O TRIUNFO DOS POTYGUARES E POTYS NA REDAÇÃO DO ENEM 2023 – Rubens Ramos

O TRIUNFO DOS POTYGUARES E POTYS NA REDAÇÃO DO ENEM 2023 –

e o que dizem os dados do ENEM 2022

As notas 1000 da redação do ENEM 2023 trouxeram uma grata “surpresa” para RN e PI. Os jovens desses dois estados colocaram suas terras no topo do desempenho das notas 1000, com 6 notas mil cada um, em estados com cerca de 3,3 milhões de habitantes. Isso dá 1,8 notas 1000 em redação por milhão de habitantes. Guardemos esse número.

Apenas Rio de Janeiro e São Paulo tiveram mais notas 1000, 7 cada um, e o outro Rio Grande, o do Sul, teve também 6 notas 1000. Mas Rio de Janeiro tem 16 milhões de habitantes, São Paulo 45 e Rio Grande do Sul 10,8. Assim o Rio teve 0,45 notas mil por milhão de habitantes, São Paulo 0,15 e Rio Grande do Sul 0,55.

De passagem, o Ceará com 8,8 milhões de habitantes, teve 4 notas 1000, um desempenho de 0,45. O RN teve desempenho quatro vezes superior a seu vizinho a Oeste. A Paraíba, com 3,8 milhões de habitantes, não teve nenhuma nota 1000.

Tomando os cinco primeiros, o ranking de notas 1000 em quantidades seria:

#1 RJ, SP – 7

#3 RN, RS, PI – 6

Todavia, o ranking desses cinco ajustado à população de cada estado fica:

#1 RN, PI – 1,8 notas 1000 por milhão de habitantes

#3 RS – 0,55

#4 RJ – 0,45

#5 SP- 0,15

É um desempenho espetacular. Com cerca de 1,6% da população do país cada um, RN e PI responderam com 10% das notas 1000 cada!

Para um quadro, o ranking nordeste por quantidade de notas 1000:

#1 RN, PI – 6

#3 BA, CE – 4

#5 SE – 3

#6 PE – 2

#7 AL, PB, MA – 0

O Nordeste teve desempenho espetacular, com 45% das notas 1000 do país, tendo 26% da população. Mas, 48% do desempenho do Nordeste se deveu a Potyguares e Potys, RN e PI.

  temos os dados completos de 2023 para analisar a fundo, mas podemos fazer uma visita a 2022, através dos microdados do ENEM, que podem ser obtidos no link abaixo:

https://download.inep.gov.br/microdados/microdados_enem_2022.zip

               Os dados revelam informação preciosa. O RN também foi muito bem em 2022. Uma análise estatística importante é a mediana, ou seja, a nota na qual metade dos participantes tirou acima ou abaixo. A figura abaixo apresenta o lugar do RN no quadro nacional. A área em cinza representa 75% dos estados, e o segmentos acima e abaixo representam os +12,5% e os -12,5% da faixa de resultados.

Em 2022, o RN teve mediana no grupo dos 12,5% melhores estados do Brasil, na verdade, no grupo Top-10% dos estados. Ou seja, mais da metade dos participantes do RN se colocaram nesta posição. Isso sugere uma clara diferenciação em capacidade de escrever, de se comunicar com linguagem escrita, de transformar o pensamento em um texto.

Isso não é algo menor, ou trivial. Se a linguagem em geral é nosso grande diferencial entre outros animais e nos fez senhores/as deste planeta, a linguagem escrita é o grande diferencial na evolução de povos, entre os de nossa espécie. Com a linguagem escrita documentamos a história, e com ela documentamos e passamos adiante o conhecimento humano. Os jovens, professores e escolas do RN estão tendo desempenho superior no país em redação, em linguagem escrita. E isso possui grande potencial de desenvolver todos os outros conhecimentos humanos.

Olhando com mais detalhe, por tipo de escola, podemos ver onde estão os melhores, e como cada um, governo federal, governo estadual, governo municipal e setor privado, estão contribuindo para esse desempenho. O gráfico abaixo mostra as medianas dos estados em redação em 2022 segmentados por tipo de escola.

Os dados mostram que em 2022, o IFRN e as escolas privadas foram os grandes diferenciais do desempenho do RN, com a mediana das escolas privadas acima da do IFRN.

As escolas estaduais tiveram desempenho na mediana nacional, e aqueles que vieram de escolas municipais ficaram no grupo dos 12,5% piores desempenhos.

Esse dado trás uma perspectiva importante para estratégia educacional. Primeiro que no setor público, é evidente que o modelo que funciona é o modelo da escola federal. Onde não for possível desenvolver um IF, é preciso passar a gestão das escolas ao setor privado, pois este demonstra claramente capacidade superior de gerar resultado.

Seja como for, no contexto atual, com seu 1,6% de representatividade populacional do país, o RN demonstra estar dentre os 10% melhores do país, assim como seu primo Poty, o PI.

E isso é muito bom.

Além de comemorar e celebrar, é preciso considerar que se pode avançar ainda muito mais, seja aumentando a presença dos IF´s, seja passando escolas para a gestão privada.

Parabéns aos jovens, professores e escolas do RN pelo resultado!

 

 

 

 

Rubens Ramos – Professor doutor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
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