COLUNA DE CINEMA

“As Canções”. Este foi o filme que escolhi para inaugurar a minha coluna neste rico e educativo espaço. A escolha não foi um ato fácil, haja vista que o cinema, apesar de ser uma arte recente (se comparada às demais) já ultrapassou os cem anos de existência, e durante todo o seu percurso histórico, construiu inúmeras obras fantásticas, que influenciaram, influenciam e continuarão influenciando diversas gerações. Pensei em diversos clássicos, em várias escolas, no cinema independente norte-americano, mas eis que me veio um insight à cabeça: por que não começar pelo cinema do meu país?  Motivado por essa decisão, julguei necessário homenagear o nosso maior documentarista – o imortal Eduardo Coutinho.

Produzido em meados de 2011, “As canções” foi o último trabalho de Coutinho. O filme é ambientado em um set de filmagem revestido na cor preta. No primeiro plano uma simples cadeira vazia; logo atrás, a porta de entrada do estúdio por onde vemos as personagens ‘entrando em cena’. São dezoito ao total. O documentário nos mostra o efeito sensorial que a música provoca em nossas vidas, sendo ela o elemento condutor da narrativa. As histórias que as personagens nos contam são alimentadas por uma determinada canção, a qual ficou lapidada em suas vidas.

Como de praxe em todos os seus trabalhos, Coutinho participa ativamente do processo fílmico, fazendo perguntas e conduzindo os seus entrevistados, e é exatamente através de sua intervenção que imergimos de uma forma mais profunda no universo de cada um deles. Surgem as surpresas, as lágrimas, os sorrisos, a pressa, a angústia. O discurso de cada personagem deve ser encarado com muito respeito, pois a carga emocional dos relatos é exacerbadamente alta, por vezes assumindo um caráter onírico. A montagem tem um ritmo pontual, respeitando o momento de cada personagem.

Coutinho foi um dos homens mais íntegros do cinema. Ele não só respeitava cada um de seus personagens, como fazia questão de ouvi-los atentamente, palavra por palavra, gesto por gesto. Conseguiu extrair a linguagem cinematográfica a partir de uma câmera jornalística, e o fez com maestria. Mostrou os brasileiros ao Brasil. Uma pena que tenha partido de uma forma tão trágica, mas agora está lá em cima documentando os anjos… cantando canções no céu.

 Lucas GalvãoBacharel em Cinema e Critico  

Ponto de Vista

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