O CHÁ DE CONTAS VENCIDAS – Alberto Rostand Lanverly

O CHÁ DE CONTAS VENCIDAS –

Salta aos olhos de todos as dificuldades vivenciadas por muitos na atualidade, principalmente aos prestadores de serviço, restaurantes e afins, fazendo com que atitudes sejam imaginadas na expectativa de viabilizar a sobrevivência.

Depois de muitos anos como funcionário de uma multinacional, com o advento da pandemia, a empresa em crise, colocou Jesualdo em férias coletivas, justo ele que desde cedo acostumou-se a trabalhar para o bom sustento da família, agora estava tendo o seu salário diminuído pela metade.

Sem ter muito o que fazer, ultimamente se viciou em sair à noite e bebericar com amigos. Para economizar cumpria o caminho da ida caminhando e retornava sempre por volta das vinte e uma horas de ônibus.

Acontece que da última vez ele perdeu a hora, e tomou uma enorme cachaça. Dia seguinte acordou no meio da manhã com uma bruta ressaca. Não lembrava de nada acontecido, mas ficou com a orelha em pé.

Na cabeceira de sua cama, duas aspirinas e um copo d’água, mais adiante pendurada na cadeira, roupas para vestir bem engomadas e cheirosas, ao chegar no banheiro para escovar os dentes encontrou um bilhete de sua esposa: “querido, preparei o seu café da manhã e deixei na cozinha, fui ao médico, beijos da sua Generosa”.

Como sabia, sua companheira não era de tomar tais atitudes, portanto ficou a imaginar que algo estranho estava o ar. Desceu, encontrou mesa posta, foi quando perguntou a sua filha a respeito do acontecido. Ela respondeu: – você chegou às três da madrugada, muito bêbado, vomitou o tapete todo e caiu por cima da televisão quando chegou no quarto.

E qual o motivo de tudo estar tão arrumado para mim? A menina respondeu: – É porque quando mamãe foi tirar suas calças, para lhe colocar na cama, você gritou: – não faça isso, sou casado. Ela ficou emocionada e feliz.

Jesualdo me contou essa aventura afirmando que somente se recordava de estar no ônibus voltando para casa, quando entrou um anão e sentou ao seu lado. De repente ele viu o pequeno escorregar e o segurou pelos braços, acomodando-o na cadeira. Minutos depois o cidadão escapuliu novamente do assento, no que foi outra vez resgatado. Pouco tempo se passou e lá vai o anão para o chão, sendo salvo pelo companheiro de viagem.

Jesualdo, já pau da vida, olhando para ele falou: ora meu Deus, vai ficar aí deslizando o tempo todo? No que ouviu como resposta: – Vai te lascar filho de uma égua, já se passaram três pontos, eu querendo descer e você não deixa.

Após contar essas aventuras, Jesualdo convidou para participar de um evento, ainda novidade no Brasil, que estava a realizar em sua residência, no final de semana seguinte: O chá de contas vencidas.

Questionado do que se tratava, ele afirmou: – É bem legal, cada um traz a sua bebida, e ao chegar escolhe uma das minhas contas para pagar. Tem conta de água, luz, IPVA, IPTU, enfim boleto para todos os gostos. Posso confirmar a sua presença?

Figuraça o Jesualdo.

 

 

 

 

 

 

Alberto Rostand Lanverly – Presidente da Academia Alagoana de Letras

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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