Será a inveja um defeito eminentemente feminino? Acho que não. Conheço muito homem invejoso. Mas Roberto, que cuida de gramas e flores como profissão, disse-me que não sabe o que é inveja. E explica: “Porque é um pecado de mulher”.
Na mitologia, um dos símbolos da inveja é um personagem feminino, desgrenhado e vesgo, montado em um dragão com um osso na boca. Outros são o escorpião e o morcego. De qualquer maneira, a simbologia mostra que é um vício muito feio.
O primeiro invejoso foi um agricultor que matou o próprio irmão, dedicado à pecuária. Eram Caim e Abel. A inveja gera a violência.
É uma tristeza ou sentimento de pesar pela felicidade ou o bem do outro, é o desgosto ou a cobiça das coisas alheias. Quem inveja os grandes fica pequeno.
Não é a inveja, como pode parecer, um pecado do pobre: há muita gente rica e invejosa. A mulher feia e rica acha que a outra é bonita porque é maqueada; homens que só vêem números invejam poetas; prolifera a inveja (invídia!) literária, de quem sabe escrever; também o pobre acha que o outro é rico porque é desonesto. O invejoso sofre demais. Machado de Assis compara: “Quem nunca invejou não sabe o que é padecer”.
O invejoso é um escravo. Vive preso à tristeza de não ter o que os outros têm. Enquanto a soberba é mais um vício de quem está por cima, a inveja é própria de quem está por baixo, é mesmo uma confissão de inferioridade. Existe um ditado popular rimado em Portugal, creio que citado por Miguel Torga, assim: “A galinha da minha vizinha é mais gorda que a minha”. É possível um exemplo maior de inveja do que esse?
Os invejosos morrem, mas a inveja permanece. Está em Molière: “Envieux meurent, mais envie ne meurt jamais”. Parte a inveja da concorrência que gera emulação, rivalidade, que gera desgosto pelo êxito do rival.
A mim, que me confesso pecador profissional, Deus poupou o sentimento de inveja. Fico feliz com o êxito das pessoas, gosto do bem que o êxito produz. Fico alegre em estimular pessoas para conquista. Afinal de contas, é essa a função do professor. Mas me pergunto: O que considero minha incapacidade de invejar não será soberba? Quando disserem que eu tenho inveja responderei dizendo que tenho admiração, crente de que tenho mesmo admiração.
O importante é pensar em atingir a grandeza e a felicidade de Frei Luís de León: “Livre de amor, de ciúme, de ódio, de esperança”. Quem se livra de ter inveja ou de ser invejado?
Vamos pedir a Deus bondade, que se multiplique, para poder seguir a lição de Leon Tolstoi: “Assim como uma vela acende outra e pode acender milhares de outras velas, um coração ilumina outro e pode iluminar milhares de outros corações”.
Diógenes da Cunha Lima – Advogado, Professor, Poeta, Escritor, Presidente da Academia Norte-riograndense de Letras diogenes@dcl.adv.br Autor de “Natal – Uma Nova Biografia”.
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