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FINANÇAS PESSOAIS E ECONOMIA – Guilherme Viveiros

COMO AUMENTAR O MEU RENDIMENTO EM RENDA FIXA? –

Há mais de um ano estamos com uma taxa de juros de 6,5% ao ano, e se descontarmos a inflação de 4,58% dos últimos meses, teremos um rendimento real anual de 1,8% ou 0,15% ao mês! Isso mesmo, 0,15% ao mês!!!

Se você tem investido R$100mil, o rendimento real (descontada a inflação) será de R$150,00. Uma das maneiras de aumentar o seu rendimento em investimentos pós-fixados, buscando um rendimento próximo de 8,10% a.a., é investir em FIDC – Fundo de Investimento em Diretos Creditórios.

O que é FIDC?

Ele funciona como um condomínio de investidores, que unem seus recursos em um investimento comum, para aplicar em títulos de crédito criados a partir de contas a receber de uma determinada empresa. Ou seja, o Fundo antecipa recebíveis para uma empresa vendedora e cobra um juro por essa antecipação.

Como funciona um FIDC?

Assim como outros Fundos de Investimento, o Fundo de Direitos Creditórios é constituído e administrado por uma instituição financeira que vende cotas em troca da captação de recursos para realizar suas aplicações financeiras. Porém, o FIDC possui algumas peculiaridades e uma estrutura mais complexa.

Quais são os tipos de cotas do FIDC?

Um FIDC é composto basicamente por 2 tipos de cotas e elas influenciam diretamente na sua rentabilidade e risco. A proporção de cada cota é definida na estruturação do fundo e mencionada em seu regulamento.

Um FIDC pode ter, por exemplo, 70% de cotas do tipo Sênior e 30% de cotas do tipo Subordinada. Essa divisão é a responsável por garantir que grande parte dos cotistas tenham a sua rentabilidade fixa predeterminada, de forma que a menor parte assume os riscos almejando maiores lucros.

  • Cota Sênior/Mezanino: São cotas que possuem preferência no recebimento do valor do resgate ou amortização. As cotas seniores possuem um objetivo de rentabilidade prefixado e, com isso, se comportam como título de Renda Fixa. A grande maioria dos investimentos disponíveis no mercado, são baseados nestes tipos de cotas.
  • Cota Subordinada: São cotas que devem se subordinar às cotas seniores em relação ao resgate ou à amortização. Ou seja, o dono de uma cota subordinada só receberá rendimentos depois que os cotistas seniores receberem a sua parte, sendo assim, ele assume o risco sobre qualquer inadimplência em busca de uma maior rentabilidade.

Agora você pode se perguntar o que isso significa e qual a vantagem de possuir uma cota subordinada. É simples:

Se o Fundo tiver uma rentabilidade inferior à prevista, os cotistas seniores terão sua rentabilidade fixa assegurada e os cotistas subordinados receberão um pagamento menor, resultado do que sobrou dos lucros.

Mas se o Fundo tiver uma rentabilidade maior que a prevista, os cotistas subordinados terão uma rentabilidade superior a dos cotistas seniores, que continuarão com a mesma taxa fixa acordada.

Quem pode aplicar nestes Fundos?

Uma diferença do FIDC é que ele é destinado apenas a investidores qualificados. Essa categoria inclui:

  • Investidores classificados como profissionais
  • Pessoas naturais que possuam certificação da CVM para registro de agentes autônomos, analistas, administradores de carteira e consultores de valores mobiliários
  • Clubes de investimentos geridos por um ou mais cotistas que sejam investidores qualificados
  • Pessoa física ou jurídica que possa investimentos de mais de R$1 milhão, comprovados por termo assinado

Portanto, o Fundo de Direitos Creditórios não é um investimento acessível a pequenos investidores. Devido a isso, grande parte dos investimentos são feitos por investidores institucionais, como seguradoras, fundos e gestores de fundos.

 

Rentabilidade do Fundo de Recebíveis

A rentabilidade de um FIDC pode ser bastante atrativa e é isso que o destaca frente a outros investimentos da Renda Fixa. Você pode encontrar fundos que oferecem rentabilidades superiores a 120% do CDI.

Riscos do investimento

Como todo investimento, o Fundo de Direitos Creditórios também possui riscos, que podem ser um pouco maiores que outras opções como o Tesouro Direto, o CDB ou as LCI e LCA. Os principais deles são:

  • Risco de Crédito: Como se trata da cessão de direitos creditórios, há o risco de inadimplência ou atrasos nos pagamentos. Ou seja, há risco dos consumidores não arcarem com seus compromissos, o que implica em menores ganhos ou até mesmo prejuízos.
  • Risco de Mercado: É o risco de fatores de mercado influenciarem na oscilação no preço e rentabilidade dos ativos do Fundo. Por exemplo, se a inflação aumentar, isso pode influenciar no valor dos pagamentos.
  • Risco Operacional: O FIDC envolve diferentes instituições em sua administração, portanto, existe o risco de uma das partes envolvidas cometer algum erro em sua função e comprometer todo o fundo.

Também vale lembrar que não existe seguro do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para aplicações em Fundo de Investimentos. Portanto, é essencial avaliar todas as regulamentações do fundo, assim como a instituição financeira responsável por administrá-lo.

Vantagens e Desvantagens

Como todo investimento, o Fundo de Recebíveis possui vantagens e desvantagens, por isso resumimos algumas que se destacam:

Vantagens

  • É uma boa opção para diversificação dos investimentos.
  • Os FIDCs recebem classificação de risco por agências de rating, o que torna mais claro o nível de segurança do fundo.
  • Podem ser contratadas consultorias de crédito para avaliar os recebíveis antes que passem a compor os fundos, o que confere mais segurança ao investimento.
  • Rentabilidade bastante atrativa, muitas vezes superior a 120% do CDI.

O controle do Fundo de Investimento de Direitos Creditórios envolve diversas instituições, o que torna a fiscalização maior, outro ponto que favorece a segurança.

 

Desvantagens

  • O investimento é restrito a investidores qualificados e profissionais.
  • Não possui garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
  • Valor mínimo é relativamente alto, a partir de R$ 25 mil. Este valor é definido pela própria regulamentação da CVM.
  • Baixa liquidez.
  • Risco maior que outros investimentos, por se se tratar de aplicação em créditos.

 

Guilherme ViveirosEngenheiro Civil com MBA em Gestão Empresarial pela FGV

 

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

 

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