No primeiro caso, cabe aos pais e educadores mostrar aos jovens e crianças o que pode e o que não pode ser permitido. chamamos esta atitude de determinação dos limites. O grau de violência vai depender muitas vezes do esforço contínuo para educar o subconsciente na tentativa de que ao ser aflorado o desejo de violência, ele possa vir da forma mais branda possível.
Para aquele segmento da população que vive privado da liberdade este limite já pode ter sido ultrapassado pelo menos uma vez, e na maioria das vezes poderá ser repetido sem nenhuma sensação de culpa.
Induzir este grupo ao retorno do controle de seus atos pode ser muito mais complexo do que se imagina. Uma tarefa que poderá exigir muito mais ações nas áreas de psicologia e serviço social do que policial. Mas, infelizmente, no Brasil de hoje este último segmento da sociedade organizada é que tem sido instado a resolver os problemas.
Entretanto, apesar da mudança na formação de nossos policiais, envolvendo muito mais o respeito aos direitos humanos e o lado humanístico, a tentativa de reorientação quando feita pela polícia acaba gerando mais violência.
O marginal ao se deparar com a volta a ilegalidade e a repressão correspondente decide que vai responder com o mesmo grau ou maior intensidade a violência recebida. É a lei do salve-se quem puder.
Tratar essas ações de forma puramente romancista acaba gerando mais sentimento de revolta contra o segmento marginalizado ou contra aqueles que tentam resolver o problema, muitas vezes pondo em risco sua própria vida. Atribuir culpa ou falar mal da estrutura atual pode ser bonito e demonstrar percepção aguçada, mas esta longe de ser uma ação positiva para a mudança tão desejada pela sociedade.
Então, como sociedade organizada, o que temos feito para controlar essa situação?
Propagar mais violência nos programas policiais ou páginas da imprensa escrita?
Estimular as desigualdades nas propagandas cada vez mais veiculadas de novos produtos?
Estimular as desigualdades entre os segmentos da sociedade?
Deixar nossos jovens em formação expostos aos desejos mais fortes e cada vez mais ampliados?
Precisamos buscar essas respostas o mais breve possível e, de uma vez por todas, pararmos para discutir o que devemos fazer para resolver os problemas. Afinal de contas, as prisões refletem o que a sociedade é.
Eliéser Girão Monteiro Filho
General da Reserva
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