COISAS QUE EU VI, OUVI OU VIVI: COISAS DE EXPEDITO, PÓS-MORO – Antonio José Ferreira de Melo

COISAS QUE EU VI, OUVI OU VIVI: COISAS DE EXPEDITO, PÓS-MORO –

O TELEFONEMA

Há dias, Expedito não me ligava, e eu, preocupado com a ausência, lhe liguei algumas vezes, porém, sem sucesso.

Até que ele me ligou, e me deixou mais tranquilo.

Os motivos da sua ausência, não se relacionavam com problemas de saúde, como eu temia.

Eram decorrentes do seu relacionamento com a sua mulher.

Ele foi logo me informando disso, e, assim sendo, procurei entrar por outros temas.

No entanto, ele fez questão de me repassar detalhes, como justificativa.

Embora eu tenha lhe dito que não me interessava saber, ele fez questão de dizer: “Dotô” Antonio, o senhor é meu amigo e eu não posso lhe fazer segredo de nada.

O que estava acontecendo, é que o meu relacionamento com Zefa, tava fedendo mais do que “mijo de tacaca” e eu estava sofrendo mais do que “suvaco de alejado”.

Só eu sei o que eu estava passando.

Olhe, teve um dia de discussão, que passei tão mal, e até pensei que tava com o “viro chinês”.

Me deu uma dor de cabeça danada, doía as pernas, e fiquei com uma dor nos “peito”.

Passei a noite sem dormir, e no outro dia, andava “trupicando”, como “minino novo”.

Foi nesse dia, que não aguentei a pressão, joguei o celular no chão, e ele se “espedaçou” todo.

Então, perguntei: mas, fizeram as pazes? Se entenderam direitinho?

E ele diz: O QUE? Sabe câmara de ar de “pineu de carroça, de fazenda”? “Num” tinha mais lugar pra remendo não.

Olha “Dotô Antonio”, mulher é coisa boa, mas quando “disgoverna a união”, é melhor sair da estrada e procurar outro caminho.

Eu acho que Zefa “indoidou”. Depois de tantos anos de “vivença”, resolveu mandar em mim, e queria botar uma argola na minha venta, como se faz com um “boi de serviço”, pra puxar ele pra onde a gente quer.

A insatisfação dela, era “Incangada, qui nem cantiga de grilo”. Era uma cantilena só.

Se eu ficasse calado, ela dizia: em qual safadeza tá pensando?

Já imaginou uma coisa dessa?

Querer “impenetrar até nos pensamento do cristão”?

Eu já não aguentava mais e, ainda bem que a gente se apartou.

Se fosse no tempo dela, só “iscondido”, eu podia ter essas conversas com o “sinhô”.

Eu não dizia, porque achava que ainda tinha jeito, e não queria falar uma coisa e depois, “vortar pra trás”.

Mas, “num” dava mais certo não.

Depois de escutar tudo isso, resolvi encerrar o assunto, e aí, falei.

Tudo bom, Expedito. Acho que já entendi tudo, e, agora, podemos conversar sobre outras coisas.

OUTROS ASSUNTOS

Mais que depressa fui procurar desviar a conversa, e falei: Expedito, vou lhe dizer quem me ligou hoje.

Você não ia adivinhar.

Foi Helmani, aquele meu amigo, que você conheceu aí no Seridó, quando ele esteve na região à serviço do SEBRAE.

“Vige”, o “Dotô Helmi”, é uma grande figura.

Taí, cabra bom de papo. Entende de tudo que a gente conversa, e fala do jeito que a gente entende.

Por ele, uma conversa não termina logo.

Se for de noite, vai até de manhã.

Quando ele vem por aqui de novo?

Não sei, Expedito. Não conversei muito tempo com ele, sobre suas vontades do momento.

Ele queria saber como eu estava de saúde, e eu, como ele estava também.

Apenas, durante o nosso papo, como ele tem lido os meus artigos no Blog de Nelson Freire, ficou muito interessado em saber como você estava, e, perguntou por você.

Tá certo. Diga a ele que eu estou muito bem de saúde, o tal “viro chinês” não chegou por aqui, até porquê, não aguenta o sol do Seridó.

Diga que não perdi nenhum dia de trabalho, o meu roçado já tem milho quase bom de fazer canjica e pamonha, e o feijão já deu dois cozinhados.

OS QUESTIONAMENTOS

Embora o papo sobre esse assunto, estivesse correndo de forma, aparentemente, tranquila, eu sabia da inquietação de expedito, para entrar nos seus temas preferidos: A POLÍTICA.

