GERAÇÃO EM EXTINÇÃO –

A turma de Engenheiros Civis da antiga Escola de Engenharia da UFRN completará, neste ano de 2019, 50 anos de formatura. Isso mesmo, a minha turma festejará bodas de ouro no dia 11 de dezembro, Dia do Engenheiro.

Analisando nossa retrospectiva de vida durante o transcorrer desse meio século, dá para vislumbrarmos vários pontos positivos na contribuição dos engenheiros formados em 1969, para o progresso do Estado e na realização profissional de cada um dos integrantes da turma.

Basta imaginarmos o volume de água que já passou por debaixo das pontes que planejamos, ou a quantidade de carros que transitam pelas estradas que abrimos ou, ainda, o número de pessoas abrigadas nas casas e edifícios que construímos ou circulando por shoppings e logradouros públicos que erguemos.

Isso sem falar nas turmas que ocuparam as nossas vagas na faculdade, e para as quais repassamos os conhecimentos ali adquiridos, na condição de docentes universitários ou, para outros engenheiros, quando da labuta profissional diária.

Recordando o início dessa jornada, bem antes de colocarmos os pés na faculdade, descobriremos que vivenciamos momentos diversos, sem nenhuma conexão com o mundo de hoje. No nosso tempo obedecíamos aos pais, respeitávamos os professores e não deixávamos anciãos viajarem de pé em transporte público.

Tivemos a sorte de estudar em escolas e faculdades gratuitas com ensino de qualidade; não conhecemos o espectro do bullyings ou brincadeiras de consequências danosas; e, não depredamos escolas nem agredimos os nossos mestres.

Assistimos Neil Armstrong dizer “um pequeno passo para um homem, um salto gigantesco para a humanidade”, ao pisar na Lua. Vimos o nascimento da Bossa Nova, do rock‘n’roll, dos Beatles, dos Rolling Stones e acompanhamos o festival de Woodstock sem que ninguém se tornasse hippie.

Na nossa época não existia planos de saúde, mas dispúnhamos de assistência médica e hospitalar satisfatórias às expensas do Estado. Brincávamos o Carnaval em clubes e blocos de rua sem drogas, furtos ou crimes, pois havia segurança pública de verdade.

Frequentávamos bailes de debutantes, gozávamos férias nas praias onde os veraneios duravam 60 ou mais dias. E como namorávamos! Muitos de nós se casaram com os primeiros romances de suas vidas e estão unidos até hoje. Aos domingos, visitávamos os pais para pedir-lhes a benção e abençoarem os netos.

Conseguimos sobreviver sem a parafernália eletrônica que veio no encalço da internet e, como entorpecentes viciantes, aprisionou crianças aos computadores absorvendo-lhes o tempo antes dedicado ao relacionamento familiar.

Não se falava em aquecimento global, devastação de floresta, poluição de água e do ar, tampouco em eliminação de espécies do mundo vegetal ou animal. Tentamos construir um mundo melhor para nossos descendentes, porém esse mundo tornou-se irreal pela insanidade da agressão à natureza.

A verdade é que, sem percebermos, fazemos parte de uma geração  em extinção, que mitiga a decepção do esquecimento, por conta de alterações profundas em costumes, conceitos e valores de outrora.

José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro e Escritor

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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