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Aquecimento de 1,5°C já não garante proteção contra colapso das geleiras e avanço do mar, aponta estudo

Embarcação navega entre pedaços de degelo no mar do ártico — Foto: Christian Aslund/Greenpeace/Divulgação

Manter 1,5°C como limite para o aumento da temperatura global pode não ser o bastante para evitar o derretimento das camadas de gelo polares e o aumento do nível do mar — é o que sugere um novo estudo publicado na publicada na revista Nature Communications nesta terça-feira (20).

➡️ O 1,5°C foi definido no Acordo de Paris, em 2015, após pesquisas indicarem que esse seria o “limite seguro” das mudanças climáticas. Ou seja, para evitar o colapso com o degelo, avanço do mar, secas extremas.

Agora, o que pesquisadores descobriram é que, com o aumento das emissões, esse índice pode não ser mais o limite, mas será preciso um freio ainda maior: 1°C.

Atenção: o novo índice não indica que as pesquisas anteriores estavam erradas, mas que o aumento recente das emissões estão acelerando processos muito antes do previsto.

O que diz o estudo?

A pesquisa foi feita em uma parceria entre as universidades de Durham e Bristol, no Reino Unido. A equipe revisou uma grande quantidade de evidências para examinar o efeito que a meta de 1,5°C teria sobre as camadas de gelo da Groenlândia e da Antártida, que juntas armazenam gelo suficiente para elevar o nível global do mar em quase 65 metros.

 A massa de gelo perdida dessas camadas de gelo quadruplicou desde a década de 1990, e atualmente elas estão perdendo cerca de 370 bilhões de toneladas de gelo por ano.

Os autores argumentam que um aquecimento a nível de 1,5°C provavelmente geraria uma elevação de vários metros no nível do mar nos próximos séculos, à medida que as camadas de gelo da Groenlândia e da Antártida derretessem em resposta ao aquecimento do ar e das temperaturas do oceano.

Isso afetaria cerca de 230 milhões de pessoas pelo mundo que vivem em áreas costeiras, vulneráveis ao aumento do nível do mal.

“Observações recentes da perda de massa da camada de gelo por satélite foram um grande alerta para toda a comunidade científica e política que trabalha com a elevação do nível do mar e seus impactos. Os modelos simplesmente não mostraram o tipo de resposta que testemunhamos nas observações das últimas três décadas”, explica o pesquisador Jonathan Bamber, professor de Glaciologia e Observação da Terra na Universidade de Bristol.

 

➡️ O limite estipulado no Acordo de Paris foi feito usando modelos que analisavam a evolução das consequências das mudanças climáticas no passado e, com isso, previram o que poderia ocorrer no futuro.

Em 2015, quando se estipulou a meta, a previsão era de que o mundo só chegaria próximo desse limite, caso nada fosse feito, em 2050. Mas o que estamos vendo é uma corrida acelerada de mudanças climáticas.

➡️ O que o estudo indica é que é preciso ser mais agressivo com a meta para evitar o colapso do degelo e aumento do nível do mar. Para evitar esse cenário, os pesquisadores supõem que seja necessário um limite de 1°C acima dos níveis pré-industriais ou possivelmente até mais baixo.

➡️ Ou seja, não é que a taxa de 1,5°C não é funcionaria, mas é que com o avanço das emissões e com a ação menos agressiva de nações para mudar esse cenário, ainda que o mundo consiga se manter nesse limiar, pode ser inevitável a elevação do nível do mar atingindo as regiões costeiras.

“Estamos dizendo que cada fração de grau realmente importa para as camadas de gelo e quanto mais cedo pudermos deter o aquecimento, melhor”, explica Chris Stokes, pesquisador do Departamento de Geografia da Universidade de Durham.

 

A escalada da temperatura

Nos últimos anos, o mundo está vivendo uma escalada de aumento das temperaturas. Isso acontece por causa do aumento da emissão de gases do efeito estufa, que impulsionam o aquecimento global.

Em 2024, o mundo bateu um recorde e chegou a uma temperatura 1,6°C em relação aos níveis pré-industriais, superando o que é considerado limite seguro para o planeta.

Antes, em 2021, o aumento da temperatura média global tinha sido de 1,11°C em elação aos níveis pré-industriais. Em 2022 esse número foi para 1,15°C, superado em 2023 para 1,48°C e, agora, 2024 ultrapassa todos os índices ao chegar a 1,6°C.

O que os especialistas explicam é que é preciso agir de forma emergencial para evitar que esse índice se torne uma realidade constante.

Fonte: G1

Ponto de Vista

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