As manchas de petróleo que têm aparecido em praias do Nordeste desde o início de setembro já atingiram 99 localidades em 46 municípios de 8 estados. De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), a mesma substância está poluindo a costa brasileira. Trata-se de petróleo cru, e não de um produto derivado do óleo.
Em nota, a Petrobras afirma que o material não é produzido pela companhia. “A análise realizada em amostras atestou, por meio da observação de moléculas específicas, que a família de compostos orgânicos do material encontrado não é compatível com a dos óleos produzidos e comercializados pela companhia”. Os testes foram feitos no Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), no Rio de Janeiro. Ainda não se sabe a origem da substância.
Entenda em 10 pontos o que acontece nas praias do nordeste
Segundo o Ibama, os primeiros registros de óleo nas praias do Nordeste ocorreram no dia 2 de setembro nas cidades de Ipojuca e Olinda, no estado de Pernambuco. No dia seguinte, 3 de setembro, as manchas foram registradas em outras cidades do estado (Tamandaré, Recife, Jaboatão dos Guararapes) e também na cidade de Conde, na Paraíba.
O último estado afetado foi o Maranhão, com registros em quatro municípios feitos nesta quarta-feira (25), segundo o relatório oficial do Ibama, atualizado pela última vez às 17h da quarta.
As manchas já atingiram 99 localidades em 46 municípios de 8 estados, de acordo com o Ibama. No Nordeste, apenas o estado da Bahia não foi afetado ainda.
Além do Ibama, que é vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (DF), a Marinha e a Petrobras também estão investigando a evolução das manchas de óleo.
Uma investigação do Ibama com apoio dos Bombeiros do DF aponta que o petróleo que está poluindo todas as praias é o mesmo, mas sua origem ainda não foi identificada.
O Ibama afirma ainda que solicitou, em conjunto com a Capitania dos Portos, uma análise das amostras de óleo coletadas pelos técnicos para a Marinha e a Petrobras. O resultado desta análise mostra que a substância encontrada nos litorais é petróleo cru, ou seja, não se origina de nenhum derivado de óleo.
O Ibama requisitou apoio da Petrobras para atuar na limpeza de praias. Nos próximos dias, a empresa irá disponibilizar um contingente de cerca de 100 pessoas, segundo o instituto.
Ainda sem confirmação oficial, uma possível origem desta contaminação é de navios petroleiros que efetuaram uma limpeza nos tanques e depositaram os rejeitos no mar.
Segundo o coordenador do sindicato dos trabalhadores na indústria do petróleo de Pernambuco e Paraíba (Sindipetro PE/PB), Rogério Almeida, a prática é proibida, mas ainda acontece.
“É um óleo grosso, quase um piche. Pode ser rejeito de um navio após a limpeza dos tanques. Muitos navios continuam fazendo isso e deve ter caído em uma corrente marítima”, alertou Almeida.
Para ele, pessoas realizaram este descarte “de má fé” e “infelizmente chegou na costa nordestina”, ele refuta a hipótese de que o óleo tenha origem no vazamento de uma refinaria da região pela substância ser mais grossa.
“Não se parece em nada com o óleo da refinaria, ele não tem a mesma consistência e acompanhamos de perto que o que vazou da refinaria aqui na região foi controlado.”
O petróleo bruto é uma complexa mistura de hidrocarbonetos, que apresenta contaminações variadas de enxofre, nitrogênio, oxigênio e metais. Por isso, é importante que a população evite contato direto com a substância encontrada nas praias.
O Ibama orienta que banhistas e pescadores não toquem ou pisem no material. “Caso seja identificado o produto no mar ou nas praias, o cidadão deve informar o local exato à prefeitura. O óleo recolhido deve ser destinado adequadamente, não sendo recomendado misturá-lo com o resíduo comum”, explica o instituto.
O Idema (Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente) do Rio Grande do Norte emitiu comunicado alertando para os riscos de contaminação trazidos pela substância. O órgão esclarece que o material é classificado como Classe D pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), categoria que inclui também resíduos perigosos como tintas, solventes e outros óleos.
“É importante que a coleta seja feita utilizando ferramentas como rastelos e pás, acondicionando provisoriamente o material em recipientes plásticos, enquanto o produto não for retirado do local e procurando proteger-se do contato direto com o resíduo, não podendo ser retirado por tratores”, alerta o Idema.
O instituto pede ainda que seja evitado o contato direto com esse produto e, caso ocorra, orienta que a pessoa tente “retirar primeiro com gelo ou com óleos de cozinha, devendo logo após lavar a pele com água e sabonete neutro” . Como medida preventiva contra irritações e processos alérgicos, o Idema pede que pessoas que tiveram contato com as manchas nunca levem mãos sujas aos olhos e boca.
Até o momento, não há evidências de contaminação de peixes e crustáceos, segundo o Ibama. No entanto, a avaliação da qualidade do pescado capturado nas áreas afetadas para fins de consumo humano é competência do órgão de vigilância sanitária.
Procurada pela reportagem, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) disse, em nota, que “esse demanda cabe ao Ministério do Meio Ambiente”. O G1 entrou em contato com as secretarias de vigilância sanitária de cada um dos 8 estados afetados, mas somente Alagoas enviou uma resposta. O órgão informou que, “no caso da saúde pública, quem atua são as vigilâncias sanitárias municipais” e que, até o momento, a secretária estadual não recebeu nenhuma orientação da Anvisa sobre as manchas.
Os animais marinhos podem ser afetados tanto pela ingestão da substância, que é tóxica, tanto pelo contato com líquido que gruda e compromete a locomoção de tartarugas e aves. As aves e os mamíferos ainda podem morrer de frio porque a pele deles é recoberta por uma camada especial de gordura e o petróleo permite que a água penetre.
O óleo já atingiu ao menos nove tartarugas e uma ave bobo-pequeno ou furabucho (Puffinus puffinus), conhecida pela longa migração. Segundo o Ibama, uma das tartarugas foi devolvida ao mar e outra foi encaminhada a um centro de reabilitação. Sete tartarugas foram encontradas mortas ou morreram após o resgate. A ave também não resistiu ao óleo.
Caso seja encontrado algum animal com óleo, a orientação é que sejam acionados imediatamente os órgãos ambientais para adotar as providências necessárias. “O animal não deve ser lavado nem devolvido ao mar antes da avaliação de veterinário”, diz o Ibama.
Ainda não há registros oficiais de avistamento de óleo em unidades de conservação, mas se a mancha continuar avançando há risco de atingir áreas de proteção próximas, inclusive praias com desova de tartarugas marinhas.
A área de especial proteção ambiental e “paisagem natural notável” na divisa entre os municípios de Aracaju e Barra dos Coqueiros, no estado de Sergipe, é uma das que pode ser afetada se a mancha de óleo avançar.
Outra unidade de conservação ameaçada é a Reserva Biológica de Santa Isabel, em Pirambu (SE), onde o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) desenvolve um projeto de preservação de tartarugas-marinhas.
Em abril, manchas de óleo surgiram na Região dos Lagos, no estado do Rio de Janeiro, atingindo as praias de Arraial do Cabo, Cabo Frio e Búzios. O acesso as praias chegou a ser interditado para a retirada do material. Após analise, foi comprovado que as placas de óleo eram resíduos de operações da Petrobras. No atual caso, a Petrobras afirma que não tem ligação com o problema.
Fonte: G1
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