Ana Luíza Rabelo Spencer
Na época do tsunami/terremoto que aconteceu no Japão em 2011, tomei conhecimento de um fato que me deixou, como diria o ilustre Odorico Paraguaçu, deverasmente bestificada. Aproximadamente 125 milhões em dinheiro e ouro pertencentes às vítimas e encontrados pelo corpo de socorro ou por outras vítimas foram entregues à polícia e retornaram às mãos de seus donos. Isto é apenas uma amostra do que a educação e o respeito ao próximo são capazes de realizar em uma cultura.
Nós, brasileiros, nos orgulhamos do nosso “jeitinho”, fazemos “gambiarras” e “arrumadinhos”, “furamos” filas e ultrapassamos tantas vezes os limites da honestidade coroamos e isolamos os honestos dando-lhes uma matéria de jornal e um tratamento falsamente respeitoso, para, pelas suas costas, chamar-lhes de tolos. Exalando hipocrisia, o meu povo alardeia o ato de parecer em detrimento do ser e repassa consuetudinariamente lições de “esperteza”.
A honestidade dos orientais, a pontualidade dos suíços, a educação dos ingleses e o patriotismo dos norte-americanos são virtudes irretocáveis que, ignorantemente, não sabemos reconhecer, valorizar e aprender. Notícias que causam furor a respeito de políticos, empresários, policiais e tantas outras categorias que vêm à público e que pedem desculpas ao povo por falhas dolosas ou culposas deveriam ser primeira página num mundo de guerras, corrupções e roubos. Deveriam ser matéria de escola, assunto de jantar de família. Deveriam, mas, infelizmente, para nós e nossos filhos, não são.
Lições de valor inestimável são perdidas quando as ignoramos, ensinamentos que têm o poder de cimentar os melhores pontos de um caráter são aviltantemente deixados de lado durante toda a criação e educação das jovens mentes. Muito do que deveria ser ensinado é relegado dos pais à escola e vice-versa. Tudo o que foi perdido é comentado diante do caos em que transformamos o mundo atual, mas sem a concreta intenção de modificar a realidade e concretizar a parte de dever e responsabilidade condizente a cada um.
Dizem que o verdadeiro caráter de cada pessoa se apresenta quando se tem dinheiro ou poder, mas apenas diante das situações reais, seja em posição de força ou de fraqueza, é que se pode conhecer o verdadeiro eu de cada um. Só se torna ditador quem tem poder e é incapaz de governar sem reprimir, da mesma forma que só irá roubar quem não tem força para trabalhar.
A tragédia no Japão e a reação das pessoas, aqui ou lá, nos ensina muito. Nos ensina sobre desprendimento e egoísmo. Nos mostra que é possível que sejamos fortes e retos quando de posse do poder. A respeitar a todos com o mesmo respeito que desejaríamos receber. Recordando como alguns voluntários à arrecadação de doações à tragédia de Teresópolis escolhiam o que seria doado e o que seria adicionado ao seu patrimônio pessoal, somos obrigados a reconhecer a supremacia de outros povos em relação ao Brasil. Não supremacia bélica ou tecnológica, mas uma supremacia mais importante que qualquer outra: a de caráter, que nós ainda teremos que “comer muito arroz com feijão” para alcançá-los.
Ana Luíza Rabelo Spencer, Escritora e Advogada (rabelospencer@ymail.com)
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