PULANDO A FOGUEIRA DE SÃO JOÃO – Renato Cunha Lima

PULANDO A FOGUEIRA DE SÃO JOÃO –

Na véspera dos festejos juninos especula-se que será votada a reforma da previdência no plenário da câmara dos deputados ainda em junho, não será, apesar de todos os governadores e prefeitos estarem literalmente rezando para Santo Antônio, São João, São Pedro e até para São José fazer chover sabedoria nos deputados brasileiros.

De forma diferente e com sugestões de alterações à proposta originária, os nove governadores do Nordeste sabem que sem a reforma a crise fiscal que assola os estados da região irá agravar, asfixiando ainda mais os serviços públicos e as contas públicas, sobretudo aqueles que já atravessam atrasos de salários e acúmulo de dívidas com fornecedores.

Por sua vez nenhum deputado nordestino vai querer aprovar nada que seja impopular para seus eleitores e depois comer canjica azeda, levar estampido de track no pé do ouvido e ficar com cara de pamonha com gente criticando e lamuriando queixas nas quermesses e arraiais interior e sertão a fora.

A previdência para maioria dos municípios nordestinos é a grande fonte de renda das pessoas, seguido dos programas sociais e dos poderes públicos ali presentes, uma realidade que é sentida pela quase total ausência de atividade econômica em grande parte da região, sobretudo no semiárido, uma triste realidade que deixa a população angustiada toda vez que se fala em qualquer mudança na fonte de subsistência de milhões de pessoas.

Por isso fundamental que se preserve os diretos do trabalhador rural, tanto para o acesso a previdência, como na idade mínima para a aposentadoria, o quem me parece já ser um consenso entre deputados governistas e da oposição.

No ritmo do xaxado e sem desafinar, o resumo da ópera é claro e não cabe na cantilena ideológica de esquerda e direta, que deixa arretado qualquer cristão, ainda mais quando a questão é substancialmente matemática, como quem dança o forró pé de serra, com dois passos para lá e dois passos para cá.

O rombo previdenciário é uma realidade, tanto no INSS diante da diminuição da natalidade do brasileiro e o aumento da expectativa de vida, de fato não nasce mais menino como antigamente e hoje se vive mais.

Agora a bronca está no regime geral dos servidores públicos, aí o bicho pega, tem Estado como o Rio Grande do Norte com mais servidor aposentado, que servidor trabalhando e isso não é como dançar quadrilha, onde cada um tem seu par para o anarriê e o alavantú, para ter um balancê de verdade na previdência pública seria preciso quatro servidores na ativa, para cada servidor inativo e hoje pasme, a previdência potiguar tem 52 mil inativos e pensionistas, para apenas 51 mil servidores na ativa, gerando um rombo mensal de 130 milhões de reais, dá pra tu?

Tanto que na previdência pública estão as fundamentais alterações e pontos da proposta da reforma da previdência, mudanças que atinge sobretudo a elite do funcionalismo público, como juizes, promotores, delegados, auditores e outros, além de atingir também os políticos, onde todos passarão a ter o mesmo teto do INSS para suas aposentadorias, e é bom arregalar bem os olhos neste ponto.

Por tudo isso, eu confesso e já fiz até promessa para os santos juninos, assim como sei que governadores e prefeitos acenderam velas, mesmo que alguns não admitam, para que independentemente de aprovarem agora em junho ou em julho, que de fato seja aprovada a reforma e que o País pule essa fogueira e volte a andar, com a fé que não costuma falhar.

 

Renato Cunha Lima – Administrador de Empresas

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