Casos ‘dramáticos’
Pela decisão do presidente Donald Trump, setores como o de café, carne bovina e frutas devem sentir o impacto com força, pois sofrerão com uma alíquota adicional de 50% em suas vendas aos Estados Unidos.
De acordo com Haddad, há casos “dramáticos” entre os afetados.
“Há muita injustiça nas medidas anunciadas ontem, há correções a serem feitas. Há setores que não precisariam estar sendo afetados. Nenhum a rigor, mas há casos que são dramáticos, que deveriam ser considerados imediatamente”, declarou o ministro da Fazenda.
Em nota divulgada nesta quarta-feira (30), a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) informou que a aplicação de uma nova tarifa de 50% sobre produtos brasileiros compromete a viabilidade econômica das exportações ao mercado norte-americano.
O decreto não prevê isenção na taxação para a carne bovina que já está sob alíquota de 26,4%. Os EUA importaram 229 mil toneladas de carne em 2024. Para 2025, a previsão era atingir 400 mil toneladas.
“A entidade está em diálogo com os importadores norte-americanos e colabora com o governo federal na busca de uma solução negociada. Reforça a importância de preservar o fluxo comercial com os EUA, que enfrentam atualmente o menor ciclo pecuário dos últimos 80 anos”, informou a Abiec.
Ajuda a setores afetados
O ministro da Fazenda também afirmou que o governo segue trabalhando em uma ajuda aos setores afetados pelo tarifaço, que será anunciada nos próximos dias — com foco na indústria, na manutenção de empregos e no setor do agronegócio.
“Parte do nosso plano previsto vai ser apreciado para ser lançado nos próximos dias, de apoio, proteção à indústria brasileira, aos empregos no Brasil, ao agro também quando for o caso (…) À luz do que foi anunciado ontem [por Trump], vamos fazer a calibragem para que isso possa acontecer o mais rápido possível. Os atos já estão sendo preparados aqui na Fazenda para encaminhamento à Casa Civil”, disse Haddad a jornalistas.
Entre as medidas, segundo Haddad, haverá linhas de crédito aos setores que tiverem suas vendas externas aos Estados Unidos sobretaxadas. “Vamos analisar caso a caso”, disse o ministro.
Ele não confirmou novas ações, mas o ministro já havia informado nesta semana que um plano de proteção ao emprego, nos moldes do que aconteceu na pandemia da Covid-19, pode estar na mesa.
Na época, o governo pagava parte ou mesmo a íntegra de salários de empregados do setor privado e, em troca, as empresas deveriam garantir por algum tempo a manutenção destas contratações. É uma opção que está na mesa.
Se as medidas emergenciais adotadas durante a pandemia servirem de modelo para a área econômica, também pode ser adotado um adiamento de tributos, ou seja, uma prorrogação de prazos para pagamento de impostos como Simples Nacional, FGTS e INSS patronal, e suspensão de infrações pelo não recolhimento. Essas ações, porém, não estão confirmadas.
Brasil vai recorrer
O ministro Haddad afirmou, também, que o Brasil vai recorrer da decisão sobre o tarifaço tanto nos Estados Unidos quanto em organismos internacionais.
“Vamos levar às autoridades americanas os nossos pontos de vista, e obviamente vamos recorrer nas instancias devidas tanto nos Estados Unidos, quanto nos organismos internacionais, dessas decisões no sentido de sensibilizar que isso não interessa não só ao Brasil, mas à América do Sul”, declarou ele.