GUILHERME TELL –

Guilherme Tell foi um bravo caçador das montanhas, que viveu no início do século XIV, no cantão de Uri, na Suiça. O nome de Guilherme Tell está associado à guerra de libertação nacional da Suiça, face ao império Habsburgo da Áustria.

Antes de ser um país livre e soberano, a Suíça era governada por um regente autoritário e temido, chamado Hermann Gessler. A única pessoa que não o temia era Guilherme Tell, respeitado por seus dotes morais, além de ser um exímio arqueiro. Era conhecido como um especialista no manejo da besta, uma espécie de arma tipo arco e flecha, com gatilho.

Nessa época, os imperadores Habsburgos da Áustria lutavam pelos domínios de Uri, e, para testar a lealdade do povo aos imperadores, Hermann Gessler, o tirano governador, mandou pendurar num poste um chapéu com as cores da Áustria, numa praça pública. Todas as pessoas que por ali passassem teriam de fazer uma saudação respeitosa ao chapeu, que era guardado por soldados.

Diante desse ridículo símbolo de autoridade, todos os passantes deveriam se curvar. E todos obedeciam, temendo as cruéis punições. Entretanto, Guilherme Tell não se submetia àquela humilhação, por considerá-la abaixo de sua dignidade.

Um certo dia, aconteceu do próprio Gessler estar na praça, quando Tell passou por ali com seu filho de 8 anos. Vendo que o caçador não se curvara diante do chapéu, Gessler ficou furioso e mandou que seus soldados o agarrassem, gritando:

“- Guilherme Tell, tu me desafiaste, e quem me desafia morre. Mas tu podes escapar da morte se fizeres o que eu te ordeno”.

E o poderoso Gessler mandou que amarrassem o filho do caçador ao poste, com uma maçã sobre a cabeça. Então, continuou:

“- Agora, Guilherme Tell, terás de provar a tua fama de grande arqueiro, acertando a maçã na cabeça do teu filho, com uma única flechada. Se acertares, o que duvido, sairás livre. Mas, se errares, serás executado aqui, na frente de todo este povo.

Guilherme Tell implorou para não ser submetido a esse castigo, mas Gessler não se comoveu, ameaçando mandar executar pai e filho, caso suas ordens não fossem cumpridas.

Guilherme Tell foi trazido para a praça pública, escoltado por Gessler e seus soldados. Era o dia 18 de novembro de 1307. A população amontoava-se na praça, na expectativa de assistir ao desfecho da morte da criança, pelo próprio pai. Amarrado ao poste, com uma maçã sobre a cabeça, estava o filho de Guilherme Tell. Contaram-se 50 passos de distância entre pai e filho. Guilherme Tell carregou a besta, fez pontaria calmamente e disparou. A seta partiu a maçã em duas partes, sem atingir a criança. O corajoso arqueiro foi aplaudido pela população e aclamado como herói.

Não obstante, Guilherme Tell trazia uma segunda seta, presa à sua cintura. Gessler, ao vê-la, perguntou por que ele a trazia. O corajoso arqueiro hesitou em responder, e Gessler, apressando a resposta, assegurou-lhe que, se dissesse a verdade, a sua vida seria poupada.

Guilherme Tell respondeu:

– “Seria para atravessar o seu coração, caso a primeira seta matasse o meu filho”.
Indignado, Gessler mandou o rebelde para a prisão perpétua, mantendo, entretanto, a promessa de que o deixaria vivo.

Guilherme Tell foi levado acorrentado para um barco em Fluelen, onde esperou que Gessler e seus soldados também embarcassem. Não muito distante do porto, ocorreu uma grande tempestade. O Föhn, um vento do Sul, causava ondas muito altas, o que dificultou a viagem, praticamente arremessando o barco contra as rochas. Os ocupantes do barco, assustados, gritaram:

– “Só Guilherme Tell poderá nos salvar!”.

Gessler, então, libertou Guilherme Tell, para que conduzisse o barco em segurança ao sopé da Montanha Axenberg, perto de uma rocha chamada Tellsplatte.

Depois de amarrar o barco, Guilherme Tell atirou uma lança num soldado e fugiu.
Gessler conseguiu sobreviver à tempestade e chegou ao castelo de Küsnacht nessa mesma noite. Guilherme Tell havia se escondido entre arbustos, num beco que levaria à residência do governador. Assim que Gessler e os seus soldados apareceram, Guilherme Tell o matou, com uma seta da sua besta, libertando o país da sua tirania.

Segundo os historiadores, esse episódio marcou o início da revolta que ocorreu a 1 de janeiro de 1308.

A vida de um herói bem sucedido no tiro é tema comum em várias histórias da mitologia nórdica. Daí a dúvida dos historiadores, se Guilherme Tell realmente existiu, ou se não passa de um personagem lendário.

Entretanto, na cultura popular, Guilherme Tell subsiste como um verdadeiro herói. Permanece como uma importante figura, com a qual os suíços se identificam e, de acordo com uma pesquisa recente, 60% da população acredita mesmo que ele tenha existido.

 

Violante Pimentel – Escritora

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

 

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