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Entenda operação de desencalhe que levou baleias-piloto para 6 km distante da costa do RN

As 16 baleias-piloto que estavam encalhadas na praia de Pititinga, no litoral do Rio Grande do Norte, foram levadas para cerca de 6 quilômetros de distância da costa em uma operação de desencalhe realizada nesta segunda-feira (3).

A operação durou cerca de 7 horas e contou com grupos ambientais – com cerca de 25 profissionais entre biólogos, médicos veterinários e voluntários -, Corpo de Bombeiros e pescadores locais, que cederam parte das embarcações usadas.

As baleias-pilotos estavam encalhadas desde sexta-feira (31) e, segundo os veterinários que as monitoravam, demonstravam sinais de fraqueza e desorientação.

Até a atualização mais recente desta reportagem, nenhuma baleia-piloto havia encalhado novamente na costa após a volta ao mar aberto. Essa possibilidade, no entanto, existe, segundo explicaram os especialistas.

Desde que encalharam, as baleias não conseguiram voltar ao mar aberto sozinhas. Veterinários diagnosticaram em alguns dos animais uma alta infecção parasitária no sistema auditivo, o que atrapalha o senso de localização deles.

Num primeiro momento, as baleias-piloto que chegaram a encalhar na areia foram colocadas pelos próprios moradores e pescadores da região novamente no mar.

Ao todo, eram 21 baleias-piloto que haviam encalhado no mar raso, mas cinco delas morreram – quatro em Pititinga e uma em Zumbi, praia ao lado, que também fica no município de Rio do Fogo, no litoral Norte potiguar.

Embora tenham o nome de baleias-piloto, os animais na verdade são uma espécie de golfinho de grande porte, assim como as orcas, normalmente chamadas de baleias.

Cerco de embarcações e rede de pesca como guia

Segundo os coordenadores do projeto Cetáceos da Costa Branca, da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (Uern), e do Centro de Estudos e Monitoramento Ambiental (Cemam), que acompanham as baleias desde que elas encalharam, a operação de desencalhe foi considerada um sucesso.

As equipes conseguiram levar os animais com uma rede de pesca de mais de 20 metros e um cerco feito por embarcações. Foram utilizadas duas embarcações pesqueiras de médio porte e duas motos aquáticas do Corpo de Bombeiros, além de uma jangada.

“A operação foi amplamente planejada e com os recursos necessários para nós levarmos os animais vivos que restavam aqui na praia”, explicou o coordenador do projeto Cetáceos, Flávio Lima.

As baleias foram levadas até certo ponto através da rede e depois acompanhadas até o mar aberto, segundo explicou o coordenador do projeto Cetáceos.

Segundo o presidente do Cemam, o biólogo Daniel Solón, uma equipe também monitorou durante toda a tarde de segunda-feira se alguma baleia havia encalhado novamente nas prais de Rio do Fogo, onde elas estavam, o que não ocorreu.

Segundo Daniel, o processo de desencalhe representou uma primeira etapa de toda a operação. “Nos próximos dias serão realizados monitoramentos sucessivos”, explicou.

O biólogo disse que há ainda a possibilidade dos animais encalharem em algum outro ponto da costa.

“Agora a gente passa por uma nova etapa, na qual a comunicação é importante. Porque, por mais que tenhamos tido sucesso na primeira etapa, algum animal pode vir a encalhar, e não necessariamente no mesmo local”, explicou.

Por isso, caso alguém veja algum animal encalhado, deve entrar em contato da forma mais rápida possível com o Cemam.

Esse foi a segunda tentativa de levar o animais até o mar aberto. A primeira aconteceu no domingo (2), quando a tentativa foi de afastar os animais com o barulho e aproximação das embarcações, porém eles não reagiram à presença dos barcos.

Baleias apresentavam sinais de desorientação

Segundo o biólogo Vinícius Santana, do projeto Cetáceos e do Cemam, as cinco baleiss mortas encontradas apresentavam “alta presença” de parasitas dentro do aparato auditivo, o que pode ter causado desorientação.

“Como são animais que dependem da orientação por meio do som, a presença desses parasitas nesses órgãos do aparato auditivo causa desorientação. Eles apresentam um comportamento alterado e lateralizado”, explicou.

Ainda de acordo com o especialista, os animais vivem em grupos “coesos”, que seguem fielmente seus líderes. Na espécie, as famílias são lideradas normalmente pelas fêmeas.

“Esse animal acometido vem até a região mais costeira e acaba que todo o grupo segue ele também. Enquanto houver líderes acometidos, enfermos, no meio desse grupo, dificilmente esse grupo ele irá retornar pro alto mar”, disse o biólogo.

Ainda de acordo com Vinícius, os animais apresentaram fraqueza, com sinais de magreza, porque provavelmente ficaram muito tempo sem alimentação. A dieta das baleias-piloto engloba peixes e outros organismos presentes em alto-mar, diferente dos encontrados no litoral.

Ainda que as instituições ambientais conseguissem a alimentação para os animais, eles não teriam condição de se alimentarem, explicou o biólogo, por conta da condição de estresse e do estado clínico.

“No caso de alimentação oral forçada, provavelmente eles regurgitariam a comida. A possibilidade médica-veterinária e biológica é, em caso de encalhe na areia, dar polivitamínicos e glicose”, explicou.

Fonte: G1RN

Ponto de Vista

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