SERENA SAUDADE – Alberto Rostand Lanverly

SERENA SAUDADE –

Durante toda a vida beijo sempre representou muito em nosso relacionamento. Os que me ofertava eram para mim o melhor sentimento em tudo, pois ensejavam apoio, confiança e altruísmo, por outro lado aqueles que lhe oferecia externavam a minha alegria em ser seu filho, exceto em uma ocasião, justo a última, no pior e mais triste momento de nosso convívio, acontecido quando da sua morte.

Ao longo da minha existência, recordo que quando lhe oferecia um beijo, sentia como se estivesse ascendendo ao firmamento, devido ao tanto de amor presente em tal gesto, porém quando tal ato aconteceu pela derradeira vez, vendo-a sem vida em meus braços, meu coração partiu-se em pedaço. Beijos extremos, milhares de doces prêmios e um que representou imenso castigo.

Durante os últimos tempos, por mais que a amargura tenha sido afastada, a falta que sinto de você nunca deixará de ser eterna. O simbólico luto pode ter encerrado, mas não haverá um único dia sem lembra-la.

Saiba que continuo vivendo e preservando o amor dos que verdadeiramente me querem, e mesmo sem você para me orientar, neste período escrevi um livro cujo título “Mãe”, já impresso e armazenado em minha biblioteca, deverá ser apresentado ao público logo que pudermos reunir as pessoas que tanto lhe admiravam. São trezentos e quarenta e cinco páginas de puro carinho, nas quais disseco a sua importância como ser humano.

E por falar do livro “Mãe”, refleti o que seria do meu mundo sem a sua perfeição. Não existem flores sem jardins, mel sem a abelha, noite sem estrelas, o mar sem as ondas, litoral sem coqueirais. Impossível então imaginar a minha vida sem a sua beleza. Como esquecer que no seu olhar enxergava a força, nos seus sorrisos a esperança, nos seus braços a alegria de ser a sua eterna criança e nos seus abraços a coragem para ousar sempre, com seriedade e respeito ao próximo.

Minha querida, ultimamente quis encontra-la em outro beijo, tentei ver o brilho de seus olhos em diferente semblante, cheguei mesmo a sentir o odor do seu perfume predileto, “lavanda inglesa”, mas não tê-la ao meu lado, cada vez mais lacerava o meu coração, fazendo aumentar o amor que sinto por você.

O tempo passou e hoje vivencio o primeiro dia das mães sem sua presença para me encantar com o seu sorriso, delicadeza e afagos.

Enquanto você viveu, cultivou à sua volta tanto carinho, bondade e doçura que nem mil vidas poderão apagar a marca que me deixou, sendo eu não somente parte dessa estrutura, porém o pedaço mais orgulhoso. Sinto muito a sua falta, do seu colo, das suas palavras sábias, sua ternura e amparo.

Hoje a tortura sua perda virou serena saudade, uma saudade que sei, será eterna pois a dor de perde-la jamais deixará o meu peito, portanto posso lhe assegurar que passados oito meses da sua ausência, aprendi a conviver com o que antes chamava de sofrimento.

Com este texto oferecido a minha mãe Marlene, em seu dia, beijo o coração de todas a genitoras que agora me leem, especialmente Ana Lanverly minha esposa.

 

 

 

 

Alberto Rostand Lanverly – Presidente da Academia Alagoana de Letras e filho de Marlene Lanverly

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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