O DIRETOR –

Há gente para tudo nesse mundo, e ainda sobra alguém para tocar flauta.
Há pessoas prestativas, simpáticas, e que gostam de resolver os problemas dos outros. Outras, dão pitaco em tudo, no que devem e no que não devem, mesmo que ninguém peça opinião. Estas se tornam inconvenientes e chatas.

Parece até que gostam de irritar os outros.

Essas pessoas fazem parte do nosso dia a dia, inclusive em ambiente de trabalho.

Também, há pessoas cretinas, que gostam de ver o circo pegar fogo e são capazes de puxar uma tomada da parede, sem avisar, ou fechar o registro d’água, só para causar mal e provocar danos.

Já passei por isso na praia, com a casa cheia de gente e a empregada, com raiva da trabalheira do carnaval, na surdina, fechou o registro da água, e deu muitas gargalhadas no quintal, vendo as pessoas levando baldes com água para os banheiros, tirados de uma única torneira. Só descobri que tinha sido ela que tinha fechado o registro, no último dia de carnaval. A outra empregada dedurou.

Pois bem. Anos atrás, numa importante agência bancária, havia um diretor, de nome Josivaldo, que se preocupava mais em prejudicar os funcionários e outras pessoas que o cercavam, do que cuidar da sua própria vida e dos chifres que levava da mulher. Era do contra em tudo. Somente ele sabia das coisas. Pelas costas, era chamado de “dr. Sabe-tudo.”

Certa vez, o Presidente do Banco, em reunião com a Diretoria, comentou que havia convidado um determinado funcionário, dono de um currículo exemplar, para as funções de Gerente Adjunto da Agência daquele Banco em Nova York, um cargo muito importante e cobiçado. Para ele, o funcionário escolhido era o ideal para ocupar esse cargo, pois se destacava, há anos, pela dedicação ao Banco, conhecia todo o serviço, além de saber falar inglês corretamente e gostar muito dos Estados Unidos.

Ao ouvir a notícia da nomeação desse funcionário, para o cargo de Gerente Adjunto em Nova York, o tal Diretor linguarudo, que era sempre do contra, não se controlou:

-Mas, Presidente, logo esse cara, vai receber um prêmio desse?

– Alguma mancha contra ele? – Perguntou o Presidente.

Procurando, sem encontrar, alguma coisa, que pudesse denegrir o caráter do futuro Gerente Adjunto em Nova York, o maldoso Diretor saiu-se com essa resposta:

-Ele é muito mulherengo! Só pensa em mulher!
Admirado com a gritante falta de coleguismo do Diretor, o Presidente do Banco respondeu:

-Colega, aqui neste Banco todos os homens pensam em mulher, menos eu, por não ter mais idade, e você, porque é brocha, como se comenta por aí.

Foi água na fervura. O Diretor encabulou e não disse mais nada.

 

 

 

Violante Pimentel – Escritora

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
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