Quando dei um pequeno espaço, ele pergunta: e o que é que está achando do nosso Bolsonaro, depois da saída de Judas?

Fazendo de conta que não tinha entendido, perguntei: que Judas, Expedito?

Ora meu Deus, uma pessoa que tinha toda a confiança do seu chefe, e faz a traição que o “Dotô” Moro fez, o mínimo que ele pode ser chamado, é de Judas.

Aqui no Seridó, a gente ia mesmo dizer que é ele é um grande FDP (coloquei a abreviação, para não constranger as leitoras do Blog, mas, foi dito, com todas as letras).

A HISTÓRIA

“Dotô”, segundo a imprensa do rádio, e o que a televisão mostra, ele gravou 15 meses de conversas que teve com o Presidente.

O Senhor não acha que isso é uma covardia?

Eu vi, também na televisão, que isso é um caso pensado, é um desvio de caráter, e é uma atitude de cafajeste.

Observação minha. Essas palavras não são de Expedito, mas ele vê muita a televisão, e aprende.

Agora ele.

Aqui, no Seridó, a gente diz que uma pessoa dessa não merece vestir calça de homem.

Eu gostava tanto do Moro, pelo que ele fez na Lava Jato, mas, como Ministro, ele foi uma porcaria.

Hoje, pra mim, “ele não vale nem o que o gato interra”.

SUA PREOCUPAÇÃO

Sem me deixar falar, Expedito emenda a conversa.

E esse tal de STF?

Eu acho que ele devia se chamar ITF.

Dando oportunidade, para que eu falasse, perguntei.

Por quê, ITF?

Sua resposta.

Ora Dotô. INFERIOR TRIBUNAL FEDERAL.

Pela qualidade dos ministros que estão lá, o Tribunal, ao invés de estar lá em cima, está lá em baixo.

Como dizem os jovens aqui do sítio.

Simples assim.

No nível da fossa ou do esgoto, e não da caixa d’água.

A REPERCUSSÃO NOS SÍTIOS

Diz Expedito.

Sabe de uma coisa? Eu fiquei impressionado com a reação do povo dos sítios, com a saída do Ministro.

Muitos achavam que Moro, seria bom para substituir o Presidente Bolsonaro, e até discutiam que ele próprio, seria uma maneira melhor do que Bolsonaro, no cargo de Presidente.

Vamos dizer assim. Seria mais “importante”.

Ao invés de popular, de simples, ou seja, um tipo vulgar, como disse a professora do colégio.

Cá pra nós. Sabe que até aqui, esse povo dos “insino”, as professoras, também são “cumunista”?

Ainda bem que nos tempos de Lula e Dilma, não quiseram botar “homi nu”, pras “minina alisar as parte dele”. Ele ia sair daqui, capado.

Sim, mas, depois do papel feio, que Moro fez, se botarem ele e Bolsonaro numa eleição, a maioria do povo dos sítios, vai votar em Bolsonaro.

E AGORA?

Eu já falei pro “sinhor”, que o Presidente Bolsonaro é “bocão”, e diz o que lhe “vem na telha”.

Mas, não é só por conta disso, que essas coisas vão servir contra ele.

Isso, já mostra que a intenção de Moro, era a traição.

Tem mais uma coisa.

Eu acho que ele está blefando, como no baralho.

Ele não tem jogo na mão, para ganhar a parada.

Como se diz na época de São João, a grande bomba, vai virar “um peido de veia”, ou mesmo um traque.

COISAS RECENTES

Expedito, insiste.

“Dotô” Antonio, veja que coisa interessante de se ver.

No tempo do governo do PT, eram convocadas manifestações, centenas de ônibus eram mandadas para o interior para trazer gente, paga, como todos sabem, com dinheiro que o governo transferia para as ONGs, inclusive muitas ligadas ao MST, que tinha um exército ilegal.

Por falar nisso. Onde anda esse exército? Deve ser fantasma, como as provas de Moro.

Lembra que recebiam um pagamento, como se fosse uma diária, e mais sanduiches de mortadela, como lanche, tudo pago com o dinheiro do povo?

Lembra também que quebraram carros da Rede Globo e outras empresas da imprensa, quebraram lojas e bancos, saquearam supermercados, destruíram lixeiras e tudo que aparecia pelo caminho, e até mataram um jornalista com um rojão?

Lembra ainda daqueles cabrões, que diziam ser militantes, mas todos sabiam que eram importados do Haiti, e eram chamados de “black blocs”?

Pois é. Tudo isso, não tinha problema.

