VIRAMUNDO 119 –
Zé Maria era de Parelhas, cidadezinha do interior do Rio Grande do Norte produtora de ferro e feldspato, minério importante para a indústria ceramista de mesa.
Batalhador e estudioso veio para Natal e morou um tempo na Casa do Estudante.
Vivedor e namorador estudou no Atheneu, a noite e durante o dia trabalhava numa farmácia como balconista-vendedor.
Se dava bem com todos os representantes de laboratório farmacêutico e arranjou uma vaga de vendedor-propagandista na Carlo Erba, visitando médicos, propagando seus medicamentos e as farmácias pra vender os produtos.
Incansável, tinha namorada em Natal, Mossoró e Caicó.
Chamava as meninas sempre pelo mesmo apelido: “beleza”, e elas adoravam.
Viajava 20 dias por mês num fusca, azul, “pé de boi” com o logotipo da empresa nas portas e no capuz.
– Zé, você não cansa dessas viagens?
– Não, vai sempre um “bigú” comigo.
– Que diabo é “bigú”?
– Carona. Geralmente um colega que não tem carro e precisa viajar.
– O “bigú” paga alguma coisa?
– Geralmente, não, mas ajuda na gasolina e na cerveja.
Zé Maria passou no vestibular de Medicina e foi pra universidade.
Deixou de viajar e ficou trabalhando só em Natal noutro Laboratório.
Formou-se e escolheu ginecologia, como especialidade e montou o consultório no Edifício 21 de março, ligado a maçonaria.
Tava com a vida que pediu a Deus.
Examinando mulher todos os dias, aí apareceu Salete, mulherona bonita de sorriso lindo e muito afetiva.
Zé se apaixonou por ela e tiveram duas filhas: Zaíra e Zulema, gêmeas, lindas e espertas.
Zé não permitiu que Salete trabalhasse, apenas pra garantir uma gravidez tranquila e as meninas nasceram saudáveis.
Salete baixou o fogo do Zé, mas ele pulava o muro de vez em quando.
Sabe como é, né? Mulher bonita e fogosa em consultório de ginecologista, sempre dá em alguma coisa.
Foi assim Socorro, de Paeelhas, se aproximou do médico e foram relembrar a infância, num Roma Garden da Praia do meio.
Tiveram os cuidados de não engravidar e o “namoro” durou anos, todas as vezes que ela vinha a Natal ficavam juntos e Salete nunca desconfiou do marido.
Quando foi um dia Zé falou pra Salete que iria fazer uma operação: vasectomia.
– Pra que Zé? Quero ter mais uns 3 filhos.
– Vc tá doida. Filho dá muito trabalho, despesa e toma o tempo da gente. Vou fazer a vasectomia.
– Homem que faz vasectomia não merece confiança. É só pra comer rapariga.
– Que é isso, mulher?
– É sim. Se fizer, eu me separo de você
Zé fez a operação e separou-se de Salete.
Agora estava livre pra cair na gandaia.
Médico ginecologista, solteiro de novo e examinando mulher todo dia, era pra escolher quem ia comer.
Até que apareceu uma doidinha de Caicó, Amancia, braba que só o diabo.
– Zé eu quero um filho seu como prova do nosso amor.
– Não posso. Sou vasectomizado.
– Pois se vire. Desfaça esse negócio. Só continuo com você se eu ficar grávida.
Zé pensou e fez a cirurgia de “revitalização” e engravidou Moema, a doidinha de Caicó.
Tiveram 1 menino: Zé Maria Filho.
O médico resolveu ser político e se elegeu Deputado Estadual e chegou a Deputado Federal, indo morar em Brasília onde Moema detestou o lugar e foi pra Caicó morar com o filho que formou-se em Farmácia e abriu a Farmácia do Zezinho no centro de Caicó.
O pai, em Brasília, namorou uma senadora e viveram juntos outo anos. Não tiveram filhos pois a senadora fez histerectomia, de dois filhos que teve com um fazendeiro de Goiás.
Zé Maria voltou pra Natal sem a senadora e ficou solteiro de novo, agora com uma boa aposentadoria, mais velho mas continuava dando em cima de mulheres mais jovens.
A cobrança era intensa e ele teve que implantar uma prótese peniana pra conta do recado.
– E é legal Zé, esse negócio prótese?
– Sim. Ajuda muito na relação, mas o melhor mesmo é o original.
Zé, com 85 anos, estava no Iate Clube, numa tarde dessas com Sininha, 40 anos, enxuta, linda, com uma bermuda curtíssima deixando as belas coxas morenas com pelos dourados, da praia e os cabelos cacheados soltos ao vento do Rio Potengi.
Zé, tomando seu uísque preferido: Jack Daniels e ela tomando Cuba libre, feliz da vida.
Perguntei ao Zé, em quem ele se inspirou pra viver daquele jeito.
– Lavoisier Maia.
Jaécio Carlos – Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para Youtube
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