O PRECONCEITO NÃO DESINTEGRA –
Cap. 3: XENOFOBIA REGIONAL: A SUTIL NEGAÇÃO DE UMA NAÇÃO CORDIAL
Foi-se o tempo que o retrato do Brasil era a cordialidade. Aliás, muito bem emoldurado pela diversidade. De fato, esse foi o DNA da identidade nacional. Raças, culturas e crenças distintas, de interrelações harmoniosas. Perfeita tradução sincrética e miscigenada de alegria, força, fé e esperança.
Tempos em que a provocação da genialidade rodrigueana pelo “complexo de vira-latas”, tornou-se uma conquista real.. Tempos em que a força “candanga” dos nordestinos repetiu em Brasilia tudo que fizeram pela “paulicéia desvairada”. Neste ponto, aproveitando-se do ruidoso modernismo de Mário de Andrade e extrapolando-o para “pura poesia concreta” das esquinas de Sampa, no embalo dos versos melódicos desse nordestino chamado Caetano. Sempre o Nordeste presente.
Pena que o tempo abriu flancos em favor do preconceito. Diria que a xenofobia é bem mais cáustica do que parece. Dois em um, pois reúne exercícios de supremacia, nos valores étnicos e econômicos. Para detratores incólumes, os originários das “periferias regionais” são uma sub-raça de renitentes ignorantes, acostumados aos hábitos do submundo de seu ciclo de pobreza implacável. Razões cínicas para um distanciamento socioeconômico preconceituoso.
Apesar dos acolhimentos, eu mesmo senti na pele esse peso, sobretudo, na USP. Não foram só por altitudes simples, como ironizar sotaque. Aconteceram também por questões acadêmicas, como se nos embates só me revelasse capaz de tratar da realidade regional que pertenço. Nunca uma questão nacional. Hoje, ainda percebo a falta de espaços para discussões nacionais, em quaisquer ambientes propícios.
Esse realismo machadiano visto pelos olhos do preconceito, fez-me lembrar uma das máculas do tema. A escolha e posse do conterrâneo e amigo Gustavo Krause como Ministro da Fazenda. Ousadia mineira do Presidente Itamar, representou uma fratura exposta por conta de preconceitos enrustidos.
Sim, o preconceito tem sua patente regional. Essa verdade merece ser encarada de frente, caso estejamos comprometidos com a cordialidade nacional. Justo ela que deveria nos fazer diferentes.
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Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador. Ex-Presidente da Fundação Joaquim Nabuco
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