PENSANDO NO FIM DO MUNDO –
O medo do fim do mundo sempre assustou a nossa e outras gerações. Este temor histórico, herdado de pessoas e tempos imemoriais, acompanha também o homem de hoje, pelo menos aqueles que são mais influenciados pelo catastrofismo da religião – diga-se, do cristianismo. Vem da época em que nas lições de catecismo éramos informados das futuras delícias do céu e dos tormentos do inferno. A escolha do nosso destino na eternidade só dependia de nós.
Assim, a cada trovoada e a cada raio que caísse nos encolhíamos de pavor, à espera do momento final. Morando perto da praia, pensava no mar um dia subindo e, de repente, engolindo tudo e todos. E o romântico e incessante marulhar das ondas fazia-me contar com a iminência do desastre. Eu era e sempre fui menino medroso. Os parentes no interior, ainda sob os efeitos do pós-guerra, previam o retorno do conflito, que dessa vez iria provocar uma destruição mundial e total. Não ouviram falar de uma bomba atômica que jogaram no Japão? Pois bem, os “comunistas” iriam soltar outras. E até uma no Brasil, talvez no Rio de Janeiro, a nossa maior cidade.
E não havia Pai Nosso, Ave Maria, Salve Rainha, Santo Anjo, nenhuma rede, lençol ou coberta que pudesse proteger do fogo e das bombas da explosão do final dos tempos. Íamos dormir medrosos e condenados.
Hoje sabemos que o mundo vai mesmo acabar. As projeções dos astrônomos e dos sábios que se dedicam aos movimentos do Universo preveem até o momento em que isso ocorrerá e como será a grande destruição, o grande cataclismo.
Mas não será da forma e do jeito que imaginávamos nas nossas noites de ingênuo pavor. Algum corpo celeste irá, um dia, cair sobre nossas cabeças; o mar vai de fato engolir grande parte das terras litorâneas e o homem correrá para as montanhas na tentativa de fugir do desastre. Muitos escaparão da fúria dos oceanos, mas não resistirão aos terremotos avassaladores e às ondas de choque desses petardos espaciais, talvez antes que o Sol cumpra o seu próprio destino e nos derreta no seu cadinho de energia atômica.
A fúria da natureza, embora já mostre os seus sinais, só será totalmente manifestada dentro de alguns milhares (ou serão milhões?) de anos e – se servir de consolo – as previsões científicas garantem que nós nem estaremos mais por aqui, já teremos deixado de existir e ingressado na eternidade do tempo-espaço universal. E por quê?
A fúria dos homens já é bem visível, existe há muito tempo e – o que é pior – vem aumentando cada vez mais. Vivemos sob o jugo das incompreensões e da intolerância, transformadas em veículos e meios para a nossa autodestruição. A potência e a violência das armas sofisticadas, dos artefatos atômicos não deixam dúvidas sobre qual será o nosso destino. Sem falar das bactérias e dos vírus que nos incomodam desde o início “dos tempos”. Na Idade Média a peste negra dizimou mais metade da população mundial, localizada na Europa e na Ásia. A América, indígena e pura, não foi afetada.
Nos séculos seguintes enfrentamos o câncer, letal, porém não transmissível. A Aids, mortal, propagada até por meio de uma relação sexual, um ato de amor. Agora, em meio aos ebolas, às zikas, às dengues e bichos menos citados, estamos às voltas com outra praga, essa que nos impede e nos proíbe de qualquer contato físico, humano. Um dia – que nos livre o amado Deus – enfrentaremos outro demônio microscópico que contamine até no olhar, no som da voz?
E a humanidade, a mercê do seu destino e das suas próprias culpas, viverá assim até o fim de todos os mundos, até quando, depois da última explosão do Universo, restar não um Paraíso ocupado pela violência e a brutalidade dos hipócritas e embusteiros, mas uma eternidade habitada pelos espíritos daqueles que viveram de música, amor e poesia.
Alberto da Hora – escritor, cordelista, músico, cantor e regente de corais
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