EDUCAÇÃO PARA O FUTURO –

No arquipélago educacional brasileiro, há ilhas de excelência. No plano superior, temos universidades, criadas apenas no século passado, que se nivelam a congêneres multisseculares. São exemplos: a USP, a UNICAMP e a UFRJ. A nossa UFRN tem se destacado também com excelência em vários campos de pesquisa e de ensino.

A educação é, sabidamente, o mais poderoso instrumento de elevação socioeconômica. Os avanços tecnológicos e invenções pedagógicas impõem alteração escolar. O professor deixa de ser o magister dixit, o tutor, para ser guia, o mediador. Ele orienta para que o aluno possa usufruir da fonte dos saberes, o binômio internet-biblioteca. O processo educativo deve contemplar a cultura, a realidade local e as condições personalíssimas do aluno. Deve aproveitar a “mania” contemporânea do uso dos smartphones, tablets, computadores, o máximo das riquezas on-line. O aluno passa a ser mais agente, protagonista, preparado para exercer a crítica da informação recebida.

A escola deve estar em rede com outras escolas, conectada com as vanguardas pedagógicas, falando linguagem comum. Assim, o professor terá papel ainda mais relevante. Dele será exigido amplo saber, ressignificar o seu conhecimento cotidianamente, aprimorar as suas habilidades para melhor exercício profissional, ser ainda mais o professor-intelectual. Em verdade, terá que buscar a sua própria valorização, uma vez que os donos do poder não o fazem. Talvez por temerem o intelectual.

Uma tragédia shakespeariana bem ilustra o medo que o poderoso tem do intelectual. Júlio César aponta Cassius como magrela, perigoso. Porque lê muito, pensa demais e tudo observa.

Infelizmente, no Brasil, a mais nobre profissão não é estimulada. A dedicação não é recompensada, nem atendidas as suas reinvindicações. A deficiência da escola e da escolarização se reflete na evasão escolar, na repetência, no desinteresse pelos resultados das metas. O professor finge que ensina e o aluno finge que está aprendendo.

Se continuarmos com a educação deficiente iremos negar a profecia de Stefan Zweig. Ao invés de o Brasil ser “O País do Futuro” será “O País sem Futuro”.

Mesmo assim, não podemos desanimar. No Brasil, estão insulados sistemas eficientes e com resultados surpreendentes.

O Rio Grande do Norte teve o privilégio de abrigar, em Angicos, o pioneiro projeto de educação popular (1963) sob orientação de Paulo Freire. O êxito da iniciativa serviu de referência para a concessão do título de doutor Honoris Causa ao educador e filósofo brasileiro por mais de vinte universidades europeias e norte-americanas.

Em nosso Estado, Parnamirim tem recebido prêmios singulares. Todas as setenta escolas municipais têm bibliotecas com mediadores de leitura. O projeto “Rio da Leitura” conta com o entusiasmo de professores que aconchegam o aluno às fontes do saber. Faz jus ao nome. Rio está no significado do nome em Parnamirim, é corrente, flui e ainda lembra o sorriso.

Quando as ilhas de excelência se juntarem formando um continente, todos seremos contemporâneos do futuro.

 

Diógenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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