POR QUE NOS DECEPCIONAMOS – Flávia Arruda

POR QUE NOS DECEPCIONAMOS? –

A vida se encarrega de nos ensinar que os sentimentos, que nos são caros e preciosos, nascem das projeções que fazemos no outro e/ou em coisas e fatos, partindo de uma necessidade/vontade nossa, despertos pela admiração e encanto. O que desejamos do outro, das coisas e fatos, acreditamos, está diretamente ligado aos nossos anseios e desejos com o propósito de preencher, completar, saciar o vazio que fustiga o nosso ser.

Bom, vamos lá, deixem-me tentar explicar meu desvario:

Um belo dia me dou conta que aquilo que idealizei não mais condiz com a realidade projetada. Jogaram, deste modo, um balde de água fria na minha cara (será?). Como assim, onde está tudo aquilo que antes eu via/sentia?(Ilusões?) Diante de fatos assim, poderei chamar de decepção, por perceber que o outro, ou as coisas e fatos, simplesmente não pode(m) ser exatamente como eu projetei, como eu pensava necessitar, para preencher aquilo que, supostamente, faltava-me.

Dou-me conta, da pior forma possível, que aqueles sentimentos projetados se esvaem numa desilusão dolorosa (e cortante), pois dar ao outro (ou as coisas e aos fatos) o poder e o controle dos sentimentos é uma grande tolice. Tudo bem que a decepção só acontece porque antes cogitamos algo, e quando este algo não é como idealizamos, a decepção é, de fato, inevitável. Porém, isso tudo faz parte do processo de crescimento e compreensão do mundo interior de cada um (creio). Muitas vezes se faz necessário viver certos aperreios emocionais (chacoalha).

Agora, se quando eu pensar em projetar qualquer tipo de sentimento/vontade/desejo puder compreender que beberei a grandes tragos aquilo que me for permitido provar naquele momento, sem gerar expectativas futuras, entendendo que minha projeção findará a qualquer instante (só precisa que um dos lados decida ou aja algo relevante que interrompa), e que nem sempre será como esperado; sabendo, também, que a maior probabilidade, nesse mundo louco e líquido, é que um dia às necessidades, vontades e desejos, mudem ou acabem, ou se misturem, ou se desnutram (provocando defeitos naquilo que foi arquitetado e emoldurado mentalmente), e que até então parecia perfeito de viver; e, se assim eu souber conduzir este entendimento, a decepção poderá ter significados muito menos doloridos e, consequentemente, muito menos sofridos.

Não é tarefa fácil deixar de gerar expectativas acerca das coisas, de pessoas e de fatos, de tal modo que vamos continuar nos decepcionando, tentando trocar as expectativas por perspectivas. Nessa caminhada pela missão impossível, dentro desta perspectiva, ficarei feliz quando me der conta que pude me embriagar dos grandes goles que tomei da vida, apesar de todos os desenganos e de todas as mágoas e tristezas. Afinal, só por amor eu vivo. Que venham mais porres de vida com suas alegrias e decepções. Quem disse que seria fácil?

 

 

 

 

 

 

 

Flávia Arruda – Pedagoga e escritora

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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