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Relatório aponta indícios de escravidão moderna na construção dos estádios da Copa no Catar

Vista do Estádio Nacional de Lusail, uma das sedes da Copa do Mundo do Catar, no dia 5 de novembro de 2022 — Foto: Kirill Kudryavtsev/AFP

Trabalhadores estrangeiros que construíram os estádios da Copa do Mundo do Catar trabalharam sob condições severas e foram submetidos a discriminação, roubo de salários e outros abusos, são as conclusões de um relatório divulgado nesta quinta-feira (10).

O documento de 75 páginas do Equidem, um grupo com sede em Londres que tem como objetivo expor casos de injustiça humana em todo o mundo, foi divulgado dias antes do início do maior evento esportivo do mundo, quando se espera que mais de 1,2 milhão de fãs passem pelo Catar.

Namrata Raju, diretora da Equidem na Índia e pesquisadora principal do relatório, disse que os fãs precisam saber como a infraestrutura para o evento foi construída.

“Os estádios em que estão sentados foram construídos por trabalhadores, muitos dos quais estavam em condições do que chamamos de trabalho forçado ou outras formas de escravidão moderna”, disse Raju.

Sob forte escrutínio internacional, o Catar promulgou várias reformas trabalhistas nos últimos anos que foram elogiadas pelo Equidem e outros grupos de direitos. No entanto, os defensores dizem que os abusos ainda são generalizados e que os trabalhadores têm pouca, ou nenhuma, chance de reparação.

“Infelizmente, vemos lacunas muito consideráveis entre o que eles dizem ter mudado na lei e na política e o que acontece na prática”, disse Raju.

Autoridades do Catar acusam os críticos de ignorar as reformas e aplicar padrões duplos à primeira nação árabe e muçulmana a sediar o torneio.

Equidem diz que entrevistou 60 trabalhadores durante um período de dois anos, que estavam diretamente envolvidos nas construções dos estádios. Todos eles falaram com o grupo sob condição de anonimato, temendo retaliação.

Os trabalhadores falaram sobre taxas ilegais de recrutamento que os deixavam profundamente endividados antes mesmo de começarem, longas horas de trabalho sob condições severas, discriminação baseada em nacionalidade, na qual o trabalho mais perigoso era reservado para africanos e sul-asiáticos, salários não pagos e violência verbal e física.

O Catar proíbe o trabalhador estrangeiro de formar sindicatos, fazer greves ou protestar, e os trabalhadores disseram temer retaliação, incluindo perder o emprego ou ser deportado, se eles reclamassem.

“O medo da represália é extremamente alto”, disse Raju.

Os trabalhadores estrangeiros compõem a grande maioria da população do Catar e cerca de 95% de sua força de trabalho.

Eles construíram uma infraestrutura extensiva em velocidade vertiginosa desde que o Catar ganhou os direitos de hospedagem em 2010, incluindo os estádios, um sistema de metrô de alta velocidade, rodovias hotéis.

Eles também servirão refeições, limparão quartos e varrerão as ruas durante o mês da Copa do Mundo.

Os trabalhadores da construção civil vêm principalmente de países pobres da Ásia e da África Subsaariana.

Eles normalmente vivem em quartos compartilhados em campos de trabalho e passam anos sem voltar para casa ou ver suas famílias.

As autoridades do Catar alegam terem tomado uma série de medidas para remediar a situação, incluindo a promulgação de um salário mínimo, limitação na escala de trabalho quando as temperaturas sobem e a criação de um fundo para compensar os trabalhadores pelo roubo de salários e outros abusos.

Fonte: G1

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