AS LIÇÕES DO MOVIMENTO DOS CAMINHONEIROS –
A mobilização dos caminhoneiros está praticamente encerrada, resiste em pequenos pontos para a dimensão que tomou, precisamos agora, levantar os aspectos das lições desta mobilização, que demonstrou muita força, capilaridade e de grande impacto em todos os segmentos econômicos e sociais do país, dizendo desde já da legitimidade da mobilização, que é próprio da democracia e da pluralidade.
A dimensão que a mobilização ganhou, com uma adesão muito forte dos caminhoneiros, mostrou também, que as lideranças sindicais representam uma parcela da categoria, mesmo assim, foi capaz de negociar e não se deixar envolver por outros interesses, como foi o caso de aventureiros e saudosistas da ditadura, uma página que deve ser virada na História do país, mesmo sem descuidar das lições daquele período triste.
O governo falta legitimidade, está completamente destruído, fruto do golpe que maculou nosso Estado Democrático de Direito em construção, e sua política de preços para os combustíveis não se coaduna com os interesses nacionais, incrivelmente neoliberais, como se o mercado fosse resolver tudo, sem a regulação pelo Estado, atendendo os interesses das multinacionais petroleiras, chegando ao ponto de desarticular as Refinarias brasileiras, rebaixando inclusive, a Refinaria Clara Camarão.
A solidariedade no país ainda é um aspecto temerário, principalmente, de comerciantes inescrupulosos, querendo aumentar os combustíveis com preços exacerbados, como foi um caso típico em Recife, amplamente noticiada, como também, o que ocorreu com preços dos alimentos de primeira necessidade, devendo extrair destas situações infratoras, a lição da punição dentro da legalidade, com inquéritos e processos de natureza penal.
Outros aspectos podem ser citados: como a demonstração da falta de organização da população brasileira, atônita, brigando nas filas dos postos de combustível, faltaram instituições e lideranças para efetuar um mínimo de liderança e organização, de fato a defesa civil não funcionou e nem foi convocada. E o comportamento de parte da mídia, da grande imprensa monopolista, mais uma vez, se colocou mal, desinformando, sendo urgente uma reforma na comunicação social.
A dependência do forte mercado interno nacional do transporte de carga rodoviário ficou patente, precisando de providências de longo prazo, pois, se foi importante o crescimento da indústria de veículos rodoviários no passado para alavancar processos de desenvolvimento, hoje, restou demonstrado que é preciso encontrar alternativas, como o transporte marítimo, ferroviário, hidroviário e aeroviário para cargas.
A carga tributária no país é muito pesada, principalmente em cima dos assalariados, dos setores médios e da população, obrigando a preços aviltantes, muito diferente de outros países, fruto de uma política econômica conservadora e excludente com raízes históricas e com um Estado que precisa melhorar muito, com mais profissionalização.
Evandro de Oliveira Borges – Advogado
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