DA TAÇA –

Chico César, cantor e compositor, nascido em Catolé do Rocha, na Paraíba, exalta em sua música “Da Taça” a importância que a taça tem, para aquele que aprecia um bom vinho e eleva o tom do amor deixando sinais de saudades.

Diz ele:

“Da taça que você bebeu, bebi eu sozinho / E o vinho escorreu, com gosto do seu batom / Tão bom bateu a porta mas nem fui abrir / Ninguém vem, suponho é um sonho meu”.

 Pois bem, há dias fui interpelado em duas ocasiões distintas sobre o uso das taças quando se está com um grupo de amigos(as) degustando o néctar dos deuses.

Na primeira, duas taças lado a lado, decoravam a bela mesa carinhosamente ‘arrumada’ para o momento de erguer a taça com vinho e ao toque do tilintar, bradar: saúde, viva a nossa amizade, e afins. Mas, em qual das taças servir o vinho?

Para entender melhor esclareço que tinham o mesmo formato, porém se desigualavam pelo tamanho e, consequentemente, pelo volume ou espaço útil que intermedia aquele “um terço” entre a garrafa e a boca. Não me fiz de rogado. Fui colocando o vinho na taça maior de todos os presentes, contudo surpreso com o olhar aflito do anfitrião, em contemplar tamanho desatino. Sem delongas e cuidadoso em não me decepcionar, disse em voz pausada: “Essa taça é para a água”.

Eu estava certo?

Quando se está degustando um vinho, pressupõe-se que o “rei” da ocasião é o vinho. A água é coadjuvante e tem sua importância. Porém quem precisa de espaço para mostrar toda a sua virtuosidade é o vinho. Ele precisa de uma superfície maior de contato com o ar ambiente, para no girar e no repouso, exalar seus aromas e revelar todas as suas propriedades alcançáveis pelos sentidos humanos, como a cor, o brilho, a textura e o sabor.

Dito e entendido, saudamos com um brinde.

Na outra ocasião fui interpelado por uma amiga: “É assim mesmo?”.

Vamos ao caso: Estavam em um jantar e antes do prato principal foi servido um vinho tinto que tão logo degustado foi servido outro, porém de rótulo e casta diferente. Ela (a amiga), curiosa, observou que antes de servir o segundo vinho, começou um lava lava das taça para poder acolher o novo vinho. Ou seja: colocavam água na taça, misturavam com os vestígios do anterior e, tibungo pra dentro.

Daí sua indagação: “É assim mesmo?”.

Num parece deselegante?!

Vejamos então, como proceder num jantar com convidados em casa ou mesmo num restaurante habitué em servir vinhos e pratos harmonizados.

Primeiramente, vamos a um pequeno detalhe: a água que está à mesa é exclusivamente para, na taça apropriada, permitir que o organismo se reidrate durante a degustação. É aconselhável que se beba ao menos um pouco de água entre uma taça e outra de vinho, para evitar que o corpo perca hidratação.

Pronto. A água cumpriu sua missão.

E quando mudar de vinho, como fazer? Simples, prático e elegante.

Vejamos.

Quando se muda de rótulo, pressupõe-se que a taça utilizada com o vinho anterior esteja vazia ou ainda com um tiquinho de nada. Pois bem, num jantar você certamente não está ali para fazer julgamento e análise crítica de um varietal, tanto que “agora” está sendo servido um vinho de outro vinhedo, outra casta, outra safra, enfim. Então você faz o seguinte: serve normalmente o novo vinho na mesma taça (sem lavar) ou coloca um pouco (pouco mesmo) do novo vinho, bebe e serve então a porção adequada para continuar com sua degustação.

Um toque de perfeição: Quando trocar de tipo de vinho, ou seja, de branco ou rosé para tinto, cabe elegantemente que se troque a taça. Não tem outras taças?! Então, siga as instruções anterior.

Dois tipos de taças são suficientes para atender a maior demando dos vinhos tintos, brancos ou rosé. São as dos tipos Bordeaux e Borgonha. Esta última para os vinhos mais aromáticos, tais como os tintos Pinot Noir, Shiraz, ou os brancos Malvasia, Riesling,Torrontés, Viognier, entre outros. Para os demais vinhos, a taça Bordeaux atende perfeitamente.

Um brinde a você!

 

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil, escritor e Membro da Academia Macaibense de Letras (josuacosta@uol.com.br)

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
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