A QUESTÃO ENERGÉTICA E A CRISE HÍDRICA –
Nada mais preocupante do que os rumos que levam a esse pior dos cenários humanos: a escassez de água potável.
As chuvas que caem no Rio Grande do Norte não melhoram a perspectiva da crise que se instala. Notícias recentes revelam que dos 47 reservatórios monitorados pelo Instituto de Gestão das Águas do RN (IGARN) – informe do mês de julho – dezenove deles permaneciam em volume morto e, dez, vazios. Em outras palavras, 29 açudes contabilizados em colapso hídrico. E neste mês que se inicia o cenário não se altera. Embora se anunciem chuvas espaçadas, ao que parece, elas não estão precipitando onde se tem esperado. Se referirmos aos dois maiores reservatórios potiguares, tanto a barragem Armando Ribeiro Gonçalves, no Vale do Açu, quanto a de Santa Cruz do Apodi contam em torno de 20% de sua capacidade hídrica. Ainda há que se louvar o trabalho diuturno dos fiscais do IGARN para que não haja subtração irregular de água dos reservatórios.
Boa saída a prevista obra do reservatório de Oiticica, para conter a cheia do rio Piranhas-Açu, que servirá além de projetos de irrigação irá reforçar abastecimento da região do Seridó. Obra a ser custeada pelo Ministério da Integração Social.
Por outro lado outra notícia serve de alento, a captação de energia eólica cresce no Rio Grande do Norte. Dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), do mês de junho, revela que a produção de energia eólica em operação comercial no Sistema Interligado Nacional (SIN), ao longo dos primeiros quatro meses deste ano, foi 30% superior à geração no mesmo período do ano de 2016, no Brasil. No Rio Grande do Norte, que lidera entre os estados do país, o avanço foi de 39% no período. Entre as vantagens da energia eólica, além de abrandar a necessidade do viés energético na demanda pela água, é fonte inesgotável, que não emite gases polentes nem gera resíduos, e diminui a emissão de gases de efeito estufa. Um privilégio para o Rio Grande do Norte obter esses resultados no campo energético, que servem de modelo científico para o país.
Esclarecendo melhor, a energia eólica é a energia obtida pela ação do vento, ou seja, por meio da utilização da energia cinética gerada pelas correntes aéreas. E a origem do nome? Como o termo vento vem da palavra latina aeolicus, relativo à Eolo, deus dos ventos na mitologia grega, nessa ótica, relativo ao vento. A energia eólica tem sido utilizada desde a Antiguidade para mover barcos movidos por velas ou operação de máquinas para movimentação das suas fábricas de pás. É uma espécie de energia verde. Ainda na acepção técnica, a energia eólica está associada ao movimento das massas de ar que se movem a partir de zonas de alta pressão do ar para zonas adjacentes de baixa pressão, com velocidades proporcionais a gradiente de pressão.
Voltando à crise hídrica, se investimentos em energia eólica trazem benefícios, e resultados positivos transparecem, o trato da questão dos reservatórios d’água preocupa, e só nos resta torcer e rezar por um novo e farto período de chuvas; e que precipitem nos lugares adequados desta vez.
Luiz Serra – Professor e escritor
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