Em sua carta de demissão, protocolada nesta quinta-feira (24), Sandro disse ser inocente e justificou o pedido de desligamento do cargo para preservar o trabalho da Guarda Municipal.
Na semana passada, o prefeito Guto Volpi (PL) chegou a dizer que acreditava na inocência dele e que o manteria no cargo.
Dias depois, a prefeitura fez uma mudança no comando da GCM: o inspetor-chefe, terceiro maior cargo na hierarquia na corporação, foi afastado. Filipe Murilo Silva ocupava o cargo desde abril de 2024 e foi substituído pelo guarda civil Fernando Belchior Dias, que já foi subcomandante da guarda.
A Prefeitura de Ribeirão Pires informou que, com o desligamento de Torres, quem assume a pasta agora é Arlei Capoccio, que é guarda civil desde o final de 2022.
O crime de furto de mercadorias em açougues aconteceu em junho de 2018 — à época, Sandro era subcomandante da Guarda Civil Municipal de Ribeirão. (Leia mais abaixo.)
Além dele, Gutembergue Martins Silva (inspetor-chefe da GCM na ocasião) e o ajudante geral Marcelo Cruz Dallavali foram condenados pelo mesmo crime. A Justiça ainda decretou a perda dos cargos públicos de Sandro e Gutembergue. Os acusados tentam reverter a decisão no Superior Tribunal de Justiça.
Segundo denúncia do Ministério Público, os furtos nos açougues, que aconteceram na madrugada de 18 de junho de 2018, foram quase em sequência.
Num intervalo de poucos minutos, os acusados levaram quase 60 kg de carne e R$ 28 mil dos açougues Izzo e Parati, que ficam a cerca de 300 metros um do outro, no Centro da cidade.
Do primeiro, foram levados 15 kg de picanha, 10 kg de contrafilé black, 12 kg de alcatra, R$ 8 mil em espécie e um cofre. Do segundo, foram 20 kg de carne bovina, R$ 20 mil em espécie, cheques, câmeras de vigilância, DVD do circuito de monitoramento e roteadores.
As investigações apontaram que os crimes foram planejados. Pouco antes, as câmeras de segurança tinham sido redirecionadas propositalmente para não enquadrar os açougues.
Nesse meio tempo, uma denúncia anônima falsa foi feita para que os efetivos da GCM e da Polícia Militar se deslocassem para longe do Centro, facilitando o crime.
Uma das testemunhas protegidas no processo disse que, ao retornar do descanso, percebeu que algumas câmeras estavam fora de posição e as recolocou no enquadramento original, tempo suficiente para flagrar Sandro, Gutembergue e Marcelo dividindo as mercadorias furtadas.
Nos registros, é possível ver que alguns carros circulam na região dos furtos — essas imagens foram essenciais para a identificação dos acusados.
Para o MP, os guardas civis integravam uma milícia particular que atuou ao menos entre os anos de 2019 e 2023, praticando furtos e extorsões no município.
A denúncia indica a participação de cinco GCMs como membros dessa milícia — um deles seria Sandro Amante, que nega as acusações e diz que foram crimes inventados.
Outro integrante seria Gutembergue Martins Silva, que é guarda civil na cidade e, mesmo afastado de suas atividades, segue recebendo salário.
Ambos foram condenados por furtar R$ 28 mil e 57 kg de carne em dois açougues do município.
O documento do MP aponta que os guardas denunciados usavam o conhecimento e a estrutura da Guarda Civil Municipal para encobrir e facilitar crimes.
Em algumas das ações, eles mudaram a posição de câmeras de vigilância da prefeitura para evitar que fossem flagrados.
Em depoimento ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), testemunhas protegidas relataram que os agentes ofereciam serviços de segurança para comerciantes locais para que não fossem vítimas do próprio grupo.
O MP também aponta que denunciantes apresentaram provas que ligam Sandro Torres “a outros delitos, como corrupção passiva decorrente de recebimento de propina de traficantes”.
Embora a Justiça não tenha aceitado a denúncia por milícia, as investigações relativas a esses e outros crimes continuam.
O g1 e a TV Globo ouviram duas pessoas que conhecem o funcionamento da guarda e decidiram denunciar a forma como a corporação vinha sendo conduzida e liderada. Por medo de represálias, elas preferiram não se identificar.
De acordo com elas, parte da corporação é corrompida e age apenas por interesse próprio, deixando a segurança da cidade em segundo plano.
“Eles criam a dificuldade para vender a facilidade. De que forma? Seu comércio, sua residência é furtado e você faz o boletim de ocorrência. Sabendo disso, ele [Sandro], até porque participa dos crimes, vai até esse local e oferece serviços [de segurança privada]. Você está fragilizado e acaba aceitando”, relatou uma das pessoas.
Para o procurador do MP Nadir de Campos Júnior, essa é, de fato, uma das estratégias do grupo:
“Me parece bem claro isso. A tática era criar dificuldades para vender facilidades, ou seja, a população, atemorizada com esses crimes praticados […], precisa da prestação do serviço de segurança, e me parece que aumentava-se, inclusive, o valor para a prestação desses serviços”.
Em conversa com a reportagem, umas das denunciantes relatou que já presenciou, inclusive, uma viatura da ROMU — agrupamento especial da GCM na cidade — “pegando dinheiro do tráfico de droga, soltando traficante, extorquindo comerciante para que pague pelo serviço de monitoramento da empresa e negociando valores de propina”.
Na semana passada, a TV Globo e o g1 foram falar com Sandro, que afirmou ser inocente dos crimes. Ele argumentou ainda não existi qualquer tipo de evidência da venda de segurança privada na cidade.
O prefeito, Gustavo Volpi (PL), não recebeu a equipe de reportagem na semana passada.
Também na semana passada, a prefeitura respondeu, por meio de nota, que não foi notificada sobre a condenação de Sandro. Sobre o GCM Gutembergue, disse que houve ordem judicial para afastamento das funções na Guarda Civil Municipal, sem prejuízo de vencimentos.
Fonte: G1
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