Um Drible à “Chilena” no Brasil: Equilíbrio Fiscal, Solidez Democrática e Lições Civilizatórias (I) –
Dias atrás, estava por pensar o que escrever para este final de ano, diante do dilema entre manter o clima de amenidade e esperança desta época, diante dessa situação crítica do país. O ideal seria encontrar um tema inspirador, capaz de apontar para alguma evidência de que soluções existem e daí gerar algum tipo de motivação para encarar o desafio da crise.
Numa mesma perspectiva temática, a semana me mostrou o rumo a seguir. Estava aqui por perto, na vizinhança geográfica, a fonte inspiradora. Refiro-me ao Chile, país pelo qual reservo enorme admiração e respeito. Um conceito que trago comigo desde o tempo em que lá vivi por 4 meses (1987), quando fiz um curso de Economia do Trabalho promovido por um programa da OIT (Organização Internacional do Trabalho), nas dependências da CEPAL. Tamanha identidade com a terra de Neruda me faz acompanhá-lo até hoje, sobretudo, nos seus acontecimentos políticos e econômicos. Para mim, em especial, que convivi, em sala de aula ou platéia de seminários, com uma respeitável geração de economistas: Carlos Massad, Viktor Tokman, Alejandro Foxley e Ricardo Lagos. Este último, por exemplo, chegou ao posto de Presidente da República.
Nesse plano, antes de ir ao detalhe para enfatizar que o recente processo eleitoral foi a real inspiração para os textos das colunas desta semana, é importante que registre uma espécie de desfecho vinculado entre aquela minha estada no Chile e o que lá aconteceu no decorrer dos 35 anos seguintes. De fato, embora se reconheça a dureza de um regime militar repressor das liberdades (acompanhei como observador a inflexão política que se deu em novembro de 1986, com a greve geral que, em nome da democracia, levou ao plebiscito de 1988), o fato mais característico para qualquer olhar isento é que o painel do controle econômico chileno foi mantido com austeridade e prudência. Isso foi e se mantém como fato, independente se o governo seja considerado de esquerda ou direita.
Essa é uma questão basilar e que precisa ser tomada como ponto de partida para qualquer análise econômica. Apesar do país não contar com uma diversidade de riquezas que lhe permita compor a ponta de cima da tabela do poder econômico, o equilíbrio que decorre da adequação de políticas econômicas, que se sustentam entre governos distintos, tem feito a diferença. Noutras palavras, por mais divergentes que sejam os pensamentos econômicos dos gestores, existe uma percepção de que o rigor fiscal está acima das tentações populistas. Princípio aceito tanto pelos economistas do governo, como pelos políticos que governam.
Considerado esse valor como um pacto digno de toda essa ênfase, fui ainda mais estimulado com os artigos recentes de Cristóvam Buarque e Maurício Rands. Senti-me pronto para avançar nesta análise, que concluirei na próxima coluna. Oportunidade de falar dessa transição harmoniosa entre a direita de Sebastián Piñera e a esquerda de Gabriel Boric.
Na linguagem do futebol, um drible à “chilena”.
Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador. Ex-Presidente da Fundação Joaquim Nabuco
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