A MELHORA DA MORTE –
Não há um consenso de quando começamos a envelhecer…
Recentemente, a Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos, fez uma aprofundada pesquisa com mais de dois mil participantes.
A pesquisa é longa e complexa, mas podemos extrair alguns tópicos de grande relevância. São eles:
– O pico da eficiência cerebral ocorre aos 22 anos;
– Os primeiros sinais de declínio são registrados aos 27 anos;
– A memória continua intacta até os 37 anos;
– A capacidade de acumular conhecimento, como ampliação do vocabulário, segue em forma até os 60 anos.
A dura verdade é que, à medida que o tempo vai passando, vamos envelhecendo, muitas vezes, sem perceber. As células mortas são repostas em ritmo mais lento. Os órgãos vão reduzindo seus tamanhos e, gradativamente, perdendo suas funções.
Passei dos cinquenta anos e ainda não sinto o “peso da idade”, mas, até quando?
Tenho plena consciência que o sol está se pondo… aliás, bem mais rápido que eu gostaria ou podia imaginar.
Viciado em metas, já estou desenhando um projeto para os meus sessenta anos, caso meu fígado me faculte esse direito.
O PVS (Projeto Vida Simples) tem como princípio básico uma vida frugal.
Minha última etapa da vida, antes do leito do hospital, será vivida, provavelmente, numa beira de praia. Oxalá consiga tomar umas pingas e compor mais algumas músicas…
A casa eu já a tenho na cabeça. Simples, pequena, avarandada e fácil de mantê-la. Meu projeto encontra luz, sobretudo em poesias, canções e filmes. A bela canção intitulada de “Senhorita”, do grande Zé Geraldo, é um dos mantras do PVS:
“…. Minha meiga senhorita
O que eu tenho é quase nada
Mas tenho o sol como amigo
Traz o que é seu e vem morar comigo
Uma palhoça no canto da serra, será nosso abrigo
Traz o que é seu e vem correndo, vem morar comigo
Aqui é pequeno mas dá pra nós dois
E se for preciso a gente aumenta depois
Tem um violão que é pra noites de lua
Tem uma varanda que é minha e que é sua
Vem morar comigo, meiga senhorita…”
Divirjo de Zé Geraldo apenas na escolha do lugar e no perfil da companheira. Quero morar na praia e ter como parceira uma senhora que já seja avó. Daquelas que usam calçolas folgadas, sem qualquer constrangimento…
Terei o básico. Bebidas e comidas simples. Baralho e uma TV para assistir filmes e seriados. Serão os elementos necessários para ajudar a passar o tempo que, provavelmente, andará a passos de tartaruga. Serei ativista do slow motion!
Voltarei a criar cachorros, como na adolescência, para substituir os afetos perdidos ou distantes. Familiares e amigos que estão longe ou já se foram, e filhos que ganharam o mundo em busca das suas realizações pessoais e profissionais.
Imagino-me pescando, todas às manhãs, ao lado de um casal de Labradores. O macho será amarelo e, a fêmea, chocolate. Serão batizados como Wadio e Marrom, em homenagem a dois ídolos da MPB: Oswaldo Montenegro e Alcione.
Por convicção e, também, por necessidade (questões hormonais) devo abandonar definitivamente as efusivas paixões – bem vividas e não arrependidas – e partir, já sessentão, para a busca do verdadeiro amor.
Para essa empreitada, quero uma esposa de verdade, com todas as características e idiossincrasias típicas do “ofício”.
Chamaremo-nos, um ao outro, de meu “véio” e minha “véia”.
Pode ser “algo” novo ou quem sabe um resgate de alguma das mulheres do passado…
Quero-a cúmplice, companheira, solidária, compreensiva, carinhosa e, de preferência, silenciosa. Aquela, cuja sexualidade já foi dominada e queira dormir “de conchinha” invertida, me fazendo cafunés, sem qualquer tipo de reboliço ou saliências.
Sexo só em ocasiões muito especiais e olhe lá…
Isso sim é o verdadeiro Amor!
Hoje, na iminência dos cinquenta e um anos, vivo numa intensidade amorosa gratificante e o faço feliz e por desejo. Tenho, no entanto, total consciência de que estou vivenciando minha última década de plenitude.
Estou degustando meus derradeiros lampejos de juventude!
Ainda darei muitos beijos sem promessas e farei declarações sem leis, como escreveu Silvio Rodriguez em “Com Diez Años de Menos”.
Comparo esses quase 10 anos que me faltam para ser sexagenário, ao que os espíritas chamam de “melhora da morte”. Segundo eles, a melhora da morte acontece, quando uma alma precisa desencarnar, e os familiares estão prendendo-a a terra através de uma energia muito forte. Essa energia pode ser o medo, a aflição, o sentimento de abandono, a saudade, enfim, tudo aquilo que sentimos quando estamos prestes a perder um ente querido. Para que a alma possa se desligar, os espíritos responsáveis por esse processo “injetam” uma melhora no paciente. De uma hora para outra, a pessoa tende a ter uma melhora súbita (meu momento atual) e isso anima a família, que relaxa e passa a transmitir energias positivas. No momento posterior, a pessoa desencarna.
Quero vivenciar essa “melhora da morte” com tudo a que eu tenha direito para, ao final, poder desencarnar meus órgãos sexuais, sem culpas, arrependimentos e recheado de maravilhosos filmes de curta, média e longas metragens, onde figuro sempre como protagonista.
Afirmo que não terei medo: que venham o pijama e as pantufas, desde que a velha memória guarde e facilite a reprise de tudo que aconteceu e ainda acontecerá nessa última década!
Fabiano Pereira – Arquiteto
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Texto arretado! Parabéns!