Dois apelos ao trabalho, ambos sustentados pela tradição de cada candidata, funcionam como ícones gladiadores no campo do marketing político na disputa pela vaga de senadora e travada na propaganda por Wilma de Faria e Fátima Bezerra. O discurso wilmista consagra seu velho slogan quando foi governadora – ‘Wilma trabalha’. E em Fátima basta ser do PT para justificar plenamente a coerência. Resta saber qual a diferença básica entre um e outro argumento, e qual deles prevalecerá.

A ideia de trabalho na propaganda da candidata Fátima Bezerra está embutida no seu slogan – ‘Para fazer muito mais’, na medida em que não é possível fazer, e muito menos fazer muito mais, sem trabalho. E não há como negar: Fátima tem sido vigilante e eficiente na busca dos recursos que possam vir para o Estado e soube emplacar a luta para trazer os institutos federais para o Rio Grande do Norte, uma verdadeira revolução no ensino profissionalizante e superior na região do Nordeste.

E com um detalhe: os institutos chegam às diversas regiões do Estado depois de um longo período de ineficácia da educação pública municipal e estadual. A presença deles representa a única marca de qualidade, renovação e avanço na educação rural pública, além de centros geradores de carreira profissional para professores e de formação em terceiro grau. De outra forma os alunos não teriam como continuar os estudos, até pelo fracasso da educação técnica e profissionalizante estadual.

Na contraposição, o trabalho também fixa o peso retórico da campanha wilmista: ‘É muito mais trabalho’. Um juízo de valor que não lhe é estranho. Pelo contrário: faz parte de sua história na Prefeitura de Natal, em três mandatos; e nos dois períodos de governo. As raízes mais remotas de sua capacidade estão fixadas na sua condição de ‘guerreira’ a sintetizar sua capacidade de luta e depois se estende em diluições como ‘ela sabe trabalhar’, ela ‘trabalha, trabalha, trabalha’ e sempre para todos.

Wilma exerceu o poder executivo fortemente nos três mandatos de prefeita e nos dois de governadora. Realizou um vasto elenco de obras, aliado à sua tradição de priorizar as obras sociais antes mesmo do fenômeno Lula, ainda no primeiro governo de José Agripino Maia, quando foi sua secretária do trabalho e ação social. Candidatou-se a prefeita de Natal, perdeu para Garibaldi Filho, mas dois anos depois foi eleita deputada constituinte onde mereceu nota 10 por sua boa atuação.

As primeiras pesquisas mostram: o eleitor reconhece o trabalho como característica autêntica das duas candidatas, uma petista e outra aliada do PT. Mas também a forte tradição de Wilma, testada na prática e consagrada por suas gestões com ampla aprovação popular, é uma diferença. Mas, será uma vantagem submetida ao calor da luta durante os 45 dias da propaganda eleitoral na tevê, com seus comícios eletrônicos, e onde uma, certamente, não terá como cobrar pureza ideológica da outra?

 Vicente Serejo – Jornalista e Escritor

Ponto de Vista

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