“Graças à palavra o mundo parece ter um sentido”, diz o Nobel da Literatura José Saramago em um vídeo exibido na exposição permanente do Museu da Língua Portuguesa, que será reaberto no próximo 31 de julho depois de um incêndio em dezembro de 2015 ter destruído parte do prédio, localizado na Estação da Luz, região central de São Paulo.
Na frase de Saramago, a palavra que dá sentido ao mundo é em língua portuguesa, idioma falado por 261 milhões de pessoas em todo o mundo.
“A gente costuma provocar a pessoa para olhar para a língua não como um objeto. Porque você fala e não percebe que a língua é algo central na sua formação. Eu costumo dizer que a gente sonha, a gente pensa, a gente ama em português, e as pessoas não pensam nessas diferentes dimensões que nos constituem”, afirma o curador Hugo Barreto.
O Portal G1 participou de uma visita monitorada pelos curadores na manhã dessa segunda-feira (12).
“A língua está sempre em movimento e constante transformação. Ela é forjada pelas ruas e pelos poetas. De uma certa maneira, existe a dimensão da erudição da língua culta que alguns supervalorizam, mas ela não é o que orienta a própria trajetória da língua”, afirma ele.
A ideia, porém, não foi hierarquizar a língua oral em detrimento da erudita, de acordo com Ferraz, mas mostrar ao visitante que não importa quem ele seja, enquanto falantes de língua portuguesa, todos nós somos autores da língua de alguma maneira.
“A língua culta também é homenageada na Rua da Língua, onde temos, por exemplo, Augusto de Campos ao lado do grafite. Não quisemos hierarquizar, toda a língua portuguesa tem sua riqueza e beleza e seu contexto de uso. Todos os falantes são autores da língua de alguma maneira”, afirma.
A Rua da Língua a que se refere Ferraz é um painel de 106 metros de comprimento onde são projetados murais e outdoors como se ali fossem as ruas das cidades: pichações, provérbios, poemas, propaganda e inscrições anônimas da grande cidade.
O painel já existia antes do incêndio, de acordo com Ferraz, mas o olhar sobre a língua portuguesa foi ampliado com reflexões dos cerca de 4 milhões de visitantes que o museu teve em seus dez anos de funcionamento.
A linha do tempo, no segundo andar, possui uma escultura do poeta e cantor Arnaldo Antunes que simboliza justamente a língua portuguesa em movimento.
“A língua intermedia nossa relação com o mundo. Já a poesia possibilita experiências diretas, mas ela é em si um mundo”, diz Antunes em um vídeo feito exclusivamente para o museu.
Entre as novas instalações estão “Línguas do Mundo”. Trata-se de uma “floresta de línguas” feita com totens que recitam frases em 23 das mais de 7 mil línguas faladas atualmente.
Já a instalação “Falares”, traz diferentes sotaques e expressões do idioma no Brasil.
Por fim, a instalação “Nós da Língua Portuguesa” apresenta a língua portuguesa no mundo, com os laços, embaraços e a diversidade cultural da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Continuam no acervo as principais experiências, como a instalação “Palavras Cruzadas”, que mostra as línguas que influenciaram o português no Brasil; e a “Praça da Língua”, espécie de planetário do idioma que homenageia a língua portuguesa escrita, falada e cantada em um espetáculo imersivo de som e luz.
No terceiro piso, há um terraço com vista para o Jardim da Luz e a torre do relógio. Este espaço, que homenageia o arquiteto Paulo Mendes da Rocha, que morreu neste ano, receberá um café.
A reconstrução do Museu da Língua Portuguesa é uma iniciativa do Governo do Estado de São Paulo em parceria com a Fundação Roberto Marinho.
O primeiro andar do museu é dedicado às exposições temporárias.
A mostra “Língua Solta”, que traz os diversos desdobramentos da língua portuguesa na arte e no cotidiano, marca a reinauguração do espaço.
São 180 peças que vão desde mantos bordados por Bispo do Rosário até uma projeção de memes do coletivo Saquinho de Lixo, com curadoria de Fabiana Moraes e Moacir dos Anjos.
Os visitantes terão contato com o embaralhamento proposto pelos curadores, conectando a arte à política, à vida em sociedade, às práticas do cotidiano e às formas de protesto, de religião e de sobrevivência – sempre atravessados pela língua portuguesa.
Cartazes de rua, cordéis, brinquedos, revestimento de muros e rótulos de cachaça se misturam a obras de artistas como Mira Schendel, Leonilson, Rosângela Rennó e Jac Leirner, entre outros.
Antes do incêndio, o museu promoveu mais de 30 exposições temporárias. Entre os homenageados com exposições estiveram escritores como Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Machado de Assis e Fernando Pessoa, além do cantor e compositor Cazuza.
A reconstrução também incorpora melhorias de infraestrutura e segurança, especialmente contra incêndios, que superam as exigências do Corpo de Bombeiros.
Entre as novas medidas, está a instalação de sprinklers (chuveiros automáticos) para reforçar o sistema de segurança contra fogo.
No caso do museu, os sprinklers não são uma exigência legal, mas foi uma recomendação dos bombeiros acatada para trazer mais segurança para o projeto.
Cerca de 85% da madeira necessária para a recuperação das esquadrias foi utilizada do material já existente no edifício, com a reutilização de madeira da cobertura original, datada de 1946.
“Uma viga de madeira queimada no dia do incêndio está na entrada do museu para relembrar a história aos visitantes”, disse o curador.
Já na construção da nova cobertura, foram empregadas 89 toneladas (67 m³) de madeira certificada proveniente da Amazônia.
Os recursos necessários para a reconstrução do Museu da Língua Portuguesa foram de R$ 85,8 milhões – a maior parte do valor é proveniente de parceria com a iniciativa privada via lei federal de incentivo à cultura e indenização do seguro contra incêndio.
Museu da Língua Portuguesa
Praça da Luz, s/nº, Portão 1, Bom Retiro.
Terça a domingo, 9h às 18h (bilheteria fecha às 16h30) (40 pessoas por vez).
Ingressos: R$ 20 (inteira), R$ 10 (meia). Grátis aos sábados. Compra pelo site sympla.com.br.
Fonte: G1
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