O CANDIDATO –

Quando há eleições, é comum os candidatos ocuparem lugar ao redor das mesas apuradoras, interessados nas decisões e contagem dos votos. Tem medo que ocorram as antigas “Brejeiras” ou troca de urnas, do tempo dos coronéis.

A cada resultado, sem perda de tempo, vão logo solicitando certidão dos Boletins de apuração, para se prevenirem do resultado e evitar roubalheira..

Certo dia, repentinamente, um conhecido candidato apareceu no recinto da comissão apuradora e entrou, para verificar como andava o processo de apuração.

O conhecido candidato à reeleição estava eufórico, certo de que desta vez voltaria à Assembleia Legislativa do Estado. Todos os seus correligionários demonstravam interesse em saber como andava a votação na Capital e no interior.

A resposta do hábil político foi de que preferia não antecipar as coisas. Deixaria tudo para o final. Não queria sofrer por antecipação. Ainda acrescentou que, somente com a publicação do resultado no Diário Oficial, tomaria conhecimento do resultado de sua votação.

Os políticos ficam eufóricos durante as apurações. Os ânimos ficam acirrados, e quase sempre acontecem discussões.

Há candidatos que são ruins de urna, mas insistem em se candidatar. São eternos perdedores.

Em Natal, durante a campanha política de 1986, para a renovação do quadro dos chamados representantes do povo, houve um candidato que ficou conhecido pelas frases hilárias, diante dos eleitores, ouvintes do Programa Eleitoral Gratuito de televisão.

Esse candidato a deputado federal teve uma campanha muito movimentada e cheia de lances curiosos.

Ocupando o horário reservado ao seu partido, a sua palavra era no sentido de convencer o eleitor com frases de efeito, como:

“QUEM ENTENDE DE LEIS É “BANCARO?” – É “INDUSTRIARO”? – ELES NÃO “ENTENDE” DE LEIS. QUEM ENTENDE DE LEIS É “ADEVOGADO”. – SE EU FOR ELEITO COM SEU VOTO, EU VOU FAZER “A “LEIS” DA CONSTITUIÇÃO.”

Esse não conseguiu se eleger nunca, Era semianalfabeto e, além disso, tinha um sério problema de dicção, que não teve fonoaudiólogo que desse jeito.

Voltando às antigas eleições, nessa época, havia grande insegurança dos partidos políticos, na hora da apuração de votos, contados manualmente. Alguns políticos e advogados de renome eram useiros e vezeiros em praticar fraudes eleitorais, conhecidas como “brejeiras”, Compravam votos, ou os trocavam por dentaduras, vestimentas ou outros bens materiais; trocavam e substituíam urnas, com a troca de cédulas de votação já preenchidas, e faziam outras falcatruas, para tomar a vitória nas urnas a qualquer preço.

Os “coronéis” alteravam votos e falsificavam títulos de eleitor, para que os eleitores pudessem votar várias vezes, em diversas seções, até mesmo com títulos de pessoas falecidas. Eram os chamados votos de cabresto.

Quando o resultado da apuração das eleições demorava três ou quatro dias para ser concluido, inúmeras fraudes eleitorais eram cometidas no Rio Grande do Norte. Mas o caso mais gritante ocorreu com um candidato a deputado estadual, que, em Natal, aguardou com ansiedade a apuração, e constatou que a urna em que ele depositara seu voto não fora apurada. Simplesmente, a urna sumiu. Em outras palavras, a urna foi roubada.

Desesperado, o candidato Zé de Quina, que era fanho, encheu a cara de cachaça e chorou copiosamente numa mesa de bar, depois da apuração, e sua lamentação causava pena:

– Que meu pai e minha mãe não tenham votado em mim, é uma lástima, mas acredito;

– Que meu sogro e minha sogra não tenham votado em mim…eu acredito; ;

– Que meus irmãos e cunhados não tenham votado em mim…eu acredito.

– Que minha mulher não tenha votado em mim, é duro, mas eu acredito.

– Mas, eu mesmo não ter votado em mim?!!! É demais! É fazer dos outros besta! Isso eu não acredito nunca!. Sistema eleitoral infeliz, esse nosso!!!

Entretanto, o advento das urnas eletrônicas tornou as fraudes eleitorais cada vez mais impraticáveis.

Neste segundo turno das eleições presidenciais, vamos dar nosso voto de confiança ao sistema eleitoral brasileiro!

 

 

 

 

 

Violante Pimentel – Escritora

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
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