SEU OLHAR – Carlos Alberto

SEU OLHAR –

Mudou.

 Assim como em “Ensaio sobre a cegueira” de José Saramago.

Antes, o brilho cintilava de amor, de desejo, de esperança, de alegrias e dificuldades em comum.

Obscureceu.

A causa parece única, mas se deixada formalizar-se em palavras, ditas sem mágoas, certamente parte deste brilho desgastado pelo rancor, seria catalogado como orgulho.

Não o orgulho devastador, mas aquele que vai se acumulando pelo confronto silencioso, que vai encapando o coração e, tornando-o amargo.

Seu olhar vê, mas já não enxerga que ali está parte do caminho que foi percorrido de mãos dadas. Um mesmo caminho sob um mesmo teto. Hoje se distinguem dois caminhos. O “nosso”, foi substituído pelo “meu” e pelo “seu”.

E por não se mostrar mais uno, se cruzam e se esbarram, como sendo a mais prática maneira de resolver divergências não harmonizadas pelo tempo.

Nesse entorno, vai se instalando uma atmosfera de indiferença, que como uma névoa, opaca a visão um do outro.

O abismo está logo à frente.

Urge que se recupere a visão.

Sem ela, cada um carregará o cesto de culpas imaginárias e não conseguirá mover a capa sombria impregnada em seu ser.

Quedar-se em reflexão pode ser cirurgicamente necessário, para limpar a catarata da amargura.

Sentar-se em “solidão” e perguntar a si:

O seu olhar melhora o meu?

O seu abraço acolhe o meu?

O seu sorriso alegra o meu?

Os seus passos conduzem os meus?

A sua taça é meu embriagar?

Se essa “análise” não for tão traumática ao ego, é possível sim, que o limpador do para-brisa do perdão e do reconhecimento vá, naquele vai e vem, deixando antever o caminho que ainda resta para seguir juntos e desarmados de inutilidades, que pesam no trajeto da vida.

Mas, se nem esse “raspar” consegue ampliar a visão do outro como algo sublime do compartilhar sentimentos e amor, é hora de marcar uma consulta particular com Deus.

Ele, com certeza, indicará o remédio “Amai-vos uns aos outros assim como eu vos amei” e, mesmo tomando de gota em gota, o efeito será pelo bem de ambos.

Lembra quando cantávamos,

Este seu olhar quando encontra o meu / Fala de umas coisas / Que eu não posso acreditar / Doce é sonhar, é pensar que você / Gosta de mim, como eu de você. (Tom Jobim).

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil e Consultor (josuacosta@uol.com.br)

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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