PINÓQUIO BRASILEIRO –

Seja seu dizer: ‘sim’, ‘sim’, ‘não’, ‘não’; o que passar disso vem do maligno. (Mateus 5:37).

Tenho certeza que nossos pais e professores aconselhavam, com intenções educativas, que só se devia falar a verdade. E essa verdade estava ali estampada no seu rosto. Tão fosse puxada para uma mentira, a vergonha ruborizaria a sua face e o gaguejar denunciava o “Pinóquio” que se apresentava: quem mente o nariz cresce.

Pois bem. Vamos conhecer um pouco a criação de Gepeto que ganhou vida para permear entre os humanos.

Gepeto queria ser pai e fez um boneco de madeira. “Tenha vida” e a fada deu o sopro do pensar e do agir a Pinóquio. “Deves ser sempre bom e honesto”. Gepeto desejou para o filho uma educação perfeita e o mandou à escola. Pinóquio deixou de ser apenas um boneco de pau e passou a ter um coração palpitando: aprendeu a falar, a dançar, a sentir e… a mentir.

Porém amigos espertalhões fizeram Pinóquio cair em tentação e, fazendo-o próspero e famoso, o escravizou buscando gerar lucros para seu negócio – teatro de marionetes.

Para escapar a tal infortúnio, Pinóquio mentia. A mentira fazia crescer seu nariz. Após tantos e tantos problemas é engolido, juntamente com o Grilo Falante (sua consciência), por uma baleia, que por sua vez já engolira Gepeto. Fizeram uma fogueira na barriga da baleia e foram cuspidos de volta ao mundo real. Pinóquio se arrependeu das mentiras e pediu perdão. Daí em diante, se manteve honesto e bondoso, ganhando a condição de ser um menino de carne e osso.

A baleia, hoje, representa o mundo em que vivemos: de boca aberta engolindo – sem perceberam – os valores e consciência que deveriam nos orientar para o bem e a virtude.

Temos sempre ao nosso lado alguém propondo “ter mais”, a qualquer custo, mesmo que para isso seja a “encarnação” do próprio Pinóquio (antes do arrependimento).

Cada atitude mentirosa escraviza-os, cobrando um preço altíssimo, cuja conta só aparece mais a diante e de modo traiçoeiro.

Parece que dentro dessa escassez de valores, a sociedade fecha os olhos assumindo a característica da “justiça”, que ficou cega de vez. Os narizes já não crescem, pois a vergonha foi imolada no altar da verdade.

O outro sempre é o mentiroso. A inocência parece que aderiu aos apelos da desonestidade e já não consegue andar com a cabeça erguida.

Como não olhamos nos olhos do outro para expressar o nosso pensamento e sentimento – escondidos nas mídias, o apelo para a “justificação”, para a “explicação”, para o “convencimento”, se baseia exclusivamente no meu “eu” e não na clareza dos fatos.

São muitos os “pinóquios”. Não sabemos distinguir o certo do errado, o bem do mal, o justo do injusto.  E assim vamos aprendendo a cegar a parcela humana que perdeu a capacidade de discernir: “Vou com os outros”.

Parece que a mentira “travestiu-se” de verdade e todos, com raríssimas exceções, em todos os níveis da sociedade, em todos os segmentos, descaradamente pregam “sua” verdade – doa em quem doer.

Já não se indaga: “é verdade?” Se sorrir com a mentira: “ele é astucioso”.

Aquela forma de “mentirinha” para poupar alguém de uma má notícia, de amenizar uma crítica contundente, de alegrar ou conformar alguém, que antes não envolvia maldade alguma, hoje é ácida e muitas vezes visa denegrir a imagem do seu semelhante.

Meu pai, Ranilson Costa, dizia que “a caridade moral é a mola propulsora dos homens de bem. Nela está a natureza de Deus. Ela passa pelo acolhimento da verdade que se manifesta nas atitudes e respeito ao próximo”.

Em Jeremias 23:32, o Senhor diz: “Sou contra os que profetizam sonhos falsos. Eles os relatam e com as suas mentiras irresponsáveis desviam o meu povo. Eu não os enviei nem os autorizei; e eles não trazem benefícios algum a esse povo”

Hoje estamos sendo levados a sonhos falsos, onde os que nos dirigem administrativamente e politicamente, não foram autorizados para tal mazela.

A geração atual dificilmente sairá imune a tamanha falta de verdades.

Um país sem educação, nunca deixará de mentir para enganar os incautos e os “inocentes”, com seus discursos e manipulação de dados que espelham a verdade.

Hoje o mundo e, em especial o nosso torrão, está dividido entre a mentira e a meia verdade.

Quando 51% são traduzidos como uma “maravilha” é porque somos incapazes de enxergar o tamanho de nosso nariz.

Portanto, Pinóquio tem dupla nacionalidade.

Não tenha medo da verdade. Fique atento ao que se diz, ao que se escreve, ao que se mostra, ao que se impõe, ao lobo vestido de cordeiro.

A meia verdade é a mentira disfarçada.

Eduquem e teremos menos “pinóquios”.

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil e Consultor (josuacosta@uol.com.br)

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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