SAIBA O QUE SÃO DOENÇAS AUTOIMUNES –
O que o diabetes tipo 1 e a artrite reumatoide têm em comum? Aparentemente, nada. Mas ambas têm uma origem em comum: um ataque do sistema imunológico contra uma estrutura do próprio organismo, ou seja, uma resposta autoimune. Todo mundo sabe que o sistema imunológico existe para combater ameaças externas, como vírus e bactérias. Ao “visualizar” esses agentes, produz anticorpos com o objetivo de atacá-los. Em alguns casos, no entanto, o general desse exército confunde células do próprio organismo com invasores. No caso do diabetes tipo 1, combate as células beta, responsáveis pela produção de insulina. Na artrite reumatoide, o ataque é contra vários tecidos e estruturas das articulações. Já no caso das doenças autoimunes difusas, como o lúpus, o ataque é mais disseminado e as manifestações podem incluir vários órgãos, tecidos e vasos sanguíneos.
Os mecanismos imunológicos que ocasionam a lesão dos órgãos nessas doenças é algo que médicos e cientistas até compreendem bem. Já o que leva o sistema imunológico a se reverter, destruindo algo que teoricamente deveria ser protegido, ainda é um mistério. De acordo com o Instituto Nacional de Saúde (NIH), dos EUA, mais de uma centena de doenças crônicas têm origem em uma resposta autoimune. Mas, apesar do processo em comum, cada doença autoimune tem suas próprias características, ritmo evolutivo e sintomas específicos. É por isso que não existe um médico especialista em “autoimunidade”. Endocrinologistas, dermatologistas e diversos outros especialistas podem ser requisitados, bem como outros profissionais de saúde, como nutricionistas, psicólogos e fisioterapeutas.
Doenças autoimunes não são raras
Felizmente, ser atacado pelo próprio sistema de defesa do organismo não é tão comum quanto pegar uma gripe ou resfriado. Estima-se que as doenças autoimunes afetem de 5 a 8% da população geral, mas considerando cada doença autoimune especificamente, a frequência é bem menor, variando de 0,01 a 1%. Mas há estimativas menos otimistas. Os Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, por exemplo, afirmam que 23,5 milhões de norte-americanos sofrem dessas enfermidades, o que não é pouco para uma população de cerca de 320 milhões. Já a American Autoimmune Related Diseases Association (AARDA), uma entidade sem fins lucrativos, diz que 50 milhões é um número mais realista, pois os Institutos só consideram 24 doenças para as quais há pesquisas epidemiológicas de qualidade. Só para se ter uma ideia do que essa estimativa representa: as doenças cardíacas afetam cerca de 22 milhões de norte-americanos e o câncer, 9 milhões.
Tendência genética desenvolve essas doenças
Segundo os especialistas, existem variantes genéticas conhecidas que predispõem parte da população às doenças autoimunes. Ou seja, algumas pessoas nunca vão desenvolver o problema, enquanto algumas famílias podem ter diversos membros com diferentes tipos de doenças autoimunes. Mas ter a tendência não significa ter a enfermidade – é preciso que haja um fator ambiental que deflagre a doença. Os cientistas conhecem alguns deles, mas não todos. No caso da doença celíaca, uma intolerância permanente ao glúten (componente do trigo e de outros cereais), o gatilho é bem conhecido: a alimentação. Mas isso não acontece necessariamente na primeira vez que a pessoa ingere o glúten. No caso da artrite reumatoide, o cigarro é um fator importante. Viroses, infecções em geral e até mesmo episódios de estresse psíquico também podem funcionar como deflagradores de doença autoimune em indivíduos geneticamente predispostos, bem como a exposição à sílica, solventes e outros produtos químicos, de acordo com pesquisas.
Teorias tentam explicar as doenças autoimunes
Embora existam diversas teorias para explicar a autoimunidade, é importante frisar que nenhuma delas foi confirmada até hoje, segundo os especialistas. A “teoria da higiene” é uma delas – como as doenças são mais comuns em países mais desenvolvidos e em áreas urbanas, cogita-se que o consumo de alimentos pasteurizados e o excesso de higiene estariam impedindo o sistema imunológico dessas populações de se “educar” corretamente. Outra teoria é a do mimetismo molecular – alguns micro-organismos teriam aumentado suas chances de sobrevivência com a capacidade de se camuflar dentro do organismo. Essa semelhança faria o sistema imunológico se confundir e passar a combater uma estrutura própria depois de uma virose, por exemplo. Há, ainda, a ideia de que certas infecções levariam o organismo a expor componentes que antes ficavam escondidos e, portanto, não são reconhecidos pelo sistema imunológico.
As mulheres são as principais vítimas
Aproximadamente 75% das pessoas que sofrem de doenças autoimunes são mulheres. No caso da tireoidite de Hashimoto, em que a glândula tireoide é atacada, a proporção chega a ser de dez para um. Já outras doenças, como a esclerose múltipla, a prevalência feminina é um pouco menos expressiva, de aproximadamente duas mulheres para cada homem afetado. A justificativa mais aceitável para essa desigualdade é o fator hormonal. O estrógeno é um estimulante da imunidade. Tanto que boa parte das doenças autoimunes acomete mulheres em idade fértil.