Eram coisas da “democracia”, e uma prova disso, é que o STF, nunca tomou nenhuma providência contra os organizadores.

Agora, uma manifestação pacífica, cada um participando por conta própria, usando o seu direito constitucional de liberdade de expressão, é taxada como antidemocrática.

PURAMORDEDEUS, TEM MUITA COISA POR TRÁS DISSO TUDO.

A SURPRESA

Enquanto estou conversando com Expedito, chega Niel, que trabalha comigo aqui em Gameleiras, e diz: o senhor tá vendo o que estão “dizendo” na televisão?

Está saindo o depoimento de Moro”, na Polícia Federal.

Liguei a televisão, e, então falei: Expedito, “aguenta as pregas por aí”, que o negócio pode tá esquentando, e eu vou acompanhar as notícias.

Vamos parar o papo, e ver o que danado vem por aí.

Quando terminar, ligo para você.

VOLTANDO UM POUCO

Enquanto me ligo na televisão, acompanhando as notícias, fiquei me lembrando do que tinha conversado com Expedito.

Antes dessa “novidade”, a gente tinha falado que o Ex-Ministro Moro, tinha sido ouvido pela Polícia Federal, mas ninguém sabia o que ele tinha dito.

Eu, pessoalmente, achava que ele não devia ter novidades, além do que disse para a imprensa, na sua “entrevista coletiva”.

Então, ele precisava, apresentar provas robustas, provas fortes, para merecer crédito.

Como dizem os jovens dos sítios: simples assim.

Caso ele não apresentasse, iria se concretizar o desmantelamento de um mito.

Dizia ainda, que, como ninguém tem bola de cristal, era aguardar para ver.

Então, chegou a hora

QUAL A OPINIÃO DO INTERLOCUTOR?

Expedito, já impaciente pelo paradeiro, liga e grita do outro lado.

E agora, Dotô?

Já que o senhor não falou sua opinião, e agora vai acompanhar as notícias, vamos mesmo encerrar por aqui.

Para não deixa-lo frustrado, disse: Expedito, ao invés de falar, eu prefiro lhe escutar, porque você me traz informações de um setor, onde eu não convivo e, consequentemente, não conheço.

Como eu confio em você, passo as informações pra frente, para que outras pessoas, também façam as suas avaliações.

Veja bem, as coisas são dinâmicas, e, a cada momento, surgem novidades, como o que está acontecendo agora.

Sim, diz Expedito. E aí?

Tá certo. Já que você insiste, vou dar minha opinião.

Você e Bolsonaro têm razão, e tem mais, aconteceu o que você disse.

O depoimento do Doutor Moro ao invés de uma grande bomba de São João, virou “um peido de veia”.

Assim tá certo, diz ele, se despedindo.

Tchau, vou ver as notícias da TV, menos da Globo.

FIM DO PAPO

A conversa com Expedito, para mim, sempre é muito gratificante, por ser uma pessoa de pouca educação formal, mas que tem uma perspicácia acima do normal.

Apesar da minha idade e da minha experiência, muitas coisas, aprendo com Expedito.

Para minha alegria, ainda bem que ele não teve nenhum problema de saúde, continua mais atuante do que nunca, e, também, mais do que nunca, preocupado com as coisas políticas do Brasil.

Como tudo que eu escrevo nesses artigos, são verdades que eu VI ou OUVI, algumas, até, que eu VIVI, me deixa satisfeito, poder relatá-las.

Ás vezes, se tornam tão interessantes, que eu tenho dificuldades de encerrar.

Dessa vez, apesar de uma conversa muito proveitosa, e ainda, porque Expedito, segundo ele mesmo disse, tinha muito o que querer falar, tivemos que encerrar a ligação.

Aqui em Gameleiras, o tempo passa, sem que se note, e, olhando para o relógio, vi que estava na hora aprazada para uma conversar com a família.

O meu filho, Flavio Henrique, a minha nora Tatiana, os meus netos, Gabriel, Liz e Lara, a minha filha Flávia Regina e o meu neto João Victor, e ainda Luciano e Sofia, estavam montando uma “vídeo conferência”, para batermos um papo.

Aconteceu, e eu fui dormir muito feliz, depois de beber umas três lapadas de cachaça Extrema.

No dia seguinte, quando acordo, vejo um zap de Expedito.

Olhe bem, como ele não se desliga das notícias:

“Dotô”, eu não falei?

Muita farinha pouco pirão.

Aquilo, nem peido era.

Era uma bufa!

Expedito, tem razão.

A roda da vida, roda.