AS DAMAS DE TEFFÉ – 

Duas mulheres revolucionaram a comunicação do Rio de Janeiro e até costumes no Brasil. Eram lindas, amaram muito e tiveram destinos bem diferentes.

Nair de Teffé (1886 – 1981) pertencia a família aristocrática. Filha de barão (almirante herói da Guerra do Paraguai), neta de conde e, pelo lado materno, também sobrinha de barão. Com um
ano de idade, foi para a França, estudou em Paris e Nice, inclusive frequentando aulas de pintura. Voltou ao Brasil aos 18 anos.

Muito contestou para elevar as mulheres. Com talento invulgar, desafiou convenções e preconceitos. Foi a primeira brasileira a usar calça comprida e a montar cavalo escanchada,
como os homens.

Em tudo se fazia notar. Foi escritora, membro das Academias de Petrópolis e da Fluminense de Letras, atriz, cantora, pianista e desenhista. Reconhecida como a primeira mulher cartunista do mundo. Exímia em sua arte, exagerava traços físicos de personalidades da época. Publicou caricaturas em importantes revistas como “Fon-fon” e “Careta”, e no jornal “Gazeta de Notícias”. O seu desenho gracioso e pitoresco foi aplaudido em exposições individuais e coletivas.

Seu charme natural encantou o presidente da República do Brasil, Hermes da Fonseca, com quem se casou. Como primeira-dama, comandou saraus no Palácio do Catete. Ela e o compositor Catulo da Paixão Cearense executaram o maxixe “Corta-Jaca”, de Chiquinha Gonzaga. O maxixe era música e dança da gente mais humilde. A alta classe carioca o considerava lascivo e vulgar. A apresentação no Palácio indignou Rui Barbosa que, no Senado, fez discurso de agressivo desprezo.

Em sua arte, Nair assinava Rian, seu anagrama, que significa “nada” em francês. Ela se tornou a principal responsável pela criação do cinema Rian, um dos símbolos da arte na então Capital Federal.

Dana de Teffé (1921 – 1961) ganhou o sobrenome no seu quarto casamento, com o sobrinho de Nair, o diplomata e depois embaixador Manuel de Teffé.

De rica família judia, nascida em Praga, Tchecoslováquia, tornou-se bailarina clássica. Na Itália, casou com um militar fascista; na Espanha, com um dentista e no México, com um jornalista.

Milionária, no Rio de Janeiro, com sua beleza singular deslumbrava em festas e salões.

Para acompanhar seu divórcio, conferiu procuração a Leopoldo Heitor Mendes, que teria sido seu amante, com poderes ilimitados sobre sua fortuna.

O bandido-advogado a conduziu pela Via Dutra, em direção a São Paulo. No trajeto, ela desapareceu. Heitor apresentou três diferentes versões. O júri considerou-o culpado pelo assassinato, condenando-o a 35 anos de reclusão. Depois, o STJ o absolveu por falta de materialidade, faltavam os ossos da vítima. E o “advogado” ficou rico.

 

 

 

 

 

Diogenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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