ATREVIDA –
Escrevo quando não mais consigo aprisionar pensamentos em mim. Quando as ideias se entalam na garganta, quando os pensares se amontoam suplicando liberdade. Escrevo quando a mente efervescida anseia por ser escrita.
E assim eu vivo das minhas criações e verdades, dos meus mitos e folclores. Vivo dos meus contos de fada, das minhas novelas, dos meus sonhos e delírios. Vivo dos filmes vistos e imaginados… Dos livros, das crônicas, dos meus dias, das minhas tristezas e alegrias. Vivo o futuro com as lembranças do passado. Vivo o agora e o daqui a pouco. Vivo no mundo das coisas sérias, e quando fica muito chato me dou férias.
Aprecio as belezas da vida pela magia de imaginar. Aprecio a leveza da alma, com calma. Aprecio a natureza bruta. Aprecio os instintos primitivos e seus desejos carnais. Aprecio o homem e suas diferentes formas e sentimentos. Aprecio as paixões e os amores. Aprecio o mar, o céu, o sol, a lua, o fogo, o calor… Os encontros ao luar, sem testemunhas.
No universo de devaneios e delírios os segredos se libertam das reservas, do ocultismo e do ostracismo, desvencilhando-se do mundo das coisas sérias, desaludiando imposições e regras, normas e condutas, repressões e frustrações.
No universo infinito das coisas possíveis sou quem eu quero ser, sou um botão a desabrochar, a borboleta após a metamorfose; sou o alvorecer nas colinas verdejantes, a brisa estonteante que abraça o corpo. Sou o suor que desce pela face, sou a alegria da vida que surge, sou o renascer de um novo dia.
Sou a Barbie de vestido rosa, sou a mulher-gato com suas garras, sou a água que rega a grama nos dias quentes, sou minhas vontades e desejos inconfessos, sou as inquietações da alma em provimento do corpo.
Sou uma mente atrevida cheia de encantos, com segredos cheios de reservas que, de tão escondidos, se ocultam até mesmo dela.
Retrovisando
Quando, por algum motivo, olharmos para trás e nos dermos conta que as coisas e pessoas que ajudaram a construir nossas vidas são apenas peças que compõem nossa história, ficaremos felizes por termos permitido que elas entrassem e saíssem de nossos caminhos.
Afinal, nossa jornada é e sempre será solitária. A vida apenas nos empresta oportunidades e companhias para que a caminhada se torne agradável.
Flávia Arruda – Pedagoga e escritora
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