NOVO CANGAÇO SEM LAMPIÃO –
De início foram seguidos ataques a agências bancárias em cidades distanciadas das sedes estaduais e de grandes municípios.Em geral com métodos refeitos ao sertão de outrora. O bando se divide, parte inicia ataque contra o destacamento da Polícia Militar local, e fazem disparar fuzis de magnitude na direção do prédio, restando paredes e vidros crivados de balas. Já o núcleo bandoleiro cuida de explodir a agência bancária. Literalmente as cidades ficam sitiadas e o uso de reféns enreda a analogia aterrorizante aos tempos anárquicos do sertão nordestino do início do século XX.
O Brasil daqueles tempos de Lampião fervilhava de conflitos sociais e revoluções, o que não acontece hoje de forma circunstancial. Nosso tempo brasileiro se jacta por respirar a democracia e o legítimo Estado de Direito. Por que então a violência faz parte deste período de ideais consolidados, ou desmedidos? A Constituição de 88 por acaso deixou de assegurar a integridade e o direito de “ir e vir” do cidadão ao brasileiro? Onde está a falha regimental ou societária? Como está a res publica? O objetivo dos bandidos de hoje parece semelhar aos métodos do período cangaceiro, este o autêntico versus os bandos esbulhadores de hoje, buscam desafiar a autoridade policial e o estado. Parece ser o propósito ainda mais ousado, pelo fito de desconsiderar o estado, no que a este compete gerir as instâncias de segurança aos seus munícipes e citadinos. No sertão potiguar, recentemente houve um ataque à agência bancária. As populações do interior vivem com temor desses acontecimentos destrutivos, e muitos acham que o novo cangaço não se estamenta no âmago do sertão, mas que a ordem está se invertendo. A insegurança das grandes cidades fazem migrar bandos armados, organizados, para investir contra agências bancárias isoladas do interior. É como se regredíssemos na história, tanto em termos de cuidados essenciais à sociedade, quanto na desatenção aos moradores do sertão, que plantam e colhem o alimento para a sociedade, e recebem de troco a injuria, a violência sem fim e sem tamanho.
Luis Serra – Professor e escritor
As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores