A TÉCNOLOGIA E O COMPORTAMENTO HUMANO – Alberto Rostand Lanverly

A TÉCNOLOGIA E O COMPORTAMENTO HUMANO –

Tive uma infância tranquila. Como filho de Magistrado, lembro-me da rotina saudável, que mantinha, nas cidades de Matriz e Passo de Camaragibe, Colônia de Leopoldina e Coruripe. Ali, por mais estranhos que se parecessem, as pessoas se conheciam, não somente pelo nome de batismo, mas, também, pelo de seus genitores: Chiquinho de Hieronides ou Beto de Norma, por exemplo.

Com o passar dos anos, a cordialidade mútua, pareceu diminuir, a ponto de hoje, ao andarmos pelas ruas, repletas de outros caminhantes, estarmos, literalmente, sempre sozinhos. Até nos condomínios onde moramos, somos estranhos, para o próprio vizinho de porta.

O que mais espanta, contudo, na atualidade, é a influencia da tecnologia na vida de qualquer cidadão. Lembro que aprendi a contar, com bolas de gude. Hoje, Leticia minha neta, na plenitude de seus três anos de vida, de forma célere liga o Ipad, coloca a senha de bloqueio, gravada em sua própria mente, e acessa todos os programas de seu interesse, como se estivesse abrindo um pacote de biscoito.

Ao ingressar na Universidade, fazia uso da régua de cálculo, um dispositivo analógico que, se bem manuseado, permitia realizar maravilhas matemáticas, ou seja, operações de qualquer espécie. Ao formar-me em Engenharia Civil, a máquina de calcular já era uma necessidade em minha área de trabalho. Hoje, quarenta anos depois, dificilmente eu desenvolveria uma raiz cúbica, sem um período de tempo para reavivar os conhecimentos esquecidos. Dividir quatrocentos e trinta e nove por sete, por exemplo, sem o auxílio de um elemento tecnológico, é, também, uma dificuldade.

Desde cedo, adorei viajar. Não somente em Alagoas, perambulando por seus municípios; pelo Brasil, conhecendo seus estados e, inclusive, por inúmeros países do mundo. Sempre me gabei da facilidade que possuía em, estudando o mapa local, localizar-me facilmente, fosse caminhando ou dirigindo automóveis. Assim, ocorreu nas Américas, Ásia, Europa, África e, também, em cidades brasileiras.

Por incrível que pareça, ultimamente, empreendi visita à região de um país, onde já estivera inúmeras vezes. Desta feita, trazia comigo o artefato conhecido por GPS. Apesar de chegar a meus destinos, senti-me impotente, pois, a máquina em nenhum momento, me deixou pensar. Só me fez seguir suas ordens.

Não restam dúvidas de que, nos últimos anos, o avanço tecnológico trouxe, ao planeta, uma série de vantagens, para nossas vidas. Em contrapartida, cada um de nós, está, cada vez mais sendo representado por máquina. Podemos realizar muitas atividades, através delas: comprar produtos sem sair de casa, conversar com parentes e amigos distantes ou ter acesso a informações e à literaturas de todas as partes do mundo. Restam as questões: estaríamos, realmente, preparados para essas transformações? De que forma os impactos causados por essas mudanças influenciam na formação do homem, como cidadão? Seríamos, no futuro, transformados em Robôs, frios como andróides? Só o tempo, com sua sabedoria, será capaz de responder.

 

 

Alberto Rostand Lanverly – Presidente da Academia Alagoana de Letras

 

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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