava uma redução na jornada de trabalho que poderia chegar à 17 horas por dia.

Em 4 de maio, os trabalhadores de Chicago optaram por fazer uma manifestação pacífica nas ruas da capital de Illinois, quando uma bomba estourou no meio da manifestação. Um massacre policial começou, abrindo fogo contra os manifestantes. Um homem foi morto no conflito e dezenas de trabalhadores ficaram feridos.

Desde então, a campanha das autoridades contra os manifestantes se intensificou. Sete homens foram declarados os agitadores do conflito e, sem provas, um deles foi acusado como responsável pela bomba. August Spies, Samuel Fielden, Adolph Fischer, Albert Parsons,  Michael Schwab, Louis Lingg e George Engel foram a julgamento. Os dois últimos, Lingg e Engel, sequer estavam presentes na manifestação, mas foram processados por “extremo radicalismo político”.

O evento tomou proporções internacionais, sendo capa de todos os jornais americanos e influenciado os movimentos sindicais ao redor de toda a Europa. Com apoio da mídia e de boa parte da classe política estadunidense, a Suprema Corte Americana declarou a pena de morte aos sete.

Depois dos eventos, a Segunda Internacional, organização socialista fundada por Friedrich Engels, declarou que este seria o dia do trabalho. Alguns anos depois da adoção por parte dos comunistas, o dia primeiro de maio passou a ser adotado ao redor do mundo todo como um símbolo contra a exploração. Em um capitalismo ainda jovem, poucas regulamentações de trabalho existiam e a situação que se via nos EUA, com jornadas de trabalho intensas e pouca remuneração, se repetia nas fábricas pelo mundo todo.

“Nenhum evento influenciou a história do trabalho no mundo do que a Revolta de Haymarket. Ela pode ter começado em 4 de maio de 1886, mas seus efeitos ainda estão presentes hoje em dia. Apesar de a história ser contada nos livros de história, poucas pessoas reconhecem sua importância”, afirma William J. Adelman, historiador do trabalho e professor Universidade de Illinois no prefácio de sua obra ‘Haymarket Revisitada’.

Conquistas históricas do sindicalismo

O início da revolução industrial foi marcado transformações absolutamente incomparáveis na história do mundo. Na Inglaterra, boa parte da população rural se mudou para as cidades em busca de emprego enquanto as fábricas se alastravam pelo país, criando duas classes completamente diferentes: os trabalhadores fabris e os burgueses, donos das indústrias. O governo pouco intervia nas relações de trabalho e não dava conta de cuidar da transformação. O historiador Eric Hobsbawm, em a Era das Revoluções, pinta o cenário que se observava na recente Inglaterra industrial:

Áreas industriais cresceram rapidamente, sem qualquer tipo de planejamento, e a maior parte dos serviços essenciais das cidades falharam em acompanhar essa mudança: limpeza urbana, abastecimento de água, saneamento básico e as condições de moradia eram terríveis. A mais óbvia evidência dessa deterioração foi o ressurgimento de epidemias, como a cólera e o tifo. De 1820 a 1850, uma geração inteira cresceu no descaso. E os terríveis efeitos desse descaso foram intensificados porque as classes dominantes nunca os sentiram.”¹

Além desses fatores, tanto o trabalho das mulheres quanto o das crianças se tornou bastante comum, tendo em vista os salários menores que estes recebiam, em geral para a complementação de renda do pai assalariado. Nas fábricas, pouca segurança era oferecida ao proletariado, e as jornadas quase sempre superavam as 12 horas. Essas situações insalubres levaram os operários a se unir.

“Já naquele momento, os trabalhadores se uniam espontaneamente para tentar se defender de alguma
maneira da superexploração e de suas condições miseráveis de existência. Em 1866, a 1ª Internacional, a chamada Aliança Internacional dos Trabalhadores, integrada por Karl Marx, adotou uma resolução sobre os sindicatos afirmando que única possibilidade de os trabalhadores fazerem frente às condições de vida e trabalho tão desumanas é a união: os sindicatos deveriam ser os grandes organizadores da resistência coletiva dos trabalhadores”, conta Francine Iegelski, professora de Teoria e Filosofia da História na Universidade Federal Fluminense, ao portal Hypeness.

 

Fonte: Hypeness.com

Ponto de Vista

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