DOÇURA – Bárbara Seabra

 DOÇURA –

Lembro da penúltima nutricionista minha: cortou bolos, pães, doces, gorduras e, praticamente, me fez viver à base de fotossíntese. Aprendi a comer bem, apesar do grande sofrimento e, por quase 4 anos, mantive a rotina alimentar e o peso dentro do esperado. Mas, veio a pandemia e, com ela, um descontrole alimentar insano…

Tentei retornar para ela, mas a bronca que levei foi tão grande, que saí direto para a Docelândia e comi uma barra de chocolate enquanto aguardava um milkshake ficar pronto. Parece tolice ou “mimimi”, mas as broncas surgem com uma sobrecarga que nem sempre suportamos bem.

Mudei de nutricionista e, com ela, tudo mais leve. Emagreci e não me mantive. Culpa minha, não dela. Mas, algumas coisas me chamaram atenção. Eu devia comer pão e não tapioca, devia comer margarina e não manteiga (muito menos a ghee) e tantas outras pequenas diferenças que eu simplesmente pirei diante destas informações. Tudo que construí como verdade sobre a alimentação havia se perdido!

E, assim, o açúcar e a gordura me chamaram de volta…

Mês passado fui ao cardiologista. Minhas taxas que parecem brincar comigo estavam nas alturas. Ele, muito paciente, olhou os exames e o receituário e me perguntou:

  • Está fazendo exercícios?
  • Não.
  • Falta de tempo?
  • Excesso de preguiça!
  • E dieta?
  • Não.
  • Falta de ânimo?
  • Excesso de preguiça.
  • Quer fazer?
  • Não! Estou com preguiça!!!

Assim, ele largou a caneta, os papéis e respirou fundo. Cá para nós, achei que viria mais uma bronca monumental, quando ele, extremamente doce, me conta sua rotina (com exercícios físicos) e a esperança que tem em me deixar livre das medicações.

Não prometi nada a ele, mas, do seu pedido de três vezes por semana caminhar trinta minutos, transformei em força para começar.

Peso? Não reduzi. Mas, as taxas baixaram e voltei feliz como criança contando minhas superações. Ele me parabenizou e disse para eu ter calma, que a questão do peso viria depois, mais importante era manter o foco, a disciplina e a certeza de fazer o melhor para mim.

Saí da consulta feliz por ainda existirem profissionais que se disponibilizam a conversar, a ouvir e a procurar estratégias de cuidado que não se compram em farmácias, mas que são doados através de um sorriso no rosto e uma farta dose de carinho e bom humor.

 

 

Bárbara Seabra – Cirurgiã-dentista, Autora de “O diário de uma gordinha” e Escritora

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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