CAMINHO DO MEIO –

Sou radicalmente adepto da Democracia – até mesmo quando ela é tão absurdamente imperfeita – seja na alegria, seja na dor. Concordando ou discordando, festejando ou lamentando – por mais difícil que seja – acato a expressão da vontade do povo, do poder popular.

Entendo que o povo precisa aprender, acertando ou errando, mas só pode fazer isso por si mesmo. Quando numa eleição o povo acerta, todos usufruirão; quando erra, todos pagarão a conta. É terrível, e muitas vezes irritantemente equivocado, mas ainda é melhor do que não aceitar que o povo tenha o poder de decidir o seu próprio destino.
O processo eleitoral findou e deixou fraturas nas amizades, relações, afetando ambientes de trabalho, mídias sociais e, todos os lugares que frequentamos e convivemos.

A vida segue e só o tempo mostrará quem estava certo.

Aceitemos o jogo democrático, sem abrir mão de nossa luta contra todo tipo de exclusão social. Em defesa dos direitos da mulher, dos pobres, dos negros, das minorias lgbt, dos povos indígenas, dos idosos, dos obesos, dos artistas, dos que pensam livremente, entre outros.

Terminada a apuração e conhecidos os futuros governantes, temos uma ótima oportunidade para cauterizar feridas que eventualmente se tenham aberto na temporada e investir tudo na reconciliação nos planos nacional e das unidades federativas.

Nosso povo merece e precisa da reunificação, e nada justifica a sobrevivência das intempéries morais e comportamentais.

Todos e cada um de nós tem responsabilidade com esta reconciliação nacional.

Só faremos o Brasil assim tão fortemente belo e favorável à realização das aspirações de todos, se soubermos nos dar as mãos, estender as mãos, e praticar o diálogo.

Relembremos Aristóteles, que nos ensinou: “da discussão nasce a luz”.

Ela nos mostrará que o melhor é o caminho do meio, da conciliação, entre os extremos. Se no caminho do meio o indivíduo encontra total equilíbrio e controle sobre seus impulsos e comportamentos, muito mais poderemos obter se todos os indivíduos, ensarilhando armas, desarmando os espíritos, e nos apegando aos instrumentos dos quais depende a construção do nosso desenvolvimento, rumo a cidadania.

Não devemos contabilizar perdedores, vencidos, ganhadores, vitoriosos, mas sim uma maravilhosa nação que pode ensinar ao mundo como se digladiar na disputa eminentemente democrática e, mesmo assim, sair desta fortalecido pela reunificação, em busca da concretização dos ideais contidos no bem comum.

A história nos conta que não adianta ter um representante na presidência da república, mas – para melhoria da qualidade de vida da população ¬- é necessário o incremento da luta direta, coletiva, na busca por emancipação que só pode se realizar com liberdade, desenvolvimento e redistribuição das riquezas.

Permanecer com atitudes do passado, sem autocrítica, e sem perceber que estamos no limiar de um novo ciclo político (percebam que os militares estão voltando ao poder, através do voto), é arriscarmos perigosamente a vida; e hipotecarmos nosso futuro e o de nossos filhos e netos. Essa não é a opção, no aqui e agora.
Há momentos na vida dos povos em que é necessário armar-se de sentimentos que, em vez de nos paralisar ou nos atirar ao precipício, nos libertem e fortifiquem para saber distinguir entre a barbárie e a liberdade. Este momento histórico é um deles.

O Brasil pode e vai recuperar sua esperança perdida, mas somente quando tiver afastado o perigo de novos tempos sombrios de dor e de medo do seu passado.

Só em liberdade, sem medo de sermos vítimas da violência do Estado, é possível usar todos os instrumentos da crítica contra os que governam para lhes exigir fidelidade ao que nos prometeram na campanha.

A vida, e com ela a liberdade para desfrutá-la em paz, é o maior valor que nos foi dado.

A esperança não é incompatível com a dor, mas é incompatível com o ódio e com o medo.

A luta mais viável e inteligente passa pelo caminho do meio.

 

Rinaldo Barros é professor – rb@opiniaopolitica.com

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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