“Mais difícil que explicar a corrupção de políticos, é explicar porque militantes e simpatizantes aceitam a corrupção” (Senador Cristovam Buarque)

No patropi, o modelo de sociedade pautada por um Estado patrimonialista está em crise. Não apenas pela ação dos políticos larápios e dos empresários cooptados por eles. O nosso modelo sócio- político-eleitoral entrou em parafuso por falta de sustentação axiológica, pela falência dos valores. 

Pior: a crise vem de baixo, da grande massa das famílias. Isso ficou evidente em pesquisa recente efetuada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – http://www.oecd.org/

Essa lamentável realidade tem sua origem no decadente “modelo” educacional que temos mantido há décadas, com a conivência de professores e familiares das crianças e adolescentes, supostamente, responsáveis pelo futuro da nação brasileira.

A crise vivida pelo ensino nos seus níveis primário e secundário se estende também às universidades. Antigas ilhas de excelência, como a Universidade de São Paulo (USP), têm assistido a cenas de vandalismo e de perturbação da ordem, em intermináveis greves de caráter político, com destruição do patrimônio, consumo de tóxicos e desrespeito à sociedade.

Tudo isso estendeu-se pelo Brasil afora e reforça a convicção de que o nosso país perdeu o rumo.

Mas as coisas não param por aí. É necessário, também, reformular as nossas instituições, a fim de que o Estado passe a servir à sociedade, e não continue a ser o balcão de negócios gerido por espertalhões que privatizaram o governo em benefício próprio.

Denise D’Aurea-Tardeli, no livro “Crise de valores ou valores em crise?”, Capítulo 3, pontua que se está vivendo uma “crise de valores” nas relações pelas alterações estruturais em que vínculos comunitários estão sendo substituídos para o mundo impessoal do mercado.

Estamos deixando de ser cidadãos para sermos apenas consumidores.

Portanto, mais do que nunca, há a necessidade que a escola, a família e a mídia atuem na formação ética e de personalidade das crianças e adolescentes, incentivando-os a manterem projetos solidários que tenham como principal perspectiva o trato com respeito, responsável e solidário nas suas relações interpessoais.

Ingenuamente, talvez, ainda acho que são necessárias reformas estruturais – no pensamento hegemônico – que alterem a cultura do ter para uma cultura do ser, a fim de que seja elevado o nível moral da sociedade.

É urgente o aprofundamento de um amplo debate nacional sobre a importância da escola e dos professores na educação lato sensu, no desenvolvimento e difusão de valores éticos.

Educar não é (repito, não é) apenas um processo de instrução, para ensinar/aprender gramática, aritmética, biologia, física, química, geografia e história; é sobretudo a construção de uma sociedade cidadã.

A partir das relações professor-aluno, livros didáticos, avaliações, atividades pedagógicas, cultura, esportes e inovações tecnológicas, a escola deve possuir compromisso com processos que estimulem a autonomia, respeito a si mesmo, trabalho em equipe, solidariedade aos demais e à Natureza; trabalhar pela Paz, Justiça, Honestidade e igualdade pluricultural; formar cidadãos, enfim.

Do ponto de vista político, urge colocar sobre o tapete soluções na reformulação das nossas relações políticas, que enveredaram por esse caminho de privatização (aparelhamento) do Estado por grupos organizados (em partidos e quadrilhas), como se o único objetivo da política fosse roubar e beneficiar amigos e apaniguados.

Em segundo lugar, a reforma política deve contemplar a punição exemplar daqueles que puseram as instituições do Estado a serviço de políticas populistas demagógicas (ou inescrupulosas) que terminaram esvaziando os cofres públicos, em detrimento da realização de investimentos indispensáveis ao desenvolvimento. O prejuízo que a atual elite no poder está causando ao Brasil é incalculável.

O PT e a presidente estão identificados com o atual cenário de deterioração econômica e escândalos de corrupção. Some-se a isso um nível de popularidade em baixa e; pra piorar, Dilma não controla a Câmara nem o Senado e, com o orçamento impositivo, perdeu também uma importante moeda de troca.

No dizer do professor Marcus Melo, é uma “tempestade perfeita”.

Termino lembrando a lei proposta pelo historiador Capistrano de Abreu: “Artigo 1º – Todo brasileiro deve ter vergonha na cara. Parágrafo único: Revogam-se as disposições em contrário”.

Pergunto eu: todos já se corromperam, ou ainda tem alguém com “vergonha na cara”?

 Rinaldo Barros – professor – rb@opiniaopolitica.com

Ponto de Vista

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