QUANTO VALE NOSSO TEMPO? – Bárbara Seabra

QUANTO VALE NOSSO TEMPO? –

Cheguei de viagem com mamãe. Fomos a Gramado, para nosso “passeio de meninas”. Tempo de viagem é meio contado, né? Um dia para conhecer Canela, um dia para conhecer Gramado, um dia para Maria Fumaça e seus encantos italianos e… e mamãe adoeceu. Passamos dois dias no quarto do hotel, com medicações, repouso absoluto e ela tristonha, pedindo desculpa por essa pausa, como se tivesse alguma culpa.

O tempo, até então acelerado, tomou outro percurso. Ficou lento, preguiçoso e demonstrou o seu encanto. Podíamos olhar o janelão do nosso quarto com calma. Os pinheiros altos. As nuvens escassas. Uma chaminé com fumaça branca enfeitando o céu. Alguém passeando com seu cachorro. Uma pessoa sentada na calçada fumando um cigarro para espantar o frio. Silêncio… Reflexões…

A viagem de volta pareceu durar dias. Sentia um peso no coração ao percebê-la tão frágil no avião, de olhos fechados e caladinha praticamente todo o caminho. Chegamos em paz.

Por outro lado, a vida continua com sua velocidade. Engraçado pensar nisso. Os dois lados da mesma moeda. Veloz por um lado. Quase parando pelo outro.

Desembarcamos de madrugada e logo cedo eu já estava na faculdade. Tinha aula. Tinha que ir ao supermercado. Precisava levar o filho para escola. Fiz uma compra mal feita (sabe quando precisa comprar mil coisas e acaba levando biscoito, pão e água com gás? Fiz isso!) e voltei para casa.

A cada dia olhava a lista de compras aumentando (açúcar, macarrão, café…) e sem conseguir me organizar para voltar ao supermercado, quando… Quando Flávio saca o celular do bolso e decide fazer as compras por um aplicativo. Olhou meu aspecto assustada e perguntou:

  • Quanto vale o nosso tempo?

Não soube responder! Ele é tão valioso, que não tem como mensurar.

Coloquei na balança o tempo para irmos ao supermercado e o tempo para ficarmos em família. Era o mesmo! Mesmos minutos, segundos, quartos de hora. Mas, o valor de cada prato na balança… Não tinha como pesar igualmente!

Sim, não sei quanto vale o tempo. Não podemos comprá-lo, vendê-lo, alugá-lo. Só podemos aprender a usar com sabedoria. E esse aprendizado também não tem preço. Só tem valor!

 

 

 

Bárbara Seabra – Cirurgiã-dentista,  Escritora e Autora do Diário de uma gordinha

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
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