Existem formas mais leves ou mais graves de doença autoimune
Embora toda doença autoimune seja crônica, algumas pessoas apresentam sintomas mais leves, enquanto outras têm manifestações tão intensas que, em certos casos, podem levar à morte. Um dos exemplos é o lúpus: enquanto alguns pacientes apresentam eventuais dores nas articulações e a famosa mancha no rosto, em forma de borboleta, outros desenvolvem problemas sérios nos rins ou nos vasos sanguíneos (vasculite).
O tratamento para doenças autoimunes evoluiu bastante nos últimos anos
O tratamento das doenças autoimunes varia de acordo com a enfermidade, mas o uso de corticoides é algo frequente. Esses anti-inflamatórios são eficazes e ajudam a controlar a reação do organismo, mas seu uso crônico traz efeitos indesejados, como aumento da vulnerabilidade a infecções e ganho de peso. E alguns medicamentos biológicos, derivados da biotecnologia, têm sido bastante eficazes no caso de certas doenças, como artrite reumatoide, psoríase e doença de Crohn, embora o custo ainda seja muito alto. E se antes dar o diagnóstico de lúpus a uma garota de 20 anos era uma sentença, hoje se pode dizer à paciente que ela terá uma vida normal, só terá que ser mais disciplinada com exames, consultas e medicamentos. Existem pesquisas experimentais com terapias que, de alguma forma, ajudariam a “resetar” o sistema imunológico. É o caso, por exemplo, do uso de células-tronco na tentativa de combater o diabetes tipo 1. Mas ainda há muitos obstáculos a serem enfrentados. Muitos pacientes entram em remissão, mas depois a doença volta a se manifestar. E um procedimento desse tipo sempre envolve riscos, pois são necessárias altas doses de imunossupressores.
Ter um FAN positivo não significa ter doença autoimune
Quando se fala em doença autoimune, um dos exames mais lembrados é o FAN (Fator Antinúcleo). Ele é realizado para detectar auto anticorpos contra estruturas nucleares das células e costuma ser solicitado quando há suspeita de reações autoimunes, por exemplo, a presença de dores articulares sem lesões ou desgaste aparentes. Há vários padrões analisados, e, cada um deles, quando o resultado é positivo, pode ser sugestivo de uma ou outra doença autoimune. O FAN foi muito importante quando se iniciaram os diagnósticos de autoimunidade, a partir da metade do século passado. Mas, depois, os cientistas descobriram que muitos indivíduos saudáveis, ou com certas infecções, também podem apresentar o exame positivo. Portanto, o FAN pode ajudar a estabelecer um diagnóstico que tenha surgido a partir de sintomas, mas, sozinho, não significa nada. Em geral, diante da suspeita de doença autoimune, o médico solicita também outros exames de sangue para identificar anticorpos específicos.
Relação entre estresse e doença autoimune
Muitos pacientes contam que tiveram uma doença autoimune deflagrada depois de sofrer algum evento traumático. Essa relação com o emocional é observada em alguns indivíduos, mas é difícil medir esse tipo de impacto de forma consistente. Mas o estresse pode influenciar, sim, o estado da doença. Por isso é importante que os pacientes diagnosticados busquem ter uma vida equilibrada, com atividade física, nutrição adequada e sono suficiente. Há conexões importantes entre o sistema nervoso e o sistema imunológico.
Doenças autoimunes mais comuns:
Artrite reumatoide – é caracterizada por dores nas articulações de ambos os lados do corpo, pois o sistema imunológico ataca a camada de tecido que reveste essas estruturas. Afeta em torno de um a cada 100 indivíduos.
Diabetes tipo 1 – também chamada de Diabetes mellitus, a doença ataca as células produtoras de insulina. Os pacientes precisam de injeções diárias desse hormônio para regularizar o metabolismo do açúcar. Pode surgir em qualquer idade, mas principalmente antes dos 35 anos. O tipo 1 representa apenas de 5 a 10% dos casos de diabetes.
Doença de Crohn – é uma das doenças inflamatórias intestinais causadas por autoimunidade. Provoca diarreia crônica, dores abdominais, perda de peso e também pode causar dores articulares.
Doença celíaca – caracterizada pela intolerância permanente ao glúten, provoca diarreia, vômito, perda de peso, problemas de desnutrição e fertilidade. Afeta uma em aproximadamente 300 pessoas.
Esclerodermia – afeta o tecido conjuntivo, podendo provocar apenas alterações na pele, ou também nos músculos, nos vasos sanguíneos e em órgãos como estômago, esôfago e pulmões.
Esclerose múltipla – o sistema imunológico ataca o cérebro e o sistema nervoso central. Os pacientes têm sintomas como falhas na coordenação motora, fraqueza nas pernas e problemas de memória.
Lúpus – afeta principalmente a pele, as articulações, os rins e o cérebro, mas também pode acometer outros órgãos. A prevalência é de aproximadamente uma em 1.000 pessoas.
Psoríase – doença caracterizada por lesões avermelhadas e descamativas na pele, principalmente no couro cabeludo, cotovelos e joelhos. Acomete cerca de 2% da população mundial.
Tireoidite de Hashimoto – a doença ataca a glândula tireoide, responsável pelo metabolismo. Os pacientes apresentam sintomas de hipotireoidismo, como cansaço, ganho de peso, queda de cabelo e dificuldade de raciocínio, entre outros.
Vitiligo – afeta a melanina, o pigmento da pele, podendo surgir em qualquer parte do corpo. A doença costuma afetar muito a autoestima e pode funcionar como gatilho para depressão.
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