ENSINO MÉDICO, UMA REFLEXÃO – Berilo de Castro

ENSINO MÉDICO, UMA REFLEXÃO –

Há aproximadamente dez anos, o Governo Federal, por meio do Ministério de Educação e Cultura (MEC) e, quem sabe, por influência daqueles adeptos da Lei de Gerson, abriu  as portas para criação de novas Faculdades de Medicina. Foram 160 novas Escolas Médicas criadas; pior, em locais totalmente desprovidos de infraestrutura para a complexa formação médica. O mais curioso: 70% delas são Faculdades Privadas com mensalidades que variam de 7 a 18 mil.

O Brasil tem hoje 341 Escolas Médicas. Formamos no momento 25 mil médicos/ano. Quando todas as Escolas Médicas estiverem concluindo seus cursos, estaremos formando 35 mil médicos/ano.

Em números de Faculdades de Medicina no mundo, o Brasil só fica atrás da Índia, que possui 400 escolas médicas, para uma população de aproximadamente de 1,400 bilhão ( 6 vezes maior do que a nossa); nos EEUU, são 131 e na China são 150. É estarrecedor e indevido o comparativo.

Segundo declaração do Presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), estudo recente realizado na Universidade de São Paulo (USP), mostrou que o médico trabalha em média 44 anos (vida ativa), assim sendo, em uma projeção numérica simples, para os próximos 40 anos, teremos o número assustador de 1,5 milhão de médicos no mercado de trabalho. Haja trabalho para toda essa gente!

As residências médicas (pós-graduação), consideradas como o padrão ouro na formação prática do médico em suas especialidades, não acatarão jamais esse aumento estarrecedor e anárquico de profissionais em suas limitadas vagas. Assim sendo, um grande número deles ficará de fora dessa prática considerada como essencial para uma boa e sólida formação médica.

Vejamos o que vem acontecendo no nosso pequeno Estado, com esse desmantelo impensável e irresponsável.

Possuímos seis cursos médicos, assim distribuídos: três na capital e três no interior. Dos seis, apenas dois (na capital) estão formando suas turmas no momento, com um número de aproximadamente 400 médicos/ano. Quando as demais Faculdades estiverem concluindo seus cursos, passaremos a formar uns 600 médicos/ano, com a maioria deles procurando e ocupando as Unidades de Pronto Atendimento (UPAS) e os Serviços de Urgências e Emergências, sem uma formação consistente em qualidade para exercer dignamente a profissão.

Dos seis cursos oferecidos no Estado, somente um oferece residência médica, o da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o outro, apesar de ser de domínio particular, fica a mercê do empenho incansável de seus alunos a procura de favores em hospitais privados/conveniados para poder frequentá-los em forma de Ligas Especializadas, ou então, em Unidades de Pronto Atendimento (UPAS).

As outras três, duas em Mossoró (uma particular e outra do Estado) e uma em Caicó, essas, sim, ainda mais carentes. São verdadeiras formadoras e entregadoras de diplomas médicos. Uma tristeza, uma vergonha!

Esperamos que o Governo Federal, o Ministério de Educação e Cultura e o Conselho Federal de Medicina (CFM) tomem providências para dar fim a essa manobra desastrosa, maléfica e inoportuna que foi implantada no passado, e faça valer a qualidade e o bom desempenho da atividade médica em todo o País.

Ensino médico com qualidade, eficiência e valorizado: que essa seja a meta a ser alcançada. Assim seja!

 

 

Berilo de Castro – Médico e Escritor,  berilodecastro@hotmail.com.br

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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