AGONIA DANADA –

As pernas um pouco cansadas me fizeram sentar em um dos bancos que “nos salvam” nos corredores de um shopping da cidade dos Reis Magos.

A agitação estava moderada, pois a grande liquidação do final de ano havia passado.

Sentei-me ao lado de duas jovens, digamos maduras, que conversavam concentradamente, tal qual em uma sala confortável, e passei a acompanhar ‘pedaços’ da conversa. Eis que uma delas diz: “Uma agonia danada”. O ouvido, involuntariamente, como que um radar guiado pelo satélite da curiosidade, girou o suficiente para pescar qual seria a agonia que recebera tal adjetivo.

Versava sobre relacionamento familiar. “Eu já não sei o que fazer”, sentenciou uma delas.

E por que não me surpreendi?

Primeiro vamos tentar distinguir agonia de angústia e de aflição.

Vixe! E tem diferença?

Digamos que apenas sutilezas entre os conceitos, mas para quem está “envolvido” é tudo igual e mais um tiquinho.

Se eu entendo disso? Não! Mas posso afirmar que são minhas conhecidas e, de tempos em tempos, abrigo alguma delas ou todas, me deixando mofino, taciturno ou como diz minha querida Cléa: “Um saco”.

Claro que não sou um especialista em ciências psicológicas para debulhar o assunto como tal. Mas, prometo que utilizarei tudo que a vida me ensinou nos momentos de desassossegos, que foram muitos e variados, que me ajudaram a olhar a realidade no agir e no reagir.

Vamos lá!

Agonia é um sentimento de desconforto causado pelo enfrentamento de uma situação desagradável.

Angústia é uma sensação de inquietação apertando o peito, como se algo estivesse sufocando a alma e interferindo na paz interior.

Aflição é um sentimento de preocupação ou desassossego por alguma como se alguma coisa errada ou traumática possa acontecer.

E tudo misturado? Presumo que seja a tal da “Agonia Danada”.

Aliás, o escritor Fernando Pessoa em seu ‘Livro do Desassossego’ já sintetizava de forma clara um desses momentos: “O Coração, se pudesse pensar, pararia”.

Observei que cada um desses momentos de ‘instabilidade” da alma surgem de duas formas: do inesperado e da falta de ação tempestiva. O primeiro quando algo fora do nosso controle e condução se instala de imediato e, como não estamos ‘preparados’ para situações do tipo, somos tragados pelo desconforto de estar frente a frente com fatos que nos inquietam e que exigem tomadas de decisões, muitas das quais, sem saber como. A segunda, aparentemente, sem demandar muito desgaste, vai se ocorrendo dia a dia, e sem percebermos vai se avolumando e, quando despertamos (quando possível) já estamos engolidos pelo ‘lobo mau’ da angústia.

Em ambas, nosso equilíbrio emocional, que estava sob controle até então, desmorona. Perdemos literalmente a visão da realidade e migramos para o campo das lamentações, das súplicas, das indagações, do desespero até.

“Comigo?”. “Eu não merecia!”. “Deve ter algum engano!”.

Pronto! Entramos em parafuso. É o momento para quedarmos em silêncio, inspirar forte e buscar auxílio. É também o momento mais difícil, pois não podemos delegar a experiência aterradora para ninguém.

É preciso, digo até fundamental, que esse auxílio venha de um profissional habilitado para ajudar a ordenar a mente fragilizada pela sucessão de ‘tremores e choros’, e juntos possam ir encontrando as janelas e as portas dos medos e da insegurança, para ir abrindo cada uma delas em direção ao estágio da reabilitação emocional.

Aí entra o que chamo de “alavanca da fé”.

Mesmo com toda ajuda especializada, mesmo com todos os aconselhamentos, mesmo com todos “isso vai passar”, mesmo com todos “se anime”, o remédio mais forte, o mais diretivo, o mais eficiente é a fé. Não aquela fé apenas dita “tenha fé”.

É preciso ajoelhar o coração, compreender que já não tem mais força para agir sozinho e então se entregar a Deus. Não é entregar o problema a Deus. É compartilhar com Ele a sua dor. É segurar na Sua mão e enfrentar a acidez do lidar, sem saber por quanto tempo, em busca da solução definitiva.

Pode ter certeza! Esse foi o remédio que me curou de muitas dores na alma. Ainda hoje tenho a receita e ainda hoje o remédio faz efeito.

E a “agonia danada”? Pois é. A jovem estava contando às amigas de sua angústia por presenciar diariamente a desunião entres seus pais.

Realmente, desunião familiar é uma “Agonia Danada”.

Quando estiver ‘vivendo’ uma, utilize o remédio que meu Médico prescreveu. É ótimo!

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil, escritor e Membro da Academia Macaibense de Letras (josuacosta@uol.com.br)

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
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