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Deputados aprovam revogação de lei que ameaçava ensino presencial em comunidades indígenas do Pará

Indígenas comemoram em frente à Alepa — Foto: Taymã Carneiro/g1

A revogação do projeto que alterava a Lei 10.820 foi aprovada por unanimidade nesta quarta-feira (12), durante sessão extraoficial na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), em Belém. Lideranças indígenas e professores comemoram a decisão.

Dos 41 deputados, 31 estavam presentes e todos votaram a favor da revogação. A Lei alterava a carreira dos professores e poderia abrir espaço para o fim do ensino presencial em regiões remotas, como aldeias indígenas, comunidades quilombolas e ribeirinhas.

A líder indígena Alessandra Korap Munduruku comentou sobre os próximos passos que serão tomados após a revogação.

“Agora nós vamos para a aldeia articular, cada povo vai ter a sua articulação, quilombolas, indígenas, ribeirinhos, professores do campo. Vai ser para dizer que temos que ser ouvidos, este momento é o momento de construção da lei própria para os povos tradicionais. Lei para valorizar a educação tradicional do homem do campo, mas também o homem da floresta, os povos da floresta”, avaliou.

 

O texto chegou à Assembleia no dia cinco de fevereiro, após assinatura de um termo de compromisso entre o governador Helder Barbalho (MDB) e representantes de povos indígenas para a revogação. Inicialmente, a votação do projeto de lei estava prevista para o dia 18 de fevereiro, mas foi adiantada extraoficialmente para esta quarta-feira (12).

Desde o dia 14 de janeiro, lideranças indígenas de várias etnias ocupam o prédio da Secretaria de Educação (Seduc), em Belém, pedindo a revogação da medida e a exoneração do atual titular da Seduc, Rossiele Soares.

Os manifestantes temem que a Lei 10.820/24 resulte na implantação de aulas gravadas, transmitidas por plataformas digitais (entenda mais abaixo). Por outro lado, o governo do Estado diz que as aulas presenciais serão mantidas nas comunidades indígenas.

A ocupação de quase um mês na Seduc vem recebendo apoio de artistas como Anitta, Alok e a atriz Dira Paes pedindo a revogação da medida. A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, esteve no estado para tentar costurar um acordo com o governo no fim de janeiro, mas não houve sucesso.

Texto da revogação aprovado

A Comissão de Constituição, Justiça e Redação Final, da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), deu parecer favorável nesta terça-feira (11) ao projeto que revoga a Lei 10.820/2024, que alterou a educação pública estadual, incluindo a educação indígena. Plenário deve votar o texto nesta quarta-feira (12).

Após a sessão plenária desta terça-feira (11), os deputados definiram os membros da Comissão de Constituição, Justiça e Redação Final para o biênio 2025-2027.

Definidos os 11 titulares, os deputados apreciaram e deram parecer favorável ao Projeto de Lei nº 13/2025, que revoga a Lei estadual nº 10.820, de 19 de dezembro de 2024.

O projeto foi aprovado por todos: Eraldo Pimenta (MDB), Fábio Figueiras (PSB), Iran Lima (MDB), Martinho Carmona (MDB), Ana Cunha (PSDB/CID), Maria do Carmo (PT / suplente), Lú Ogawa (PP), Rogério Barra (PL), Carlos Vinicios (MDB), Aveilton Souza (PSD), Josué Paiva (Republicanos).

A votação no plenário da Alepa, do Projeto de Lei nº 13/2025, está marcada para ocorrer em turno único (os deputados precisam votar o texto apenas uma vez).

O que diz a Lei 10.820/24 e o que ela muda para a educação indígena

Aprovada em dezembro de 2024, a Lei 10.820/24 unificou 68 artigos do sistema de leis aplicáveis ao ensino público estadual.

Para fazer a unificação, várias leis estaduais da educação foram revogadas, como a Lei nº 7.806, de 29 de abril de 2014.

A Lei nº 7.806, conhecida como Sistema Modular de Ensino (Some), trazia regras sobre o funcionamento das aulas em áreas distantes dos centros urbanos, como as aldeias indígenas.

Segundo os indígenas, a Lei 10.820/24, ao revogar a Lei nº 7.806, extinguiu tanto o Some, quanto a extensão dele, o Sistema de Organização Modular de Ensino Indígena (Somei) — responsável por levar ensino médio presencial às comunidades indígenas.

Já de acordo com o governo do Pará, a Lei 10.820/24 garante, no artigo 46, a continuidade do sistema Some. Ainda segundo o governo, “áreas que já contam com o Some continuam sendo atendidas”.

A Lei 10.820/24 não menciona o ensino indígena. A ausência, para os indígenas que ocupam o prédio da Seduc, traz insegurança jurídica ao não mencionar o funcionamento do Somei.

Para os manifestantes, a nova lei do magistério do Pará abre uma brecha para a extinção gradativa do ensino modular presencial indígena.

 

Por isso, os indígenas ocuparam a secretaria desde 14 de janeiro e professores entraram em greve assim que o ano letivo estava previsto para iniciar. Eles pedem, além da revogação da Lei 10.820, a exoneração do secretário de Educação, Rossiele Soares.

Lideranças indígenas afirmaram que a ocupação na Seduc deve permanecer até a extinção da lei ser publicada no Diário Oficial do Estado (DOE).

O termo de compromisso foi assinado pelo governador, pela vice-governadora Hana Ghassan e pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Chicão (MDB).

Já o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação Pública do Estado do Pará (SINTEPP) se comprometeu a suspender a greve e garantir ano letivo.

Qual foi o compromisso assumido por Helder Barbalho

A cláusula 1 do termo de compromisso de Helder, assinado no dia 5 de fevereiro, afirma que “o Poder Executivo encaminhará à Alepa projeto de lei visando revogar a Lei nº 10.820, de 19 de dezembro de 2024”. O documento foi enviado no dia 5 de fevereiro.

O documento também cita que será criado grupo de trabalho com representantes do governo, do sindicato dos professores e dos povos tradicionais para discutir o estatuto do magistério e plano de cargos, carreiras e salário dos profissionais da educação.

O governo também se comprometeu que não haverá penalidades aos servidores da educação paralisados; que as faltas por greve ou paralisação serão abonadas e que haverá recomposição das aulas.

Fonte: G1

Ponto de Vista

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